Criada em 2014, Escola do Legislativo será rebatizada em homenagem a Sergio Hanich

por Jaime Freitas última modificação 23/05/2023 01h22
22/05/2023 – A Câmara de Novo Hamburgo deu início nesta segunda-feira, 22, à votação do projeto de resolução que acrescenta o nome do ex-vereador Sergio Hanich à Escola do Legislativo. O texto, que leva a assinatura dos 14 parlamentares, foi aprovado por unanimidade em primeiro turno e deve ter sua publicação confirmada após a sessão de quarta, 24. Vereador por quatro mandatos, Serjão faleceu em abril do ano passado, aos 60 anos, vítima de um infarto.
Criada em 2014, Escola do Legislativo será rebatizada em homenagem a Sergio Hanich

Fotos: Daniele Souza/CMNH

Nascido em 1º de setembro de 1961, Hanich passou parte de sua infância no município de Riozinho, no Vale do Paranhana. Aos 12 anos, retornou à sua cidade natal Novo Hamburgo, onde permaneceria pelas décadas seguintes e eternizaria seu nome. Antes de assumir o mandato de vereador, em 2009, trabalhou boa parte de sua vida como motorista. Foi por meio do ofício que teve seu primeiro contato com o universo político, participando da criação e presidindo o Sindicato dos Rodoviários da cidade.

As conquistas obtidas em prol da categoria o motivaram a buscar melhorias também para a população em geral. Em 2000, concorreu pela primeira vez ao cargo de vereador. A eleição, no entanto, só viria oito anos mais tarde. Mas em grande estilo. Após trabalhar como subsecretário de Obras de Canudos na gestão do então prefeito Jair Foscarini, Serjão foi o candidato mais lembrado nas urnas, com 4.434 votos. Seu trabalho como vereador lhe asseguraria três reeleições.

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Nos quase 14 anos como parlamentar, foi proponente de leis nas áreas da saúde, transporte e cultura. Com passagens pela Mesa Diretora em 2010 e 2020, foi presença constante nas Comissões de Obras e de Meio Ambiente, as quais presidiu por seis vezes cada. A proximidade com as questões ambientais o levaram também a participar por muitos anos do Comitê de Gerenciamento da Bacia Hidrográfica do Rio dos Sinos (Comitesinos). “Com certeza, aprendemos muito com o vereador Serjão durante todos esses anos de trabalho em prol da comunidade hamburguense”, afirmam os proponentes.

Cristiano Coller (PTB) foi o primeiro parlamentar a se manifestar na tribuna. Ele destacou a importância da servidora da Casa, a diretora da Escola do Legislativo, Maria Carolina Seitenfus Hagen, que compartilhou com os vereadores a ideia de homenagear o vereador Sergio Hanich. “Quero aqui agradecer a diretora Carolina, pelo belíssimo material que norteou a nossa justificativa e baseou a nossa proposição. Como é de conhecimento de todos, Serjão tinha uma forma de falar pitoresca, mais popular, mas ele tinha um conhecimento que superava a limitação de suas palavras aqui nessa tribuna. Embora sem titulações acadêmicas, com certeza, era um doutor ‘honoris causa’ e merece muito essa homenagem. O Sergio deixou um grande legado, um homem de palavra, que trabalhou muito por nossa cidade, pelo povo de Novo Hamburgo”, reforçou Coller.

Gustavo Finck (PP) fez a leitura completa da Justificativa do projeto de resolução, onde há um relato de momentos históricos da vida de Sergio Hanich que reforçam o pedido para homenageá-lo. “É um belo texto, que nos sensibiliza. Ao lê-lo, parecia que o Serjão estava aqui ao meu lado. Nós tínhamos um relação muito próxima. Fico feliz em estar aqui, neste momento lindo e muito significativo, não só para mim como para toda esta Casa”, disse emocionado Finck.

Com sua fala simples, ele dava seu recado, bem-dado, para todo mundo”, assim começou a explanação do vereador Ricardo Ritter – Ica (PSDB). “O Sergio foi um amigo que fiz nas caminhadas políticas, antes ainda, no período que frequentava os bailes, principalmente o ‘Águia Branca’, que era de propriedade desse saudoso amigo. Aqueles que o conheceram e conviveram com ele receberam a sua marca, tanto pela liderança que tinha como por sua lealdade à causa pública. Aprendi muito com ele, principalmente pelos exemplos. Serjão era um dos primeiros a chegar na Câmara e desde cedo estudava os projetos com dedicação esmerada, tendo conhecimento sobre Novo Hamburgo como poucos”, destacou Ica.

Raizer Ferreira (PSDB) fez um destaque às servidoras que colaboraram no gabinete de Sergio Hanich desde seu primeiro momento aqui na Câmara. Serjão manteve a chefe de gabinete Simone Oliveira e a assessora Parlamentar Sílvia da Silva durante todo o tempo que esteve no Parlamento. “Ninguém faz nada sozinho e sei que esse gabinete funcionou muito pelas mão dessas duas profissionais. Por isso, quero aqui saudá-las por tudo que fizeram pelo vereador Sergio Hanich. Para nós, para essa Legislatura, está gravada a figura, a pessoa e o carinho do Serjão. A palavra dele valia muito, palavra dada era palavra cumprida e isso demonstra muito o caráter que ele tinha”, enalteceu o parlamentar.

Enio Brizola (PT) lembrou dos intensos debates que travou com Sergio Hanich no Plenário da Câmara. “Serjão não era um adversário fácil de enfrentar nas disputas políticas, mas ele era um adversário leal. Debatíamos números, projetos, proposições, pontos de vistas, conjunturas regionais e nacionais. Embora enfrentamentos difíceis, eles sempre ficaram restritos ao campo das ideias. As durezas da vida nos ensinam os caminhos, os macetes diários e o Serjão era um homem muito intenso de trabalho, de fato. Ele não vinha aqui para fazer ‘bico’. Ele era vereador manhã, tarde, noite e final de semana. Comprometido com a cidade, com projetos de muita relevância. Esta é uma homenagem justa, merecida, porque não precisamos só de graduações e diplomas universitários, mas também das graduações da vida, que precisam ser celebradas”, reconheceu Brizola.

Na minha opinião, a perda do vereador Sergio Hanich foi uma das maiores já vivenciadas por este Parlamento em décadas de existência”, disse Ito Luciano (PTB). “Não termos aqui a presença de Serjão torna esse lugar mais vazio. Aqui foi falado da humildade e simplicidade do Sergio, e esse era o grande feito dele. Hoje, aqui, é um dia inesquecível para todos nós. Quero também saudar o trabalho da nossa ex-diretora e advogada, Adriana Selzer, que nos últimos anos, ainda com a presença do Sergio em nossa Casa, acompanhou os debates e discussões internas. Embora eu e ele fossemos considerados ‘brutos’ pela maneira de falarmos, queria dizer que nós passamos pela faculdade da vida, que muitos não conseguiram passar. Com certeza, Serjão foi um dos melhores vereadores que essa Casa teve, de uma coragem como poucos, de uma sabedoria sem igual”, lembrou Ito.

Gerson Peteffi (MDB), que falou também em nome do colega emedebista Inspetor Luz, lembrou das quatro legislaturas que trabalhou com Sergio Hanich e do tempo de companheiros de partido. “Imaginem vocês, além desses anos todos de Parlamento, nossas conversas, em quatro paredes, realizadas na sede do MDB aqui de Novo Hamburgo. Trocando ideias e aprendendo aquilo que ele mais tinha, que era seu ímpeto, sua coragem. Sua imponência no sentido de convencer aqueles que o ladeavam, das suas ideias, que mostravam a todos nós o porquê de o vereador Serjão ser um dos mais queridos, mais votados e de maior representatividade em nossa cidade. Não desmerecemos o estudo, ao contrário, que deve ser incentivado e estimulado, para o interesse de nosso futuro como sociedade, mas cabe ressaltar que aquela pessoa que tem a ‘escola da vida’ como aqui foi amplamente falado, tem uma capacidade ímpar para lidar com os desafios que o mundo impõe. Sergio Hanich foi um ícone, um baluarte para todos nós, vereadores, de todas esferas sociais”, frisou Peteffi.

Em 2016, quando iniciei minha trajetória política, havíamos coligado com o então PMDB. Ao visitar a sede, para um encontro político, a primeira pessoa que lá me recebeu foi o Serjão”, lembrou Lourdes Valim (Republicanos). “Embora um pouco assustada, afinal, era um homem grande, de voz imponente, mas que me recebeu de braços abertos dizendo ‘seja bem-vinda, guerreira’. Aquele dia sempre ficará marcado na minha vida. Quando eu assumi meu cargo de vereadora titular na última eleição ele lembrou que havia me dito sobre eleição e que a minha vinda para cá era certa. O Serjão ficará marcado na minha história”, expressou a parlamentar.

Darlan Oliveira (PDT) destacou a felicidade em vivenciar a homenagem realizada na data de hoje. “É uma alegria poder aqui falar do Serjão. Meu pai sempre me dizia em casa, após eu ser eleito, que eu teria uma grande oportunidade de compartilhar meu mandato com Sergio Hanichi, Ito Luciano e Gerson Peteffi, que são, na visão do meu pai, os gigantes da política hamburguense. O Serjão deixa um legado, não só nessa Casa, mas para a cidade como um todo, pelo seus bons feitos. Fica aqui a homenagem e a saudade de um amigo de todas as horas”, exprimiu Darlan.

Venho a essa tribuna falar de um grande amigo”, foram as primeiras palavras da vereadora Semilda – Tita (PSDB) em sua manifestação. “Serjão é uma pessoa da qual sentimos uma gigantesca saudade, todos os dias. Sentimos falta de seus ensinamentos, de sua humildade. É uma honra relembrar o nome de Sergio Hanich na Escola do Legislativo. Ele nunca fugiu de suas origens, não tinha vergonha de onde veio, por isso que ele foi tão longe e nos ensinou tanto. Altruísta, preocupava-se conosco, estendendo a mão e ajudando no que era possível. Esse grande homem do qual sentimos falta será aqui lembrado eternamente”, salientou Tita.

Após a fala da vereadora Tita, o presidente da Casa, Fernandinho Lourenço (PDT) ocupou a tribuna. “Falar do Serjão, para mim, é muito fácil. Uma pessoa que conheci como poucos. Um cara que gostava de jogar bocha, uma pessoa que deixou um legado de ensinamentos, desde 2008, para uma geração de vereadores. Extrovertido, sempre alegre, que na pior das adversidades estava sempre pronto para enfrentá-las, com a melhor imagem que poderia passar de si mesmo”, evidenciou o parlamentar.

A filha do vereador Sergio Hanich, Daiane Hanich, foi convidada a falar na tribuna. “Vou tentar ser breve, pois se eu for falar tudo que gostaria de falar sobre meu pai ficaria aqui por dias. A cada fala que aqui ouvi vinham três, quatro outras memórias de histórias muito legais que aconteceram, das vivências do Serjão. Agradeço por essa homenagem, na figura da diretora Carolina Hagen e dos vereadores. Obrigado pelo carinho e apoio de vocês em um momento tão difícil da minha vida e de minha família. Foi complicado perder alguém tão importante em nossas vidas. Perdemos uma pessoa que lutava pela comunidade hamburguense. Eu aprendi com meu pai que o estudo nos leva a alcançar nossos sonhos, que nunca podemos deixar de estudar. Por isso, nada mais emocionante vivenciar, no dia de hoje, uma homenagem como essa, dando seu nome à Escola do Legislativo. Como ele dizia, política é feita com muito trabalho e eu pretendo honrar o nome do meu pai. O jeitão dele para fazer política me inspirou e inspira a todos nós. Como ele dizia, ‘o patrão é a minha comunidade’ e ele morreu trabalhando por essa comunidade, morreu fazendo o que ele mais gostava que era trabalhar. Que Deus nos dê força para seguirmos em frente. Muito obrigado por essa homenagem”, finalizou Daiane.

Aprovado em primeiro turno, o PR nº 1/2023 passará por nova votação nesta quarta-feira. Ao contrário dos projetos de lei, o texto não depende de posterior aval da prefeita Fátima Daudt, bastando a confirmação do resultado em plenário. Assim que finalizada a tramitação, a nova resolução será publicada no Diário Oficial e formalizará o nome Escola do Legislativo Vereador Sergio Luis Hanich.

 

Assista à homenagem feita pela TV Câmara ao ex-vereador:

 

Escola do Legislativo

Criada em outubro de 2014, durante o segundo mandato parlamentar de Serjão, a Escola do Legislativo realiza eventos voltados para a capacitação de vereadores, servidores e estagiários, bem como concebe, executa e acompanha projetos com foco na formação de cidadania, no desenvolvimento do senso crítico e político e na divulgação do papel da Câmara. Pioneira no Vale do Sinos, a Escola também auxilia no desenvolvimento institucional, promove eventos culturais, organiza seminários temáticos e, desde 2017, coordena a realização do Projeto Vereador Mirim. Com quase nove anos de história, já são mais de 130 atividades elaboradas para um público total de 10 mil pessoas.

A aprovação em primeiro turno

Na Câmara de Novo Hamburgo, os projetos são sempre apreciados em plenário duas vezes. Um dos objetivos é tornar o processo (que se inicia com a leitura da proposta no Expediente, quando começa sua tramitação) ainda mais transparente. O resultado que vale de fato é o da segunda votação, geralmente realizada na sessão seguinte. Assim, um projeto pode ser aprovado em primeiro turno e rejeitado em segundo – ou vice-versa.