Emília Sauer: cidadã de Novo Hamburgo que mudou o cenário da cultura regional
"Mais uma vez, obrigada. Quero saudar Novo Hamburgo, através dos parlamentares, através do povo, com muita emoção, muita gratidão. Os vereadores sempre nos deram o ânimo de continuar. Eu jamais sonhei em receber esse prêmio", disse Emília.
A concessão da honraria pela Câmara Municipal de Novo Hamburgo teve de ser adaptada devido à pandemia do novo coronavírus. Em vez da costumeira sessão solene, a homenagem ocorreu durante parte do Expediente da sessão plenária. Dois vídeos produzidos pela TV Câmara NH foram exibidos: um com depoimentos de historiadores, artistas e admiradores; outro, com a entrega para Dona Emi do quadro com o certificado da cidadania hamburguense e da foto emoldurada que estará na galeria dos cidadãos. O registro da concessão do título foi feito nesta manhã em visita realizada pelo presidente da Câmara, Gerson Peteffi (MDB), e Felipe Kuhn Braun (PP), proponente da homenagem, ao lar de idosos no qual a artista vive.
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Da tribuna, Felipe agradeceu aos amigos de Dona Emi, que dedicaram o seu tempo, mesmo em um período de restrições, para fazer um relato sobre a história bem-sucedida dessa musicista que possibilitou a formação cultural de centenas de pessoas e a mudança do cenário artístico da cidade ao longo de 70 anos.
"Não conseguimos falar sobre a história da cultura da nossa cidade no século 20 sem citá-la", afirmou o historiador Paulo Daniel Spolier, lembrando sua fibra e coragem ao montar uma escola de artes em 1950, junto à mãe e à irmã após a morte trágica do pai em um acidente de carro. Os depoimentos foram entremeados pelos acordes de piano que sempre a encantaram. Além de falar sobre a importância de Dona Emi na sua formação, a pianista Olinda Allessandrini tocou a valsa Confidências, de Ernesto Nazareth, como forma de homenageá-la em vídeo. Também falaram sobre a importância de Emília: Angelo Reinheimer, curador da Fundação Scheffel; Celi Teresinha Reinhardt, ex-Diretora da Escola Municipal de Artes; Suzana Kunz, publicitária; e Margit Kolling, bailarina e amiga.
Raul Cassel (MDB) parabenizou Felipe pela sensibilidade da escolha, mencionando que as homenagens anteriores eram mais ligadas ao empreendedorismo e, poucas vezes, recaíram sobre aqueles que incentivaram as artes. O vereador também lembrou o papel fundamental da pianista para a criação da Feevale. “Que possa ser um exemplo a todos que se dedicam às diversas manifestações artísticas dentro da cidade”, finalizou, apontando que três gerações tiveram a influência da artista em suas carreiras e formações.
Peteffi, que acompanhou a entrega do título pela manhã, disse ter percebido nos olhos de Dona Emi a emoção pela conquista e reconhecimento da Casa Legislativa e do povo de Novo Hamburgo.
Mesmo sem a presença da homenageada, o descerramento da imagem da instrumentista na Galeria dos Cidadãos, localizada no saguão do Parlamento, foi marcado por emoção. Todos os vereadores acompanharam o momento da revelação da fotografia e dos dados biográficos que ficarão na história da cidade.
Vida: piano e ensino
Natural de Ijuí, Dona Emi, como se tornou conhecida em sua trajetória profissional, nasceu em 25 de julho de 1922. Seis anos depois, mudou-se para Lomba Grande, após seu pai candidatar-se à vaga de pastor na Comunidade de Confissão Evangélica Luterana. Com a única irmã, Elizabetha, foi interna da Fundação Evangélica de Novo Hamburgo e, posteriormente, estudou música no conservatório Carlos Gomes, no Colégio São José, de São Leopoldo.
Após esse período, as duas atuaram como professoras da instituição por quatro anos. Juntamente à mãe, poetisa e escritora, Emi e Elizabetha criaram uma pequena escola na qual ensinavam música e idiomas. O desafio foi imposto à família após a morte do pai. Com o passar do tempo e algumas mudanças de endereço, o empreendimento cresceu e ganhou importância no município, transformando-se no Instituto de Belas Artes de Novo Hamburgo (IBA).
Pianista, Emi foi responsável pela formação musical de inúmeros alunos ao longo de sua carreira. Na década de 1960, mesmo tendo deixado a direção da instituição por apelo de seu marido, o austríaco Alfredo Häckl, prosseguiu trabalhando com canto orfeônico no colégio Visconde de São Leopoldo e musicoterapia na Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae).
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