Comissão parlamentar apoia permanência de unidade da Uergs em Novo Hamburgo
Representando a comissão, Brizola, Felipe e Patricia participaram como convidados de uma reunião do Conselho Consultivo do Campus Regional 1 da Uergs, que abrange também os institutos de Guaíba, Osório e Porto Alegre. O encontro, realizado na sede da instituição de ensino em Novo Hamburgo, junto à Fundação Liberato, foi pautado justamente pelo encerramento das atividades da unidade, previsto para 31 de dezembro.
Uma das 24 unidades da Uergs, o polo hamburguense não oferta novas turmas desde que o Conselho Superior da Universidade (Consun) decidiu, no final de 2013, pela transferência dos cursos para Porto Alegre. Implantada em 2002, a unidade formou 217 profissionais nos bacharelados de Engenharia de Bioprocessos e Biotecnologia e Engenharia de Energia, bem como no curso superior de Tecnologia em Automação Industrial. Hoje, são apenas sete alunos ativos.
“Tínhamos em torno de 20 professores lotados aqui. Também chegamos a atender turmas de outras cidades em razão da nossa infraestrutura laboratorial”, lembrou o chefe da Unidade Novo Hamburgo, Wallace Duarte. Em parceria com a Prefeitura, a Uergs também conta no município com uma turma de especialização em Docência em Ensino Religioso, com 24 estudantes matriculados.
A diretora do Campus Regional 1, Adriana Abreu, lembrou que a decisão do Consun foi tomada antes da constituição do Conselho Consultivo, o que impediu a abertura de espaço para manifestação de moradores da região. A educadora, que também preside o Conselho, disse que é preciso identificar as necessidades da população e dos municípios. “Como a comunidade local precisa da Uergs? O que eles esperam dessa unidade?”, levantou.
Os conselheiros pontuaram a necessidade de cautela nas tratativas, mas salientaram que a manutenção das atividades em Novo Hamburgo seria especialmente benéfica para o curso de Bioprocessos e Biotecnologia. De qualquer forma, eles frisaram a importância de se pensar a união dos bacharelados em engenharia em apenas um local, otimizando processos pedagógicos e facilitando o compartilhamento de corpo docente. O principal ponto de acordo durante o debate foi sobre a necessidade de obtenção de uma sede própria. “Precisamos ter um novo local. Isso nos dará maior visibilidade”, concordou Adriana.
Encaminhamentos
Além do pleito por uma nova sede, o Conselho Consultivo definiu como diretrizes de sua atuação o fortalecimento de diálogo com a comunidade da região e a busca pela centralização da oferta regular do curso de Engenharia de Bioprocessos e Biotecnologia em Novo Hamburgo. Formalizados em ata, os encaminhamentos serão levados agora à próxima reunião do Consun, único órgão que poderá reverter a decisão pelo fechamento da unidade no Vale do Sinos.
Adriana resgatou que a Fundação Liberato chegou a ceder um terreno para a construção de um prédio da Uergs, o que não ocorreu por restrições orçamentárias. Com a decisão do Consun, a área foi devolvida. O vereador Enio Brizola lamentou o corte de investimentos na educação. “A maior parte dos recursos utilizados para financiar as emendas parlamentares, garantindo que os deputados votem a favor da Reforma da Previdência, saíram da educação. Serão R$ 60 milhões que o Estado deixará de receber”, argumentou.
O parlamentar também revelou identificar como um erro estratégico da Uergs a não participação no diálogo pela reorganização econômica da cidade, mas comemorou a adesão da instituição à segunda edição do Seminário de Desenvolvimento Econômico de Novo Hamburgo, que está sendo fomentado pela Câmara. “O histórico econômico do nosso município sempre foi baseado no setor coureiro-calçadista. Todas as cadeias produtivas foram pensadas com base no segmento. A Uergs, através de seus cursos, dialoga com a atual realidade econômica, humana e ambiental da cidade. Os cursos sintonizam com as possibilidades de uma diversificação maior da nossa economia. A Uergs tem que dialogar com as necessidades da cidade, sendo uma ferramenta a serviço do desenvolvimento. Acho que é com essa proposta que podemos ter a sensibilidade dos nossos gestores para uma parceria maior”, sugeriu.
Patricia Beck ressaltou que instituição e população devem se unir para conquistar a permanência das graduações gratuitas na cidade. Ela lembrou ainda que a Comissão de Educação da Assembleia Legislativa também deverá aderir ao pleito. “Assim como eu fiquei encantada, e já estou tentando ver outros parceiros para lutar pela permanência, acredito que a comunidade também fará sua parte”, apontou. Felipe Kuhn Braun garantiu que, embora a Câmara não possa tomar decisões, o Parlamento pode intensificar o movimento em prol da continuidade do polo hamburguense e até mesmo solicitar à Prefeitura a cedência de um espaço. “Estamos sempre à disposição. Sabemos o quanto a educação pública é importante para os jovens da nossa cidade”, enalteceu.
Comissão especial
Previstas pelo Artigo 77 do Regimento Interno da Câmara, as comissões especiais do Legislativo hamburguense são constituídas para analisar matérias de relevância, podendo encaminhar a convocação de secretários municipais e diretores de autarquias, bem como promover audiência pública. Os grupos são compostos por, no mínimo, três membros, observando, sempre que possível, a proporcionalidade partidária. Com prazo determinado de encerramento, as comissões especiais são concluídas com a apresentação de relatório ou projetos de lei, resolução ou decreto legislativo.