Moção critica falta de investimento estadual na saúde

por Luís Francisco Caselani última modificação 09/06/2025 20h16
09/06/2025 – A Lei Complementar Federal nº 141/2012 obriga os estados a aplicarem pelo menos 12% de suas receitas em ações e serviços públicos de saúde. Moção de repúdio aprovada pela Câmara de Novo Hamburgo nesta segunda-feira, 9, no entanto, denuncia que o índice não é obedecido no Rio Grande do Sul. Autor do documento, o vereador Enio Brizola (PT) afirma que o descumprimento do percentual já retirou da saúde cerca de R$ 8,5 bilhões desde 2019.
Moção critica falta de investimento estadual na saúde

Foto: Daniele Souza/CMNH

Ao longo do texto, aprovado por unanimidade em plenário, o parlamentar aponta os prejuízos gerados à população que mais depende do SUS. “Ao não cumprir sua obrigação legal e constitucional, o Estado, responsável pelos atendimentos de média e alta complexidade, transfere aos municípios o ônus da desassistência na saúde pública, gerando sobrecarga na rede hospitalar”, salienta o vereador.

Desde 2021, com a implementação do Programa Assistir, o Governo do Estado retirou recursos expressivos de hospitais da região metropolitana. Como consequência, Novo Hamburgo perdeu mais de 50% das verbas destinadas ao Hospital Municipal, comprometendo gravemente a manutenção dos serviços de saúde. Da antiga média de R$ 32,8 milhões por ano, o município recebeu apenas R$ 14,4 milhões em 2024”, mensurou Brizola, presidente da Comissão de Finanças e Orçamento da Câmara.

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O resultado são longas filas de espera, em uma crise de responsabilidade integral do Governo do Estado. Temos em Novo Hamburgo pacientes aguardandotrês, quatro, cinco anos por cirurgias de hérnia e pedras nos rins. Pessoas que enfrentam graves dores, impossibilitadas para o trabalho, mas que não encontram disponibilidade para atendimento nos hospitais”, frisou Brizola. Além da aprovação em plenário, a Moção nº 29/2025 recebeu o endosso e assinatura dos outros 13 vereadores. É dessa forma que o texto será enviado ao governador Eduardo Leite.

A saúde está na UTI. É inadmissível o que estamos passando”, asseverou Daia Hanich (MDB). Ito Luciano (Podemos) lembrou o engajamento dos vereadores, ainda em 2021, na tentativa de rediscutir o modelo de financiamento estipulado pelo Programa Assistir. Tiraram dinheiro dos grandes municípios para colocar nos pequenos. Parecia politicagem. Quem precisa de recursos são as cidades que são referência regional”, avaliou o parlamentar.

Professora Luciana Martins (PT) comentou que o Estado até informa atingir o piso constitucional de 12%, mas não sem uma “maquiagem” nos números. “O cálculo considera contribuições patronais ao IPE, aposentadorias, pensões e encargos sobre a folha dos inativos como despesas de saúde. Foi feita uma maquiagem. O gestor público precisa ser responsabilizado”, reforçou a vereadora.

O que é uma moção?

A Câmara se manifesta sobre determinados assuntos – aplaudindo ou repudiando ações, por exemplo – por meio de moções. Esses documentos são apreciados em votação única e, caso sejam aprovados, cópias são enviadas às pessoas envolvidas. Por exemplo, uma moção louvando a apresentação de um projeto determinado no Senado pode ser enviada ao autor da proposição e ao presidente daquela casa legislativa.

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