Vereadores pedem que Comusa estude reenquadramento tarifário do Residencial Mundo Novo

por Tatiane Souza última modificação 04/09/2019 20h52
04/09/2019 – Em dezembro, o Executivo publicou a Lei Municipal nº 3.157/2018, que regulamentou as tarifas de abastecimento de água potável, esgotamento sanitário e demais serviços prestados pela Comusa. A norma também reorganizou as categorias e faixas de consumo. As alterações afetaram diretamente os condôminos do Conjunto Residencial Mundo Novo, do bairro Canudos, que perderam sua classificação como proprietários de imóveis de habitação popular, aumentando consideravelmente sua fatura mensal de água. Acionada por um grupo de moradores, a Comissão de Obras, Serviços Públicos e Mobilidade Urbana da Câmara (Coosp) elaborou moção de apelo para que a autarquia analise a situação e, se entender assim, revise o enquadramento do condomínio como residencial social. O texto foi aprovado por unanimidade na sessão desta quarta-feira, 4 de setembro, e será agora remetido ao diretor-geral da Comusa, Márcio Lüders.
Vereadores pedem que Comusa estude reenquadramento tarifário do Residencial Mundo Novo

Foto: Kassiane Michel/CMNH

A comissão, composta pela presidente Patricia Beck (PP), o relator Fernando Lourenço (SD) e o secretário Vladi Lourenço (PP), recebeu os condôminos em duas ocasiões, nas quais foi externada a insatisfação dos cidadãos com a situação. Para a segunda reunião, representantes da Comusa também foram convidados, mas declinaram sob a justificativa de que não poderiam tratar do assunto em razão de a demanda ter sido judicializada. 

A Moção nº 20/2019 destaca que o residencial sempre foi considerado imóvel popular, tendo surgido como empreendimento financiado para pessoas de baixa renda por meio do Sistema Financeiro de Habitação (SFH). O texto, que também conta com as assinaturas dos vereadores Enio Brizola (PT) e Felipe Kuhn Braun (PDT), que vêm acompanhando a reivindicação dos condôminos, ressalta que a judicialização da questão não deve inviabilizar a busca de uma solução administrativa consensual. 

É dever do Município buscar todos os meios disponíveis para garantir à população mais carente a disponibilização de serviços e tarifas públicas que possibilitem condições mínimas para ter dignidade e qualidade de vida, sem que isto inviabilize as condições financeiras das famílias afetadas”, escrevem os autores, que pontuam que a maioria dos 1.328 apartamentos do residencial são ocupados por “moradores aposentados ou trabalhadores que recebem um salário-mínimo”. 

Patricia usou a tribuna para explicar o que foi debatido pela Coosp em reunião com os moradores do condomínio. “A solução é uma pequena alteração na lei, permitindo que condomínio habitacional popular se enquadre na tarifa social. Não podemos entender a situação como uma queda de braço”, falou. 

Enio Brizola (PT) fez um resgate histórico da criação do Residencial Mundo Novo. Segundo ele, o primeiro grande Condomínio Habitacional Popular criado para os sapateiros. “Eu acredito que com essa moção, com a sensibilização na direção da Comusa, a gente vai chegar a uma solução desse impasse”.

Raul Cassel (MDB) disse que também foi procurado pelos síndicos. Essa é uma situação de exceção que talvez não tenha sido pensada adequadamente. “Fizemos uma média, de R$ 29 reais, a conta pulou para R$ 95. As famílias pagam mais pela luz, pela TV a cabo e pela Internet”, exemplificou. Segundo o parlamentar, o reajuste foi grande, mas o valor pago pelo serviço de água potável e esgoto é baixo. Raul frisou que muitos apartamentos do residencial já foram negociados e vendidos. “Temos de averiguar a renda para ver se as pessoas se enquadram ou não dentro de uma tarifa social. Nós temos de pensar sobre o assunto, existem pessoas que realmente necessitam, idosos, que ficaram com aposentadorias baixas, mas outras pessoas têm renda igual às pessoas dos demais condomínios equivalentes para as mesmas áreas da cidade”, apontou. O presidente lembrou que a situação está judicializada. “Nem situação de acordo pode ocorrer, só se retirar e renegociar. A Justiça irá decidir, e a Comusa terá de ter a responsabilidade de buscar o ponto de equilíbrio”, afirmou.

Gerson Peteffi (MDB) também ressaltou que a questão está na justiça. “Nós podemos dar nosso apoio moral votando sim a essa moção de apelo, para que a comunidade saiba que estamos preocupados com o assunto, mas que não podemos transpassar as decisões judiciais”.

Patricia Beck (PP) salientou que a moção não tem cunho político e que foi elaborada por servidores da Casa. “A intenção é resolver a situação antes da ação judicial, que pode demorar. É uma ação conjunta com um ofício encaminhado à Comusa, o qual a autarquia tem sete dias para responder. É um apelo para que resolvam o problema, antes de concluir a questão judicial, porque é mais econômico e mais responsável”, concluiu. 

O que é uma moção?

A Câmara se manifesta sobre determinados assuntos – aplaudindo ou repudiando ações, por exemplo – por meio de moções. Esses documentos são apreciados em votação única e, caso sejam aprovados, cópias são enviadas às pessoas envolvidas. Por exemplo, uma moção louvando a apresentação de um projeto determinado no Senado pode ser enviada ao autor da proposição e ao presidente daquela casa legislativa.