TV Câmara - Programa traz esclarecimentos sobre o Transtorno do Espectro Autista

por Tatiane Souza última modificação 29/05/2019 12h04
24/05/2019 - O Transtorno do Espectro Autista (TEA) foi o assunto do programa Vitalidade exibido nesta semana pela TV Câmara, canal 16 da NET. Segundo dados de 2017 da Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 70 milhões de pessoas no mundo são autistas. No Brasil, 150 mil novos casos são diagnosticados por ano conforme o Hospital Israelita Albert Einstein. A psicóloga Lisiane Oliveira Menegotto, mestre e doutora em Psicologia do Desenvolvimento e professora da Universidade Feevale, foi a entrevistada em estúdio. Ela frisou que toda criança tem muitas potencialidades para desenvolver e que diagnóstico não deve ser destino. O programa também mostra uma reportagem sobre judô inclusivo, uma das diversas atividades proporcionadas pela Associação dos Pais e Amigos do Autista de Novo Hamburgo (AMA).
TV Câmara - Programa traz esclarecimentos sobre o Transtorno do Espectro Autista

Foto: Kassiane Michel/CMNH

A psicóloga explicou que o autismo é entendido como um transtorno de espectro no qual cabe uma variação de graus de acordo com o comprometimento em relação à linguagem e, sobretudo, à interação social, com questões ligadas também à inteligência. Estima-se que no País, atualmente, existam 2 milhões de autistas. 

Lisiane  revela que autismo vem da ideia de isolamento que, segundo ela, nada mais é do que uma autodefesa. “Os autistas entendem as coisas que acontecem no ambiente como uma ameaça e ele precisa se defender disso. Quando se mostra ao meio, a sensação, para ele, é de despedaçamento, uma angústia muito primitiva”, explica. 

Embora, admita que nasçam mais meninos autistas do que meninas, a psicóloga falou que o campo ainda é de incertezas. “Em relação às causas, falamos em multifatorialidade, multideterminação. Isso quer dizer que devemos pensar em fatores genéticos e ambientais e não cada um isoladamente”, disse. Sobre o diagnóstico, Lisiane alertou que é preciso se ter muito cuidado. “Até o terceiro ano de vida, costumamos utilizar como protocolo um instrumento que se chama Indicadores de Risco para o Desenvolvimento Infantil, no qual por meio de alguns sinais, podemos levar riscos ou a probabilidade de uma criança se encaminhar para o autismo. Com essas informações em mãos, podemos atuar de forma precoce, principalmente no primeiro ano de vida”, explicou. Ela destacou também a importância do médico pediatra e dos educadores na detecção precoce do autismo. “Pai e mãe geralmente negam a situação. Por isso é importante capacitar esses profissionais para estarem atentos aos sinais que a criança dá. É preciso sensibilidade para entender que a criança está apontando para alguns riscos, como não dirigir o olhar, o bebezinho não entrar em um jogo integrativo, inclusive, com a própria mãe. São 31 indicadores”, apontou, ao enfatizar que neste processo os pais também precisam de apoio psicológico. 

No âmbito da inclusão social dos autistas, segundo a professora, ainda é preciso trabalhar muito para que as escolas efetivamente a realizem com sucesso. “Não basta garantir a matrícula em uma instituição de ensino, temos de garantir o aprendizado e isso exige todo um trabalho de formação dos professores, tendo em vista que a prática da inclusão não vem de longa data. Precisamos ainda aprender muito, trabalhar muito e, sobretudo, repensar a escola para que ela possa abrir as suas portas para todas as crianças, independente se tem autismo, alguma síndrome ou qualquer outra deficiência”, defende. 

Durante a entrevista, Lisiane destaca que atividades como o esporte, a música e as artes plásticas são ferramentas que podem trabalhar positivamente as potencialidades dos autistas. “Nós não somos o diagnóstico. Temos muitas potencialidades para desenvolver que estão para além do autismo. Por isso, é essencial que possamos pensar no que podemos oferecer àquela criança que possa ser um canal de abertura, sem que seja ameaçador a ela”, defendeu. 

Judô inclusivo 

Durante o Vitalidade, também trazemos uma reportagem realizada na Fundação Liberato sobre como o judô tem trazido mais qualidade de vida para crianças e adolescentes autistas aqui no Município. De acordo com o educador físico e pai de um adolescente autista, Cleber Machado, as atividades propostas pelo judô demonstram que áreas como a memória, equilíbrio e concentração são muito estimuladas. “Alterações cerebrais podem ser melhoradas e desenvolvidas com a prática, tais como, autoconfiança, autonomia e até a diminuição de estereotipias (repetição de movimentos como balançar as mãos ou bater os pés, por exemplo). Podemos acrescentar ainda como ganhos proporcionados, o desenvolvimento da coordenação motora, da interação social e da linguagem”, sintetizou. 

Além disso, contamos a história da Associação dos Pais e Amigos do Autista de Novo Hamburgo (AMA), presidida por Sandra Rosa. A entidade nasceu das dificuldades de uma mãe em encontrar terapias adequadas para o filho diagnosticado com TEA. A Ama presta esclarecimentos, orientações aos familiares e atendimento assistencial, terapêutico, clínico e educacional especializados. 

Confira a entrevista na íntegra:

 

Vitalidade

O Vitalidade é um programa sobre saúde, bem-estar, comportamento e qualidade de vida que vai ao ar pela TV Câmara, canal 16 da NET. Ele é apresentado pela jornalista Tatiane Lopes desde 2012. Sugestões de pauta podem ser enviadas para o e-mail tv@camaranh.rs.gov.br.

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