Vereadores seguem mobilizados mesmo após governador anunciar que cortes na saúde foram adiados para 2022

por Tatiane Souza última modificação 31/08/2021 15h17
30/08/2021 – O corte de R$ 21 milhões para o Hospital Municipal anunciado pelo governo estadual por meio do programa Assistir continua mobilizando vereadores, prefeitos, secretários e deputados em todo o Rio Grande do Sul. Após longos debates no Legislativo hamburguense, o presidente Raizer Ferreira (PSDB) noticiou no final da sessão desta segunda-feira, 30, que o governador Eduardo Leite, após reunião realizada com prefeitos da Associação dos Municípios da Região Metropolitana (Granpal), garantiu que os cortes não serão realizados até janeiro de 2022. No entanto, o Requerimento nº 1.258, de autoria de Ito Luciano (PTB), e assinado pelos demais vereadores presentes na sessão, já havia sido aprovado, e indaga sobre qual o critério utilizado para diminuir o repasse ao Município.
Vereadores seguem mobilizados mesmo após governador anunciar que cortes na saúde foram adiados para  2022

Foto: Jaime Freitas/CMNH

Conforme a assessoria de comunicação do Palácio, o governo determinou um período de transição até a adoção total dos critérios previstos pelo programa. A aplicação começaria com a competência de setembro de 2021 (pagamento em outubro) e se encerraria na competência de junho de 2022 (pagamento em julho), quando já estaria implantado na totalidade.

Durante a reunião desta segunda-feira, o governador apresentou uma nova proposta, com uma transição escalonada. Assim, as instituições que terão redução dos valores com o Assistir entrarão no processo de transição somente a partir da competência de janeiro de 2022, e os valores serão reduzidos em seis parcelas iguais até a competência de junho de 2022. 

“É uma proposta que vai exigir um esforço financeiro do governo, porque não reduziríamos os repasses agora para os que terão redução e elevaríamos os incentivos para quem terá acréscimo. Um impacto de R$ 52 milhões extras nas nossas contas com essa transição escalonada, dos quais R$ 36 milhões para os municípios da Granpal e o restante para as outras regiões. É uma proposta que trazemos à mesa, na medida em que vamos ter de avançar para estabelecer critérios transparentes, e não tem como acharmos um critério que mantenha todos os hospitais sem qualquer perda”, afirmou Leite.

Governo debate regras do programa Assistir com prefeitos da Região Metropolitana

Ameaça de corte de quase R$ 21 milhões anuais para o Hospital Municipal mobiliza vereadores em Novo Hamburgo

Saiba o que é o Programa Assistir

O que solicita o requerimento?

O requerimento em nome de toda a Câmara Municipal será encaminhado ao governador Eduardo Leite e à secretária da Saúde, Arita Bergmann. O documento destaca a excessiva quantidade de atendimentos prestado pelo Hospital Municipal de Novo Hamburgo, dentro de suas inúmeras áreas (como UTI, cirurgias, obstetrícia, clínica, urgências, neurologia, cardiologia e traumatologia). Além disso, destaca que a casa de saúde realiza atendimento para cidadãos de diversas cidades da região, constituindo-se em um “verdadeiro hospital regional”. 

Segundo o requerimento, o Hospital Municipal recebe atualmente R$ 32.888.729,28 e, quando implantado o programa, receberá R$ 11.918.550,00, o que traz uma redução de 64% do valor atual. “A medida, além do deficit atual de aporte financeiro, constituirá uma verdadeira catástrofe financeira ao Hospital Municipal, podendo, inclusive, trazer, num futuro próximo, a redução drástica nos atendimentos”, defendeu Ito Luciano. 

Dentre os questionamentos, os parlamentares hamburguense indagam os critérios estabelecidos para essa drástica redução de valores do repasse; as medidas compensatórias que serão estabelecidas pelo governo Estadual para reduzir o rombo de 64% no orçamento do hospital; e como serão orientadas as secretarias municipais de saúde das cidades vizinhas a Novo Hamburgo cujos cidadãos utilizam-se dos serviços do hospital.

Raizer falou que, na última sexta-feira, 27, tentou agendar junto à Casa Civil um encontro com todos os vereadores de Novo Hamburgo – o que aconteceria nesta segunda, 30. O órgão pediu, no entanto, que suspendêssemos a comitiva a fim de que os técnicos pudessem planejar um relatório para apresentar ao grupo. E prometeram que na terça-feira, 31, apresentarão uma data e uma hora para nos receber”, explicou o tucano. 

Ito reforçou que os vereadores não devem baixar a guarda e, sim, lutar para que o governador realmente engavete a decisão. 

Enio Brizola (PT) disse que está de acordo em manter-se mobilizado. E convidou os demais edis para uma reunião sobre o tema, online e pluripartidária, que será realizada com diversos vereadores da região na próxima quarta-feira. 

Gerson Peteffi (MDB) destacou o protagonismo da Câmara, que se organizou em um movimento forte, coeso e organizado. “Teremos uma trégua, mas a guerra continua. Não podemos baixar a guarda. Temos de nos manter atentos e não deixar descansar a equipe do governador para mostrar que Novo Hamburgo tem vez e voz”, afirmou. 

Ricardo Ritter – Ica (PSDB) também salientou o caráter unânime e pluripartidário da pauta. “É um cavalo de Troia. Em janeiro desembarca o mesmo problema. Que esse presente grego não venha a ser dado quando estivermos desmobilizados”. O parlamentar destacou o relatório e os números apresentados pelo secretário Naasom Luciano durante a sessão plenária do dia 25 de agosto.

Leia o Requerimento nº 1.258/2021 na íntegra.

Deputado oferece apoio aos legisladores

O deputado estadual Issur Koch (PP) esteve presente na sessão plenária desta segunda-feira. Ele ocupou a tribuna para relatar o que está acontecendo na Assembleia Legislativa sobre o assunto. Segundo Issur, após muita pressão, especialmente da Granpal, o início dos cortes foi postergado. Ele se colocou à disposição para intermediar a reunião do parlamento com a Casa Civil. “Ficar falando entre nós não adianta em nada. Precisamos discutir nas agendas que o governo der. O próprio governo do Estado anunciou no início do ano um superavit de R$ 2,7 bilhões. Isso corresponde a dois orçamentos de Novo Hamburgo. Todas as propostas que o governador mandou, em termos de economia e enxugamento da máquina pública, passaram e foram aprovadas pela Assembleia. Nada, então, justifica esse corte na saúde”, apontou. O deputado ainda questionou o fato de o governo citar os apontamentos do Tribunal de Contas do Estado (TCE/RS) para propor o Assistir. “É controverso, porque não cumprem o próprio apontamento do TCE que é a obrigatoriedade de investir 12%, no mínimo, na área da saúde”, finalizou.