Moção critica fala de Lula que relaciona deficit fiscal à enchente no Rio Grande do Sul
“A presente moção de repúdio se mostra necessária para protestar contra o descaso do Governo Federal com a maior tragédia da história do Rio Grande do Sul, mas principalmente para desmentir a afirmação feita. O governo vem cometendo diversas irregularidades fiscais, inflando a máquina pública com a contratação de serviços desnecessários e gerando custos altíssimos que são refletidos no bolso da população brasileira”, reprova Souto. Cálculo apresentado pelo Governo Federal em janeiro reconhece que, mesmo desconsiderando os aportes extraordinários vinculados à enchente, a União fechou 2024 com um deficit primário de R$ 11 bilhões.
“A manifestação do presidente Lula, de culpar nosso estado pelo deficit nas contas públicas, é no mínimo revoltante e penaliza o povo gaúcho, que já sofreu e foi extremante castigado pela própria tragédia climática. O Rio Grande do Sul é um dos motores da economia brasileira, apresentando força econômica, fiscal e política desde sempre. Manifestação desse teor, vinda do mais importante cargo político e governamental do Brasil, é um verdadeiro despautério, sendo imperioso que o povo gaúcho responda à altura”, avalia o vereador.
Além da autoria de Juliano Souto, a Moção nº 4/2024 recebeu ainda o reforço das assinaturas de Giovani Caju (PP) e Joelson de Araújo (Republicanos). “O presidente está colocando na nossa conta. Somos culpados pelo rombo dos cofres públicos da União. O que vemos é um presidente que só veio ao Rio Grande do Sul para fazer um álbum de fotos. Isso não pode ficar assim. O estado não pode pagar pela má administração que ele vem fazendo”, prosseguiu Juliano. “Em Novo Hamburgo, se não fosse o povo lutar pelo povo, tínhamos ficado embaixo d’água”, pontuou Joelson.
Voto contrário à moção, Enio Brizola (PT) frisou investimentos federais direcionados à região, como nas obras realizadas na BR-116, e afirmou que o Brasil se encontra em um momento de deficit zero. “Lula esteve quatro vezes no Rio Grande Sul e, nas quatro, trouxe recursos para o nosso estado, totalizando R$ 1 bilhão. Não é um governo perfeito, mas tragam a verdade”, suplicou.
Professora Luciana Martins (PT) corroborou o discurso de seu colega de partido. “A radicalização e as falsas falas para polemizar nas redes sociais não colaboram para mudar a vida real das pessoas. O Governo Federal não mediu esforços durante aquele período desesperador. Se tivemos uma Prefeitura omissa, o mesmo não podemos dizer da União. Vieram auxílios financeiros, empréstimos subsidiados, investimentos em reconstrução e o adiamento do pagamento da dívida do Estado. Se não fosse um olhar digno para as pessoas afetadas nas enchentes e suas necessidades, talvez alguns estivessem comemorando. Mas a opção feita foi por socorrer o Rio Grande do Sul”, ponderou a vereadora.
Ao final da votação, Eliton Ávila (Podemos) explicou que sua oposição à moção não guarda relação com seu posicionamento político. “Serei contrário a todas as manifestações relacionadas ao radicalismo que vivemos neste país. Não compactuo com o governo Lula, mas acredito que este parlamento pode muito mais do que debater moções radicais, indiferentemente do lado. Temos que gastar energia em prol da nossa cidade. Hoje, minha prioridade é a população de Novo Hamburgo”, finalizou.
Como foi a votação*:
- Votaram a favor: Daia Hanich (MDB), Deza Guerreiro (PP), Felipe Kuhn Braun (PSDB), Giovani Caju (PP), Ico Heming (Podemos), Ito Luciano (Podemos), Joelson de Araújo (Republicanos), Juliano Souto (PL), Nor Boeno (MDB) e Ricardo Ritter – Ica (MDB)
- Votaram contra: Eliton Ávila (Podemos), Enio Brizola (PT) e Professora Luciana Martins (PT)
* O presidente Cristiano Coller (PP) votaria apenas em caso de empate.
O que é uma moção?
A Câmara se manifesta sobre determinados assuntos – aplaudindo ou repudiando ações, por exemplo – por meio de moções. Esses documentos são apreciados em votação única e, caso sejam aprovados, cópias são enviadas às pessoas envolvidas. Por exemplo, uma moção louvando a apresentação de um projeto determinado no Senado pode ser enviada ao autor da proposição e ao presidente daquela casa legislativa.