Seminário: 40 milhões de vagas esperam trabalhadores em todo o mundo

por Tatiane Souza última modificação 02/09/2022 12h34
01/09/2022 - Como atrair e manter os talentos nas organizações foi um dos temas trabalhados na tarde de quinta-feira, 1, durante a 4ª edição do Seminário de Desenvolvimento Econômico de Novo Hamburgo. O painel foi mediado pelo professor Doutor Luis Alexandre Cerveira, coordenador do Núcleo de Estudos sobre Diversidade da Faculdade IENH. Já as palestras sobre o tema ficaram por conta da gerente corporativa de Desenvolvimento Humano e Organizacional do Swan Hotéis, Veridiana de Souza, e do vice-presidente de inovação da ACI NH/CB/EV e presidente da Cigam, Robinson Klein. “Temos 40 milhões de vagas disponíveis no mundo. Até 2025, serão 800 milhões de vagas não preenchidas no mundo”, destacou Klein.
Seminário: 40 milhões de vagas esperam trabalhadores em todo o mundo

Foto: Daniele Souza/CMNH

Veridiana reforçou que mesmo trabalhando em hotelaria e não na indústria também encontra bastante dificuldades em recrutar talentos, principalmente neste pós-pandemia. Segundo a pesquisa de Tendências em Gestão de Pessoas 2022, realizada pela ISK Consultoria Organizacional, das 74% das empresas com expectativa de crescimento para 2022, 84% apresentam dificuldades de encontrar candidatos qualificados. E o Brasil está em 9º lugar no ranking mundial de falta de mão de obra qualificada neste ano. “É um cenário ruim e que vem piorando”, complementou a palestrante. 

Outro dado divulgado na coluna de Empregos e Carreiras da Uol, em junho/2022, estudo realizado pela consultoria de Recursos Humanos ManpowerGroup, ratifica essa realidade. Oitenta e um por cento dos empregadores disseram enfrentar dificuldade para encontrar trabalhadores com a qualificação necessária. O índice subiu em relação ao estudo do ano passado, 71%, e é maior que a média global de 75%. A palestrante destaca que os setores mais afetados com a falta de mão de obra qualificada são bancos e finanças, seguidos das áreas de tecnologia, indústria, educação, atacado e varejo, construção, restaurante e hotelaria. “Os números nos assustam e não nos deixam felizes quando olhamos para o futuro”, disse. 

Em julho de 2022, uma reportagem publicada no site RH para você, informou que de julho de 2021 até junho 2022, o Brasil teve recorde de pedidos de demissão. Do total de 18,7 milhões de desligamentos, mais de 6,1 milhões foram voluntários. “Há uma expectativa de que, até o início de 2023, o número de vagas de emprego seja superior ao número de candidatos. Muitos, segundo os dados, se sentem no conforto de recusar ofertas de vagas para aguardar a proposta ideal”, afirmou.

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Mudança no cenário 

A gerente corporativa de Desenvolvimento Humano e Organizacional do Swan Hotéis afirmou que houve muitas mudanças de cenário em relação ao trabalho. Segundo Veridiana, o mundo mudou, o mercado de trabalho mudou, as pessoas mudaram. Como se preparar agora para isso? Estamos perdemos profissionais bem remunerados que saem de um lugar que ganham mais, para fazer uma coisa que gostam mais. Remuneração é importante, sim, mas não é mais determinante. Hoje os trabalhadores querem muito mais saber por que estão fazendo as coisas e o que querem com isso, qual o propósito da atividade. A sensação de fazer parte de algo maior ganhou espaço. Despertar nas pessoas essa noção de quanto são importantes e envolvê-las nas decisões da empresa, dando autonomia, compartilhando resultados e planos é fundamental. As pessoas gostam de ser desafiadas”, revelou. Outro fator que ajuda uma empresa a atrair e reter talentos é saber e entender como funciona e como são implementados os critérios de promoção e crescimento. 

A painelista também explicou que fortalecer a marca empregadora sempre foi importante, mas devido ao desafio de encontrar trabalhadores capacitados, não é mais uma mera recomendação. Com tantas ofertas, os candidatos estão mais seletivos. Por isso, ouvir os colaboradores, planejar, entender o mercado de trabalho e ver as tendências é fundamental. Veridiana ainda elucidou que as pesquisas internas geram mais motivação no trabalho. 

Neste sentido, o mediador professor Luis Alexandre Cerveira salientou que educação executiva é quando a própria empresa faz a tarefa de ouvir as pessoas. Ele destacou que saber montar uma pesquisa adequadamente é o mais importante deste processo, para que as respostas necessárias sejam realmente obtidas. “Eu sou um defensor da implantação de processos no ambiente de trabalho. Temos de nos preocupar menos em resolver conflitos e mais em como podemos evitá-los”, mencionou. 

Para terminar a explanação, Veridiana trouxe a pesquisa Future Fórum, da Slack. Segundo ela, 76% dos trabalhadores buscam flexibilidade no trabalho, 93% desejam flexibilidade no horário de trabalho e 56% estão abertos a oportunidades de emprego que ofereçam essa flexibilidade. Os trabalhadores também estão em busca de oportunidades de crescimento financeiro, desenvolvimento de competências, técnicas e agentes comportamentais. 

Já é passada a hora de as empresas investirem nas pessoas denominadas ‘fora do padrão: pardas, Pcds, pretas, mulheres, com orientação sexual que não seja hetero. As que já abriram a mente conquistaram grandes talentos”, concluiu Cerveira.

Vice-presidente de inovação da ACI NH/CB/EV e presidente da Cigam, Robinson Klein, trouxe mais informações sobre a empresa que dirige, mencionando que são objetivos fundamentais impulsionar o sucesso dos negócios e das pessoas. Só em Novo Hamburgo, somos cerca de 400 pessoas, no Rio Grande do Sul, umas 550 pessoas e as outras distribuídas por todo o Brasil, em um total de 1000 colaboradores. 

Empresas são feitas por pessoas e acreditamos nelas como protagonistas de toda a mudança. Por isso que colocamos o seu sucesso no centro dos negócios. Atuamos como agente da transformação digital, levando inovação, tecnologia, gestão e informação para todo o ecossistema empresarial”, elencou. Segundo Klein, as ferramentas da transformação digital da Cigam foram construídas para direcionar a jornada das empresas pelos quatro pilares da transformação de acordo com a sua maturidade, facilitando a sua evolução através dos horizontes da inovação: resultado, expansão e disrupção.A gente vive em um mundo em plena transformação. Atualmente, existem 40 milhões de vagas abertas no mundo. No Brasil, só na área da TI, são 200 mil posições, e no RS, 6 mil. A notícia vai piorar, em três anos o deficit vai chegar a 800 mil vagas, e até 2025, serão 800 milhões de vagas não preenchidas no mundo. Temos um trabalho muito forte de formação e estímulo. Eu sou um entusiasta da inovação. É chegada a hora de buscar uma carreira, estudar e se profissionalizar. Precisamos entender o cenário atual. Tem oportunidades, mas tem muitos profissionais que não querem mais atuar em determinadas funções. O mundo inteiro está trabalhando para aumentar o nível de automação em todos os processos, em todas as áreas – hiperautomação, porque não tem mão de obra para complementar o cenário, a escolha entre profissional e empresa tem de ser mútua, um casamento. As chances de crescer na carreira é muito maior”, explicou. 

Como impulsionar o sucesso das pessoas e reter talentos? 

Conforme o painelista, o sucesso dos clientes é reflexo da satisfação da equipe e todo este trabalho tem sido reconhecido pelos colaboradores e pelo GPTW (25 vezes premiados como uma das melhores empresas para trabalhar desde 2008). "Quem faz esse ambiente saudável, de cooperação colaborativa, além do RH, é o material humano. Somos também a melhor empresa para trabalhar em Novo Hamburgo." 

Para reter os talentos, a Cigam foca também em cuidado e qualidade de vida. Horário flexível (facilidade para conciliar carreira e vida pessoal); Home Office (possibilidade de trabalhar no conforto do lar); Café com o RH (encontros virtuais que promovam saúde mental e integral); Acompanhamento próximo (Lideranças e RH presentes na vida das pessoas). Klein explicou também que a educação é a base do desenvolvimento, por isso, a Universidade Corporativa Cigam (UCC) permite que o trabalhador desenvolva e multiplique o conhecimento através de formação, certificação e atualização profissional. “É o investimento contínuo do seu time”, revelou. 

Ele também citou os programas de Onboarding Cigam - trilha de formação profissional pensada exclusivamente para a carreira de cada um; Programa de Apadrinhamento - apoio personalizado de um ou mais colegas, que acompanharão os primeiros passos do novato; Certificações - possibilidade de tornar-se especialista na área de atuação através dos programas de Certificação. Oportunidade de realizar certificações externas com auxílio financeiro da empresa; Plano de carreira – oportunidades internas e trilha de crescimento. 

Para finalizar, o painelista citou a Cultura de Liberdade com Responsabilidade, os Programa de Sugestões e o Programa de Indicação de Clientes, ações, segundo ele, de empoderamento e pertencimento. “A gente entende dentro deste contexto que muito mais que reter as pessoas é atrair as pessoas, empoderá-las para que possam crescer”, concluiu. 

4º Seminário de Desenvolvimento Econômico

O Seminário de Desenvolvimento Econômico de Novo Hamburgo teve sua primeira edição ainda na última legislatura, em 2018. A boa recepção entre as entidades parceiras e a comunidade levou a Câmara a formalizar, no ano passado, a inclusão do evento no Calendário Oficial do Município. A aprovação da Lei nº 3.286/2021 consolidou sua realização de forma anual, periodicidade que já vinha sendo respeitada (à exceção de 2020, devido ao auge da pandemia).

A quarta edição do seminário foi construída em torno da temática “Mundo do trabalho e juventudes: desafios e oportunidades sob a ótica dos empresários e dos jovens”. Liderada pela Câmara, por meio da Comissão de Finanças e da Escola do Legislativo, a organização coletiva do evento teve o apoio de 19 instituições parceiras, entre poder público, entidades representativas, estabelecimentos de ensino e empresas. 

Conheça as instituições e entidades parceiras: 

- Câmara Municipal de Novo Hamburgo; - Comissão de Competitividade, Economia, Finanças, Orçamento e Planejamento;

- Escola do Legislativo; - Secretaria de Desenvolvimento Econômico de Novo Hamburgo (Sedec/NH);

- Sebrae;

- Instituto Brasileiro de Tecnologia do Couro, Calçado e Artefatos (IBTeC);

- Universidade Feevale; - Universidade Unisinos; - Universidade La Salle;

- Secretaria de Educação de Novo Hamburgo (Smed/NH);

- Instituto Senai de Tecnologia em Calçado e Logística;

- Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Sul-rio-grandense (IFSul);

- Associação Comercial, Industrial e de Serviços de Novo Hamburgo, Campo Bom e Estância Velha ACI/NH/EV/CB);

- Cigam - Software de Gestão Empresarial;

- JR Soluções;

- Instituição Evangélica de Novo Hamburgo (IENH);

- Fundação Escola Técnica Liberato Salzano Vieira da Cunha;

- Ftec Faculdades;

- Câmara de Dirigentes Lojista de Novo Hamburgo (CDL/NH)

 

Confira o painel na íntegra:

4º Seminário de Desenvolvimento Econômico de Novo Hamburgo