Secretária de Obras expõe ações para recuperar o pleno funcionamento da Casa de Bombas
Greyce explicou que as três bombas, cada uma com capacidade de vazão de 2,5 mil litros por segundo, trabalharam constantemente durante e após o evento climático. “Foram 110 horas de operação ininterrupta, que causaram a quebra de duas bombas após o dia 18”, contou. A preocupação com novas precipitações extremas levou a Prefeitura a buscar contratações emergenciais para o conserto dos equipamentos. Atualmente, segundo a secretária, a região conta com duas bombas em operação e outras duas em manutenção, com entrega estipulada em contrato para o próximo dia 18.
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Também presente à sessão, o diretor de Esgotos Pluviais da Prefeitura, Ricardo Al Alam, esclareceu que a Casa de Bombas do bairro Santo Afonso conta com nichos para sete motores. “Estaremos com quatro bombas ainda este mês. E está saindo licitação para reformar mais três, chegando às sete”, emendou. O engenheiro ponderou, contudo, que os equipamentos não funcionam todos ao mesmo tempo. A operação se dá com um máximo de cinco bombas simultâneas.
Além da recuperação dos equipamentos, a Prefeitura também realizou novas limpezas da bacia de acumulação e da vala de drenagem da rua Eldorado, além de elaborar processo licitatório para a manutenção preventiva das estruturas.
Levantamento histórico
Greyce iniciou sua manifestação na tribuna recuperando todo o processo que levou à construção da Casa de Bombas do bairro Santo Afonso. A secretária explicou que a unidade integra o sistema de contenção de cheias do Rio dos Sinos, que compreende outras cinco casas de bombas em São Leopoldo, 20 quilômetros de diques e 2,5 quilômetros de muros de contenção. “Toda a propriedade desse sistema, construído na década de 1970, é da União. Nunca foi passado o patrimônio ao Município”, revelou a secretária, que lamentou a falta de repasses federais para a manutenção do espaço.
Um dos problemas provocados por meio século de mudanças demográficas está na diminuição da bacia de acumulação. “Ao longo dos anos, São Leopoldo acabou ocupando parte da bacia que pertence a seu município. Existe hoje um loteamento em uma área que era destinada à acumulação da água”, ilustrou Greyce. Ricardo Al Alam comentou que, paralelamente ao projeto habitacional leopoldense, havia a previsão de uma nova casa de bombas na Vila Brás. Segundo a explanação do engenheiro, essa unidade faria apoio à estrutura da Vila Palmeira. “Houve um problema no andamento do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) e a casa de bombas não saiu. Mas a bacia já estava pela metade, aterrada para a construção de casas populares. Tem que ser feita a outra casa de bombas e desassoreada a bacia”, diagnosticou.
Após os estragos provocados pelo ciclone, uma força-tarefa envolvendo promotoria pública, procuradores e engenheiros dos dois municípios discute medidas para evitar novos acontecimentos.
Precipitação histórica
Greyce da Luz afirmou que, quando a prefeita Fátima Daudt assumiu a administração da cidade, em 2017, apenas duas das sete bombas estavam em funcionamento. Desde então, mais de R$ 2 milhões teriam sido investidos em melhorias, com adequações elétricas e hidromecânicas, revisões, reformas e manutenções. “Entre 2021 e 2023, priorizamos muito a limpeza da bacia de acumulação. Um trabalho que é feito constantemente para garantir um espaço adequado para a reservação da água”, comentou a secretária, que mencionou ainda as limpezas semestrais das valas de drenagem e a substituição dos flaps, dispositivos que impedem o retorno da água empurrada para o rio.
Al Alam explicou, entretanto, que a quantidade de chuva registrada entre os dias 15 e 16 de junho foi tão fora do comum que nenhuma estrutura teria dado conta. Segundo o diretor, a norma técnica para a elaboração dos projetos no Rio Grande do Sul considera precipitações de até 154 milímetros por dia. Em Novo Hamburgo, conforme dados da Defesa Civil, foram 205 milímetros em 12 horas. “Posso afirmar, sem sombra de dúvida, que teria alagado de toda e qualquer forma. Qualquer casa de bombas teria alagado”, comentou. O diretor também frisou a importância de combater o depósito irregular de resíduos para evitar danos às estruturas de combate às enchentes. “Em 2017, reformou-se todas as bombas. Mas elas não têm duração devido ao lixo. O lixo quebra as bombas”, lamentou.
Finalizada a manifestação dos representantes do Executivo, diversos vereadores fizeram seus apontamentos. Enio Brizola (PT) criticou a passividade da gestão em tratar o tema antes da ocorrência de um episódio trágico e sugeriu uma reorganização de competências dentro da Administração, repassando a responsabilidade sobre a Casa de Bombas e a macrodrenagem para a Comusa, a exemplo do que ocorre em outras cidades. “A nossa companhia de saneamento já cobra taxa de esgoto e possui orçamento muito maior do que a Secretaria de Obras”, ressaltou. Brizola também indicou a obtenção de um novo mangote para a retenção de resíduos e ouviu da secretária Greyce da Luz que a aquisição está prevista no novo processo licitatório.
Gustavo Finck (PP), que já havia feito requerimento anterior para a presença da secretária em plenário, externou dúvidas quanto a valores previstos nos novos contratos emergenciais e questionou sobre a existência de uma fiscalização periódica no dique que acompanha o Rio dos Sinos. “Existe esse cuidado? Porque encontrei caminhos abertos e valas. O dique corre o risco de romper?”, indagou.
Al Alam garantiu que a Prefeitura mantém observação constante. “O dique é uma estrutura de contenção de águas maciço de terra. Fazemos, sim, a fiscalização. O único problema são algumas invasões de moradores, que tiraram terra dele, mas não chega a um nível que comprometa sua segurança. O dique está seguro. Não tem o menor risco”, garantiu o engenheiro.
Inspetor Luz (MDB) lamentou que as contratações emergenciais só foram feitas após a passagem do ciclone. Seu colega de bancada, Gerson Peteffi, atentou-se à ausência de repasses federais “em um momento de catástrofe”. Cristiano Coller (PTB) perguntou sobre a possibilidade de instalação de uma pequena casa de bombas no bairro Industrial e reclamou sobre a falta de proteção para as vilas Kroeff e Marrocos. “Os moradores dessa região serão os mais afetados no futuro”, apontou. Al Alam concordou com a manifestação do vereador, mas adiantou que a construção de um dique, por exemplo, demandaria investimento federal, devido ao valor elevado da obra.
O presidente da Câmara, Fernando Lourenço (PDT), pausou a discussão sobre o bairro Santo Afonso para questionar sobre a casa de bombas da Vila Kipling, em Canudos, que teve suas obras interrompidas. Greyce explicou que a estrutura estava vinculada a um projeto de reurbanização da Vila Getúlio Vargas, mas, por sinalização de outros órgãos, as intervenções foram segregadas. “Está sendo encaminhada a licitação”, antecipou a secretária.
Proponente do requerimento que suscitou o debate, Ica lembrou que o estado vive um ano de exceção devido ao fenômeno El Niño. “A população do bairro Santo Afonso está preocupada, e com toda a razão. A Administração está preocupada também. Mas há efeitos climáticos severos nos quais não temos força suficiente para livrar a cidade de todas as situações. Temos que cobrar recursos da União para a manutenção e, quem sabe, fazer a outra casa de bombas que estava prevista para a Vila Brás. O bairro Santo Afonso depende muito do bom funcionamento da Casa de Bombas”, finalizou o vereador.
TV Câmara | Programa Cotidiano retratou os problemas provocados pelas inundações em Novo Hamburgo: