Seminário de Desenvolvimento Econômico: Cigam e Fish TV como cases de sucesso em NH
O primeiro a falar foi o CEO da Cigam, Robinson Klein. No mercado de software de gestão empresarial desde a década de 1990, a empresa está presente em 23 unidades da Federação, com mais de 80 postos de atendimento em todo país e conta com mais de 800 colaboradores. Só em Novo Hamburgo são 250 trabalhadores. E tudo começou, segundo Klein, com a conquista do 1º Prêmio Mostratec, com um software de reconhecimento de voz.
Uma história de empreendedorismo e inovação
“Fiz um resgate da história, pois já se passaram quase 30 anos de fundação. Em 1985, a empresa não existia e tudo começou com um software de reconhecimento de conjuntos vocais. Eu aprendi a desenvolver esse software junto com um colega, para apresentarmos um projeto na feira da escola e partir daí tudo começou. Posso dizer que foi primeiro ciclo do empreendimento, do qual tive como sócio o amigo da escola. Naquela época tudo era mais complicado, mais difícil. Não se falava em incentivo à inovação, nem o termo existia como entendemos hoje. O que marcou essa primeira fase do empreendedorismo foram os cursos e a manutenção e desenvolvimento de software. A primeira empresa quebrou, mas foi preciso acreditar na ideia e perseverar”, relatou Klein.
A empresa chamada hoje de “Cigam” começou com esse nome em 1990. “Foi a terceira empresa em que empreendi, acompanhado de outros sócios. As minhas outras duas não deram certo. Faz parte do empreendedorismo. É preciso arriscar, tentar, tentar de novo, para que as coisas funcionem. Em 1992 nós fizemos uma grande mudança na empresa e chegamos à conclusão que as tecnologias que nós tínhamos disponíveis na época não eram produtivas o suficiente e não davam uma velocidade que nós queríamos para as metas que buscávamos. Fizemos uma pesquisa de mercado para encontrar uma ferramenta que fosse mais produtiva. Cerca de vinte e cinco era o que o mercado oferecia naquela época. Acabamos encontrando uma feira tecnológica em São Paulo e encontramos uma ferramenta israelense de alta produtividade, que impactou diretamente no nosso negócio”, explicou.
A Cigam é atualmente uma fornecedora de software de gestão empresarial (ERP, CRM, RH, BPM, Mobile e BI), e conta com quase três décadas de experiência nessa área. Em bases instaladas de ERP (ERP é a sigla para Enterprise Resource Planning ou Sistema Integrado de Gestão Empresarial), é a primeira do Sul do país e está entre as cinco maiores no território nacional. Atualmente, conta com mais de cinco mil clientes.
“Desde 1996 temos evoluído tanto em metodologias como em ferramentas de alta produtividade para o desenvolvimento de software, pois entendemos que o benefício da tecnologia depende da cultura de seu uso. Por isso usamos tecnologias que facilitam o desenvolvimento buscando assim garantir a entrega de soluções mais fáceis do mercado para nossos clientes”, enfatiza.
“Sempre temos algo para melhorar e com a nova economia, precisamos também inovar. Hoje, produtividade faz parte da cultura da empresa, que só se estabeleceu depois de décadas de ajustes, erros e acertos. Esta cultura se multiplica por todo sistema, pois para fazer um software completo, que agrega as melhores práticas de gestão do mercado e facilidade de uso, é necessário que seja fácil fazer o software”, frisou o CEO. E a empresa segue crescendo. A Cigam hoje investe na construção de uma nova sede para sua matriz, em Novo Hamburgo.
Fish TV
Após a fala de Klein, foi a vez do fundador da Fish TV, Luiz Motta, relatar o surgimento e crescimento da emissora. Com sede em Novo Hamburgo, o canal por assinatura, criado em 2012, possui hoje uma equipe com 72 profissionais e contabiliza mais de 11 milhões de telespectadores por mês, segundo dados referenciados ao Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística (Ibope). Ao todo, são 30 programas diferentes, com mais de 5 mil episódios produzidos e apresentadores oriundos de 16 estados brasileiros. Motta antecipa ainda que a emissora está em tratativa para estrear em 2021 sua primeira série mundial pela Netflix, ambientada na Amazônia.
Todo o desenvolvimento da emissora iniciou após a decisão do empreendedor de, após se aposentar, dar a volta ao mundo pescando, o esporte que havia adotado para si. De passagem pelos Estados Unidos, porém, precisou postergar a prática por três dias, quando um furacão atingiu a Flórida. Foi quando Motta conheceu os canais de pesca, que aliviaram o período de espera por um tempo melhor. A experiência fez com que, aliado ao filho Guilherme, passasse a fomentar a criação de uma emissora do nicho no Brasil.
“A Fish TV é um caso de sucesso e de namoro. O DNA da pesca está na família desde sempre. Escrevi durante oito anos uma coluna no Grupo Editorial Sinos. Isso me fez conhecer muitas pessoas, técnicas e países. Em 2012, idealizamos um canal de pesca no Brasil. Meu filho sugeriu começarmos pela internet. Colocávamos um programa por dia. Só que a velocidade do nosso negócio foi tão rápido que entramos em uma operadora de TV a cabo no mesmo ano”, resgatou.
Partindo da pesca, hoje a programação consegue abordar assuntos como gastronomia, turismo, cultura e preservação ambiental. “A pesca esportiva é tão promissora no Brasil porque o país detém 12% da reserva de água doce do mundo. Cada vez mais os canais vinculados à natureza colocam programas de pesca em sua grade”, afirmou.
Antes de tudo, porém, Motta lembrou que foi preciso mapear o mercado envolvendo o interesse pela pesca esportiva. O planejamento serviu tanto para a decisão de abrir o canal quanto para a elaboração de um modelo de negócios, que inclui ações como um clube de assinantes com conteúdos especiais e a associação a marcas de produtos para pesca e hospedagem. “Somos a segunda maior produtora independente. Somos hoje cobiçados por grandes grupos. E isso porque somos pescadores. Tornou tudo mais fácil. Não imaginávamos que fosse crescer tanto e tão rápido. Às vezes nos assustamos”, concluiu.
Mediador do painel, Paulo Griebeler lembrou que todas as experiências exitosas começam por um sonho. Ele elogiou ainda a realização do seminário e os possíveis impactos para Novo Hamburgo. “Estou há 40 anos no setor coureiro-calçadista. Não precisamos mais depender apenas dele. O próprio IBTeC está passando por mudanças. Hoje, a inteligência do calçado ainda está aqui, mas há espaço para inovarmos. Espero que daqui a 10 anos esta semente que estamos plantando represente a quebra de um paradigma, uma provocação que fez a cidade melhorar”, destacou.
O vereador Enfermeiro Vilmar (PDT) acompanhou a atividade e enalteceu o trabalho de Motta. “Pude conhecer a Fish TV, como funciona toda a empresa. É perceptível a organização, responsabilidade e doação de cada funcionário. E isso se deve também à liderança de seu presidente. Ficamos felizes em vermos na nossa cidade um empreendedor que escolheu ficar e ver o desenvolvimento de Novo Hamburgo”, enfatizou.
Cristiano Coller (Rede) sublinhou a semelhança entre os dois casos, que surgem lado a lado com a família. “Dessa forma, crescem as chances do negócio dar certo”, sustentou. O presidente da Comissão de Finanças, Enio Brizola (PT), defendeu que o Município precisar saber produzir aliado às tecnologias. “O calçado continua sendo um potencial importante, à medida que sua inteligência permanece aqui. Mas é importante a diversificação”, sinalizou.
Sobre a Fish TV, o parlamentar disse assistir ao canal como forma de relaxar ao final do dia. “Sempre percebo a preocupação ambiental. E sabemos que o desenvolvimento econômico tem que trazer junto a sustentabilidade. Entendo que a proposta da Fish TV dialoga muito com essa ideia”, pontuou. “Inovação, na nossa atividade, é uma constante. Não inovou, a empresa para. Novo Hamburgo tem potencial de fazer muita coisa. Tem eficiência produtiva, criatividade, foi assim que a cidade nasceu. Um botão está sendo acionado hoje, com poder público, setor privado e sociedade civil”, finalizou Motta.
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