TV Câmara – Pesquisa com o objetivo de tornar o transplante mais acessível no Brasil é tema do Vitalidade desta semana
Tornar o transplante de órgãos no Brasil uma realidade mais acessível e diminuir as grandes filas de espera por uma doação é um dos objetivos da jovem Juliana Hoch, de 25 anos, e do sócio Eduardo Rodrigues. Juntos desde o tempo em que cursavam o ensino médio e o curso técnico em Química, na Fundação Liberato, hoje são sócios-fundadores da Vital Engenharia de Materiais e Nanotecnologia e apresentaram sua pesquisa nos Estados Unidos, China, Espanha, Brasil e Alemanha. Dentre os prêmios conquistados, destacam-se o da Sociedade Americana de Química, o da UNESCO (pela promoção da paz e desenvolvimento), as bolsas integrais na Unisinos e a patente da pesquisa.
Durante o programa, Juliana destacou que mesmo o Brasil sendo o segundo País que mais realiza transplante de órgãos no mundo, a fila de espera é grande. De acordo com a Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO), dados de março de 2019, há 22.616 pessoas esperando por um rim, 1.063, por um fígado, 228 pessoas esperando por um coração, 177 por um pulmão, 25 pelo pâncreas, 433 por pâncreas/rim e 9.442 pessoas aguardando por uma córnea, o que totaliza 33.984 pessoas adultas na fila de espera pela doação de órgão.
Conforme a pesquisadora, mesmo com esses índices, 70% dos órgãos passíveis de transplantes são descartados no Brasil. Mas por que são? Segundo Juliana, foi essa pergunta que norteou o início do trabalho ainda em 2011. “Desse percentual, 24% dos órgãos são descartados por causa de falhas em sua conservação e no transporte. Quando um órgão está apto para ser doado, todo o sangue é retirado e inserem nele o líquido conservante. Não é realizado transplante sem esse líquido, que possui um alto custo. R$ 1.500,00 o litro. Além disso, não existe empresa brasileira que faça a produção dele e nem de seus componentes. Também temos problemas com a logística, já que o líquido conservante tem validade de dois anos”, explicou.
Juliana esclarece que o preço elevado do produto se deve, principalmente, ao seu principal princípio ativo, o ácido lactobiônico, responsável por conservar a estrutura dos tecidos do órgão. Segundo ela, é este elemento que impede que o oxigênio atue e o degrade. “O nosso projeto inicial consiste em separar dois compostos de forma química, o ácido lactobiônico (conserva os tecidos dos órgão para poder ser feito o transplante) e o sorbitol (produto produzido juntamente ao ácido lactobiônico na sua síntese e que pode ser utilizado na indústria alimentícia, como na conservação da gelatina e do chocolate). Atualmente, o processo é feito fisicamente no mercado, por eletrodiálise, por isso é caro e lento.
Juliana, que também é uma empreendedora, fala no decorrer do programa sobre as outras aplicabilidades do ácido lactobiônico, principalmente na indústria da beleza. Ela também conta as dificuldades encontradas no caminho, tanto para a realização da pesquisa quanto, agora, como empreendedora da Vital. E destaca a importância do desenvolvimento e do incentivo da pesquisa no Brasil, seja no nível médio, técnico ou superior, nas diferentes áreas.
Ela reforça a importância de conversar com a família sobre doação de órgãos. E explica que a autorização para o transplante é realizado somente por um parente de primeiro grau (pai, mãe ou filho), por isso a necessidade de conscientizar a família sobre o desejo de ser um doador. Juliana destacou que uma vida pode salvar 27 pessoas. Além dos órgão, ossos e tecidos também podem ser doados.
Confira o programa na íntegra:
Vitalidade
O Vitalidade é um programa sobre saúde, bem-estar, comportamento e qualidade de vida que vai ao ar pela TV Câmara, canal 16 da NET. Ele é apresentado pela jornalista Tatiane Lopes desde 2012. Sugestões de pauta podem ser enviadas para o e-mail tv@camaranh.rs.gov.br.
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