TV Câmara - Programa traz esclarecimentos sobre o Transtorno do Espectro Autista
A psicóloga explicou que o autismo é entendido como um transtorno de espectro no qual cabe uma variação de graus de acordo com o comprometimento em relação à linguagem e, sobretudo, à interação social, com questões ligadas também à inteligência. Estima-se que no País, atualmente, existam 2 milhões de autistas.
Lisiane revela que autismo vem da ideia de isolamento que, segundo ela, nada mais é do que uma autodefesa. “Os autistas entendem as coisas que acontecem no ambiente como uma ameaça e ele precisa se defender disso. Quando se mostra ao meio, a sensação, para ele, é de despedaçamento, uma angústia muito primitiva”, explica.
Embora, admita que nasçam mais meninos autistas do que meninas, a psicóloga falou que o campo ainda é de incertezas. “Em relação às causas, falamos em multifatorialidade, multideterminação. Isso quer dizer que devemos pensar em fatores genéticos e ambientais e não cada um isoladamente”, disse. Sobre o diagnóstico, Lisiane alertou que é preciso se ter muito cuidado. “Até o terceiro ano de vida, costumamos utilizar como protocolo um instrumento que se chama Indicadores de Risco para o Desenvolvimento Infantil, no qual por meio de alguns sinais, podemos levar riscos ou a probabilidade de uma criança se encaminhar para o autismo. Com essas informações em mãos, podemos atuar de forma precoce, principalmente no primeiro ano de vida”, explicou. Ela destacou também a importância do médico pediatra e dos educadores na detecção precoce do autismo. “Pai e mãe geralmente negam a situação. Por isso é importante capacitar esses profissionais para estarem atentos aos sinais que a criança dá. É preciso sensibilidade para entender que a criança está apontando para alguns riscos, como não dirigir o olhar, o bebezinho não entrar em um jogo integrativo, inclusive, com a própria mãe. São 31 indicadores”, apontou, ao enfatizar que neste processo os pais também precisam de apoio psicológico.
No âmbito da inclusão social dos autistas, segundo a professora, ainda é preciso trabalhar muito para que as escolas efetivamente a realizem com sucesso. “Não basta garantir a matrícula em uma instituição de ensino, temos de garantir o aprendizado e isso exige todo um trabalho de formação dos professores, tendo em vista que a prática da inclusão não vem de longa data. Precisamos ainda aprender muito, trabalhar muito e, sobretudo, repensar a escola para que ela possa abrir as suas portas para todas as crianças, independente se tem autismo, alguma síndrome ou qualquer outra deficiência”, defende.
Durante a entrevista, Lisiane destaca que atividades como o esporte, a música e as artes plásticas são ferramentas que podem trabalhar positivamente as potencialidades dos autistas. “Nós não somos o diagnóstico. Temos muitas potencialidades para desenvolver que estão para além do autismo. Por isso, é essencial que possamos pensar no que podemos oferecer àquela criança que possa ser um canal de abertura, sem que seja ameaçador a ela”, defendeu.
Judô inclusivo
Durante o Vitalidade, também trazemos uma reportagem realizada na Fundação Liberato sobre como o judô tem trazido mais qualidade de vida para crianças e adolescentes autistas aqui no Município. De acordo com o educador físico e pai de um adolescente autista, Cleber Machado, as atividades propostas pelo judô demonstram que áreas como a memória, equilíbrio e concentração são muito estimuladas. “Alterações cerebrais podem ser melhoradas e desenvolvidas com a prática, tais como, autoconfiança, autonomia e até a diminuição de estereotipias (repetição de movimentos como balançar as mãos ou bater os pés, por exemplo). Podemos acrescentar ainda como ganhos proporcionados, o desenvolvimento da coordenação motora, da interação social e da linguagem”, sintetizou.
Além disso, contamos a história da Associação dos Pais e Amigos do Autista de Novo Hamburgo (AMA), presidida por Sandra Rosa. A entidade nasceu das dificuldades de uma mãe em encontrar terapias adequadas para o filho diagnosticado com TEA. A Ama presta esclarecimentos, orientações aos familiares e atendimento assistencial, terapêutico, clínico e educacional especializados.
Confira a entrevista na íntegra:
Vitalidade
O Vitalidade é um programa sobre saúde, bem-estar, comportamento e qualidade de vida que vai ao ar pela TV Câmara, canal 16 da NET. Ele é apresentado pela jornalista Tatiane Lopes desde 2012. Sugestões de pauta podem ser enviadas para o e-mail tv@camaranh.rs.gov.br.
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