Seminário destaca casos de sucesso de empresas e instituições locais

por Tatiane Souza última modificação 18/11/2019 17h06
05/07/2018 – O painel "Os caminhos do desenvolvimento local: casos de sucesso" foi a última exposição do Seminário de Desenvolvimento Econômico de Novo Hamburgo, realizado nos dias 4 e 5 de julho, no Plenário Luiz Oswaldo Bender. Mediado por Pedro Roque Giehl, professor da Fundação Liberato, o diretor da Fundação Liberato, Ramon Hanz, a gestora de Projetos e Inovação da Killing SA, Cenira Verona, o diretor Presidente da empresa Orisol do Brasil SA, André da Rocha, o diretor da empresa Tente da Feevale Techpark, Vinícius Prado, demonstraram a um plenário lotado as práticas que levaram suas empresas e instituições ao sucesso.
Seminário destaca casos de sucesso de empresas e instituições locais

Foto: Thanise Melo/CMNH

Educação para a pesquisa 

Ramon Hanz falou sobre a importância de se educar para a pesquisa e a inovação.Nós introduzimos no ensino da Liberato a pesquisa por meio do método científico. Por ano, são cerca de 300 projetos desenvolvidos utilizando esta metodologia. Isso desperta no aluno a forma mais lógica e correta de buscar as respostas para suas dúvidas. Esse é um diferencial em nosso ensino”, explicou. Hanz disse, no entanto, que cada curso da Fundação cria a sua própria metodologia. “Cada curso cria o seu perfil e isso culmina com uma feira interna. Apresentamos 120 projetos porque já há uma seleção. Alguns são escolhidos para participar da Mostratec, que somos nós que organizamos, mas que é uma feira internacional. Apenas 40 vagas são ocupadas pelos nossos projetos”, contou. 

Segundo o diretor Hanz, 36 mil pessoas fizeram pesquisas pelo mundo que resultaram em 470 projetos apresentados na última edição da Mostratec. “O aluno busca respostas muito antes do professor, precisamos apenas incentivá-lo”, disse. Outro caso de sucesso ressaltado por ele é a Mostratec Jr., que existe há seis anos. “É um trabalho que desenvolvemos junto às redes municipais no Rio Grande do Sul. Novo Hamburgo e Bom Princípio foram os primeiros municípios a participar desta feira. Notamos que precisávamos começar a incentivar a pesquisa antes de o alunos entrar no Ensino Médio, ainda no ensino Fundamental. No Estado, 22 mil alunos de oito a dez anos estão vindo para a nossa feira. O número de envolvidos, entre professores e estudantes, foi crescendo: já temos 166 feiras afiliadas sendo realizadas e que se conectam de alguma forma”, garantiu. O diretor da Fundação Liberato destacou ainda que a instituição ajuda os municípios a fazerem suas próprias feiras, ensinado a metodologia científica. Para finalizar, ele mostrou talentos reconhecidos no Brasil e internacionalmente em função das pesquisas praticadas. 

A trajetória da Killing SA 

A gestora de Projetos e Inovação da Killing SA, Cenira Verona, falou durante o painel sobre a trajetória e a experiência nacional e internacional da empresa. Primeiramente, ela fez uma apresentação institucional da Killing, que é uma indústria química com 55 anos de história em colagem e pintura. E destacou o lado empreendedor da família. “O criador da empresa foi um empreender, justamente o que estamos buscando atualmente para nossa cidade”, comentou. Ela explicou que a empresa é diferenciada e que eles buscam reconhecimento por isso. “Temos 2.500 itens de portfólio, somos líder na fabricação de adesivos de sapato, estamos entre os dez maiores fabricadores de tintas do Brasil e também atuamos com tintas industriais”, ressaltou.

Cenira destacou que uma das principais preocupações da empresa, há mais de 16 anos, é trabalhar com produtos ecologicamente adequados. “Esse é foco do nosso planejamento estratégico. Também estamos nos destacando pela responsabilidade social, um conceito que estamos trabalhando de forma muito forte nos últimos anos”, apontou. 

A gestora evidenciou pontos importantes para a história de sucesso das Tintas Killing. A primeira delas é inovação. “Temos 56 anos de empresa. Poucas no Brasil atingem os 50 anos. Somos um case nacional de governança corporativa”, falou. Ela destacou ainda a liberdade hierárquica dentro da empresa – o que, segundo Cenira, é difícil de se ter na maioria das instituições. “Além disso, investimos em ações mais formais como banco de ideias e fale com o presidente. Temos um ambiente propício para a liberdade de expressão e de ideias”, relatou. 

Outro ponto destacado é a saúde financeira que a empresa possui. “Temos responsabilidade para implementar uma ideia. Os maiores crescimentos foram justamente em anos de crise. Não colocamos a culpa no mercado, nos permitimos pensar e agir diferente para atingir também um resultado diferente. Investimos na cultura de colaboração porque inovação não se faz sozinho. Temos muitas coparticipações – com fornecedores e clientes. Primamos pela construção em conjunto”, disse a gestora.

Dessa forma, a inovação se dá de forma responsável, garante a gestora de Projetos e Inovação da Killing SA, Cenira Verona. “Testamos exaustivamente um produto até o colocar no mercado”, falou. Outro ponto que faz a diferença é o investimento em educação continuada. “Dessa forma, provocamos o crescimento não só de Novo Hamburgo, mas da região como um todo”, finalizou. 

Experiência nacional e internacional da Orisol do Brasil SA 

O diretor-presidente da empresa Orisol do Brasil S.A., Andre da Rocha, falou sobre a trajetória e experiência nacional e internacional da empresa Orisol no Brasil. Segundo ele, o hábito de questionar como as coisas são feitas sempre fez parte no dia a dia da Original Solutions. Ele enfatiza que a cultura brasileira é pela zona de conforto, e inovação não se faz assim. “Inovação é meio, não é fim. É um meio para melhorar a vida das pessoas. Precisamos entender como elas entenderão e se beneficiarão dos equipamentos que produzimos. Precisamos aprender pelo erro e pela rápida correção. Quando experimentamos, erramos mais do que acertamos, mas é nesse erro que aprenderemos. Temos muito para melhorar na educação no Brasil, mas nós temos evoluído nos últimos 30 anos”, disse. 

Segundo ele, a mudança do Brasil virá pelos municípios. “Se transformarmos nossos debates em ações, aí conseguiremos resultados”, finalizou. 

A experiência de reorganização produtiva e tecnológica 

O designer de produto, Vinícius Prado, diretor da empresa Tente da Feevale Techpark, finalizou o último painel do Seminário falando sobre a experiência de reorganização produtiva e tecnológica da empresa Tente. Ele explicou que a Tente é uma start-up, iniciativa que surgiu a partir de uma experiência que tive com o filho, quando o desafiou a montar um calçado. “Nunca quis desenhar calçado. Resolvi focar em outras áreas, trabalhando branding, consultoria, design de serviço. Patenteei um calçado modular que a própria criança monta. Em 2016, incubamos o projeto no Feevale Techpark, onde temos os equipamentos que precisamos”, contou. 

Ele descreveu o processo de adesão de usuários ao projeto, que levou cerca de três meses. Fomos simplificando o projeto para conseguir que uma criança pudesse montá-la em 2'18”. Depois disso, trabalhamos a questão do conforto do calçado, porque elas deixam de usar a partir do momento em que ele começa a apertar alguma parte do pé. Usamos parte do lucro para ensinar as crianças a fazer o bem, de forma que comprar um produto represente dar um passo na direção de um futuro melhor. Você compra o produto online, recebe em um envelope e monta o calçado, utilizando os ornamentos que preferir. Daí, um percentual da venda é revertido para instituições de caridade, o que ilustramos com o envio da foto de uma das crianças que são ajudadas nesse processo”, detalhou. Ele disse ainda que a pré-venda do calçado deve se iniciar em breve.

O Seminário conta com a promoção da Abicalçados, ACI, Assintecal, Consinos, IBTeC, IENH, IFSul, Fundação Liberato, Prefeitura Municipal de Novo Hamburgo, Sebrae. Quem apoia a iniciativa são o Instituto Liberato e a Universidade Feevale. A Realização é da Escola do Legislativo, Cofin, e Câmara Municipal de Novo Hamburgo. 

Questionamentos 

O Presidente do Instituto Brasileiro de Tecnologia do Couro, Calçado e Artefatos (IBTeC), Paulo Griebeler, perguntou o que Novo Hamburgo tem de fazer para retomar o protagonismo na área calçadista? A vereadora Patricia Beck (PPS) ressaltou que os participantes do Seminário tiveram uma aula com todas as apresentações realizadas. “Gostaria de ouvir sobre o distrito industrial. Será que ainda podemos pensar nisso? Acho importante também repensarmos nosso centro tecnológico. Será que não podemos repensar nosso CIT em uma parceria junto à Feevale, à Liberato ou a outra instituição de educação tecnológica?”, indagou. Miriele, aluna do Liberato questionou se não seria interessante ampliar a gama de indústrias na cidade, fugindo um pouco do setor coureiro-calçadista. “Poderíamos entrar em novos mercados”, afirmou. Para finalizar, Leri, empreendedor de Lomba Grande, fez uma pergunta relacionada a potencialidade de Novo Hamburgo para o turismo. 

Heitor Klein, presidente da Abicalçados, falou: 

O distrito industrial é importante, mas não é fundamental nem urgente. Não seria mais razoável que investíssemos nos centros tecnológicos já instalados para que eles se desenvolvessem ainda mais? A diversificação da economia não excluiria o foco na recuperação do setor calçadista. Seria um crime de lesa-pátria se parássemos de falar em sapato. 

Carolina Strack Rostirolla, gestora de projetos da Regional Sinos, Caí e Paranhana do Sebrae, respondeu: 

Podemos desenvolver outras potencialidades, mas não podemos esquecer o calçado, até porque temos uma inteligência no setor que não pode ser abandonada. Precisamos unir esforços entre as entidades, para que cheguemos a um denominador comum em prol do setor. Lomba Grande tem um potencial muito grande para trabalhar o turismo. Hoje, no Sebrae, não há nada para Lomba Grande, mas já há um diagnóstico para isso. 

O diretor-presidente da empresa Orisol do Brasil S.A., Andre da Rocha, apontou: 

A indústria do calçado ficou muito grande para uma cidade ser protagonista. É uma indústria muito maior e mais dinâmica. Novo Hamburgo pode ter perdido, mas o Rio Grande do Sul nunca produziu tantos calçados. O que temos de pensar é o que fazer para que nossa região siga liderando o setor, especialmente pelos avanços tecnológicos. Acho que ainda ouviremos muito sobre calçado nos próximos 20 anos, até por ser um produto que não se pensa em substituir. Acho que o CIT precisa existir. O Legislativo pode pensar em um grupo de trabalho para pensar e agir nesse sentido. Precisamos pensar em construir um polo junto a região. 

O designer de produto, Vinícius Prado, diretor da empresa Tente, explicou: 

Existe um potencial calçadista, mas as novas tecnologias tendem a libertar isso e permitir que se atendam outros setores com os mesmos produtos. O que temos de fazer é criar um ciclo, dando oportunidade para quem tem vontade de inovar. Temos de libertar essas ideias e criar um ciclo sustentável baseado no desafio. 

A gestora de Projetos e Inovação da Killing SA, Cenira Verona, comentou: 

A região é protagonista, mas há uma autointitulação que parece impedir o diálogo com outros polos, que não necessariamente nos reconhece assim. Precisamos trabalhar de maneira mais aberta. Faltam também novos modelos de negócio. Temos de fortalecer nossa inteligência, mas precisamos agir. Tenho certeza que há pessoas aqui já rascunhando possibilidades para fazer isso acontecer. 

Deivid Schu, diretor de turismo da Prefeitura, afirmou: 

Novo Hamburgo tem um foco na área de negócios, o que acaba deixando de lado o turismo de lazer. Em Lomba Grande, temos um potencial turístico, mas não temos um produto consolidado. O mais difícil nós já temos, que é a parte rural, natural e histórica. Precisamos transformar isso em um produto. 

O diretor da Fundação Liberato, Ramon Hanz, concluiu: 

A indústria do calçado mudou e trouxe outras necessidades que diversificam nossa produção. O CIT é pensado há oito anos, mas falta fazer. Agora estamos fazendo sem pensar muito. A Liberato é parceira. Temos informação de que teremos espaço lá. Mas ele não pode ser apenas um prédio físico, ele pode estar ligado a outros pontos tecnológicos da cidade e da região.

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