Coedu busca parceria da Cultura com o Emancipa NH
O coordenador-geral do movimento Emancipa Novo Hamburgo, Felipe Ventre, acompanhado dos professores Camila Eninger e Pedro Backes, apresentou o trabalho desenvolvido pelo grupo e lembrou que o pré-universitário vai além da capacitação para a disputa em vagas nas instituições de ensino superior; ele prepara o estudante para estar na universidade. “Estamos indo para o sexto ano de atuação de um movimento que compõe uma rede com diversas ações em todo o país. E, mesmo com a pandemia, nossos educadores não deixaram de ter contato com os estudantes”, afirmou.
Ventre lembrou que os três primeiros anos de aulas presenciais ocorreram na ocupação cultural Casa da Praça, o que permitiu ao Emancipa diversificar o processo de ensino ao entrar em contato com dinâmicas mais criativas. Salientou, no entanto, a necessidade de a retomada das aulas se dar em uma localização de mais fácil acesso aos jovens. Backes comentou que o grupo está realizando uma série de visitas às escolas de ensino médio e que, nos primeiros dias, quase 400 alunos já demonstraram interesse de participar do pré-vestibular. Para Camila, a possibilidade de entrar na universidade revela que os jovens podem sonhar com perspectivas que vão além da realidade na qual estão inseridos.
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O presidente da Coedu, Felipe Kuhn Braun (PP), reforçou o engajamento da Câmara na luta por uma sede para o projeto. Enio Brizola (PT), que integra também a Comissão de Direitos Humanos e Cidadania (Codir), pontuou as dificuldades enfrentadas pelos estudantes da rede estadual, com falta de professores e salas lotadas. Ele considera fundamental que a cidade possa viabilizar esse espaço central, oferendo aos jovens igualdade de condições na disputa com aqueles oriundos de escolas privadas. Já Lourdes Valim (Republicanos), que exerce a função de secretária tanto na Coedu quanto na Codir, destacou a importância do reforço escolar, que deverá ser ofertado também na nova sede.
Ralfe Cardoso discorreu sobre o trabalho desenvolvido pela pasta e a preocupação com a retomada do setor cultural, um dos mais afetados pela pandemia. Dentre as ações, citou o Colorindo Caminhos, programa iniciado na região do Kephas que atua na promoção da saúde mental por meio de políticas culturais. O secretário agradeceu a provocação da Câmara na busca de uma parceria com o Emancipa, mas deixou claros os limites entre educação e cultura. A partir disso, sugeriu que o movimento possa refletir também em como promover iniciativas com um viés mais cultural.
Sobre o espaço pleiteado, Ralfe sinalizou positivamente para a cedência temporária de salas no prédio onde está localizado o Teatro Municipal Paschoal Carlos Magno. “Além da estrutura física, que para nós deve ser prioridade para os profissionais da área, podemos pensar parcerias para levar cultura a esses estudantes, também disponibilizando estruturas disponíveis pela secretaria, como o cinemóvel e equipamentos de audiovisual.” O secretário acenou também com a possibilidade de se criar uma unidade da biblioteca pública municipal destinada aos participantes do cursinho. Para tanto, ressaltou a necessidade de formalização do grupo para a efetivação da parceria com o poder público. Também estiveram presentes na reunião o chefe de gabinete da Secult, Leonardo Rosa, e a assessora Sandra Seewald.
Por fim, o gestor sugeriu que o grupo faça uma visita ao local para verificar se as salas atendem à necessidade. Também reforçou a importância de dialogar com a Secretaria de Segurança para que seja disponibilizado um guarda municipal para ficar na portaria do prédio.
Moção de apoio
Nesta segunda-feira, 14, o assunto foi trazido à pauta da sessão plenária. Por iniciativa das Comissões de Educação e de Direitos Humanos, a Câmara aprovou moção de apoio ao Emancipa Novo Hamburgo e ao pleito pela cedência de local centralizado para a realização de seus trabalhos. “Trata-se de um movimento social que atua na construção coletiva de uma educação libertária. O Emancipa é um grande parceiro na busca por um futuro justo para os nossos jovens, tornando-os capazes de transformar suas próprias vidas e garantindo que não abandonem seus sonhos”, enaltecem os autores.
O documento destaca que o curso pré-vestibular foi criado em 2017 e, após dois anos de pandemia, o grupo projeta o retorno da iniciativa às salas de aula. “O poder público municipal tem total interesse em fortalecer o cursinho pré-universitário, uma vez que o aperfeiçoamento educacional de nossos jovens é um interesse e um dever de todos”, afirmam os vereadores. O planejamento do Emancipa Novo Hamburgo inclui ainda a oferta de aulas diurnas de reforço e monitoria, a promoção de cursos de formação para educadores e a instalação de uma biblioteca comunitária com títulos literários e apostilas.
Presente à sessão, o coordenador Felipe Ventre reiterou os danos educacionais sofridos pelos estudantes em decorrência da pandemia. “Esses dois anos em que os adolescentes ficaram afastados das escolas trouxeram um prejuízo que não é recuperável. O que temos encontrado é uma realidade com a qual jamais havíamos lidado. O Emancipa se coloca à disposição para que possamos construir soluções para os desafios que a educação pública nos apresenta. É a isso que nos dedicamos, inclusive”, explicou.
Felipe Kuhn Braun enalteceu o trabalho voluntário dos professores que integram o movimento e reforçou o apoio ao pleito por um espaço que auxilie, eduque e invista nos jovens de Novo Hamburgo. “Vivemos em um estado com escolas sucateadas. Não é à toa que o Rio Grande do Sul, que liderava índices na década de 1970, hoje ocupa posições intermediárias em rankings nacionais de educação”, contextualizou.
Aprovada por todos os vereadores presentes, a Moção nº 8/2022 será enviada à prefeita Fátima Daudt e aos secretários de Desenvolvimento Social, Eliton Ávila, e de Educação, Maristela Guasselli.
O que são as comissões?
A Câmara conta com oito comissões permanentes, cada uma composta por três vereadores. Essas comissões analisam as proposições que tramitam pelo Legislativo. Também promovem estudos, pesquisas e investigações sobre temas de interesse público. A Lei Orgânica Municipal assegura aos representantes de entidades da sociedade civil o direito de participar das reuniões das comissões da Casa, podendo questionar seus integrantes. As comissões se reúnem semanalmente na sala Sandra Hack, no quarto andar do Palácio 5 de Abril.