São Francisco de Paula busca inspiração na Rede Laço Lilás para fortalecer serviços de atendimento à mulher

por Luís Francisco Caselani última modificação 15/06/2023 22h11
15/06/2023 – A iniciativa de agregar instituições hamburguenses voltadas ao atendimento às mulheres vítimas de violência, formalizada em 2017 com a criação da Rede Integrada Laço Lilás, tem servido de inspiração para outros municípios. Nesta quinta-feira, 15, servidores da Prefeitura de São Francisco de Paula participaram de uma reunião virtual com representantes de algumas das entidades que compõem o coletivo para conhecer detalhes sobre a organização e o funcionamento do grupo. A videoconferência foi coordenada pela Procuradoria Especial da Mulher da Câmara de Novo Hamburgo.
São Francisco de Paula busca inspiração na Rede Laço Lilás para fortalecer serviços de atendimento à mulher

Foto: Maíra Kiefer/CMNH

Em março deste ano, a Rede Laço Lilás lançou uma cartilha informativa com fluxos de atendimento e as atribuições e competências de cada órgão para auxiliar vítimas de violência de gênero a interromperem o ciclo de agressões e intimidações sofridas. O livreto foi utilizado pela oficial legislativa Carolyne Andersson, servidora da Procuradoria Especial da Mulher, para introduzir o encontro. Ela destacou a importância dos materiais de divulgação para atingir um número cada vez maior de mulheres e assegurar a oferta dos serviços de atendimento.

Especificamente sobre o cenário encontrado em São Francisco de Paula, Carolyne salientou que a ausência de mulheres em cargos eletivos, seja no Executivo ou no Legislativo, não impede o município de articular seus espaços de acolhimento. Acredito que essas políticas públicas são importantes para promover ações e arrecadar fundos em prol dessas atividades. Mesmo com a estrutura que temos aqui, também enfrentamos dificuldades. O importante é acolher as mulheres que precisam”, pontuou Carolyne. A servidora esteve ladeada pela vereadora Lourdes Valim (Republicanos), que atualmente acumula a função de procuradora da Mulher na Câmara. Tita (PSDB), que exerceu o cargo até o início deste ano, também acompanhou a reunião.

Durante a apresentação da cartilha, Carolyne fez questão de nomear e apresentar todas as instituições que compõem a rede de proteção às mulheres em Novo Hamburgo. A assistente social Rúbia Goetz, atualmente lotada na Unidade Gestora dos Programas de Prevenção à Violência (UGPPV) da Prefeitura, explicou que a rede só se constitui de fato quando todas as partes tomam ciência das competências umas das outras. “É extremamente complexo fazer os serviços existentes se sentarem ao redor de uma mesa para se conhecerem e começarem a discutir”, opinou. Por parte de Novo Hamburgo, também participaram da videochamada representantes da Secretaria de Saúde e do Centro de Referência Especializado de Assistência Social (Creas) Viva Mulher.

Estância Velha e São Francisco de Paula

Com uma população estimada de cerca de 22 mil pessoas, São Francisco de Paula se assemelha mais a outras cidades do Vale do Sinos do que a Novo Hamburgo. Pensando nisso, foi convidada para o debate a coordenadora do Creas de Estância Velha, Caroline Hoffmann, para apresentar alguns dos resultados alcançados no município vizinho. Em destaque, a implantação do programa Mulheres Protegidas. Criado em 2021, o projeto estruturou um serviço para o acompanhamento de mulheres com medidas protetivas a partir da criação de uma patrulha especializada dentro da Guarda Municipal.

Assim que somos notificados do deferimento de medida protetiva, fazemos o contato com a mulher e, além dos serviços do Creas, se for de seu desejo, nós a incluímos na ronda do patrulhamento. Em Estância Velha, são 392 mulheres com medidas protetivas ativas, das quais 86 fazem parte do projeto. Cria-se um vínculo importantíssimo com a figura do agente de segurança. Trabalhamos muito a humanização do atendimento. O município não possui guardas mulheres, mas foram escolhidos agentes com maior identificação com a demanda. E eles permanecem em constante treinamento”, explicou a servidora estanciense.

Ao término das falas, a equipe da cidade serrana mostrou-se satisfeita com as experiências e os avanços relatados. Eles ressaltaram o crescimento da demanda na área e pontuaram a necessidade de montar uma estrutura que ofereça proteção às mulheres. “Temos alguns poucos equipamentos, mas todos trabalhando de forma isolada. Necessitamos estar mais articulados para não termos lacunas no atendimento às mulheres vítimas de violência”, frisou a assistente social Daniela Champe.