TV Câmara – Especialista fala sobre impactos dos acidentes de trabalho no Brasil

por Tatiane Souza última modificação 06/05/2019 19h25
06/05/2019 – Para fechar o mês de abril e abrir as comemorações do mês do trabalho, o programa Vitalidade trouxe para a discussão o tema Abril Verde: cuidados com a saúde e segurança do trabalhador. A entrevista com o médico traumatologista Erik Henrichsen de Carvalho, especialista em diagnóstico e tratamento de lesões, fraturas e cortes nas mãos, já está no ar pela TV Câmara, canal 16 da Net, e no Youtube e Facebook da TV Câmara NH.
TV Câmara – Especialista fala sobre impactos dos acidentes de trabalho no Brasil

Foto: Kassiane Michel/CMNH

Em recentes dados publicados pelo IBGE, 35% dos acidentes de trabalho ocorrem nas mãos, braços e antebraços. A maioria dos danos são causados por objetos cortantes. Carvalho explicou que as lesões podem variar de pequenos esmagamentos a amputações grandes e massivas. Segundo ele, nem todos os acidentes têm a possibilidade da recuperação total do membro afetado, o que gera um grande impacto para a empresa e para o empregado. “A amputação pode impossibilitar que o profissional exerça a função anterior”, explicou. O especialista ressaltou que os membros superiores são os mais atingidos em acidentes de trabalho. Isso porque, segundo ele, a pessoa opera máquinas ou objetos cortantes com a mão muito perto da lâmina ou prensa.

O Ministério da Economia realizou durante todo o mês de abril a Campanha Nacional de Acidentes de Trabalho. Segundo os dados apresentados, a construção civil está entre as áreas com maior número de ocorrências. Já os frigoríficos estão no topo desse índice, nos quais, por dia, são registrados 54 acidentes. “Aqui na região temos uma atividade muito forte ainda nos curtumes referente ao corte e outros procedimentos que envolvam o couro, o que gera muitos acidentes. A indústria metalmecânica e as prensas injetoras também são protagonistas de acidentes de trabalho”, contou.

Para o médico, a imprudência tanto dos trabalhadores quanto dos empresários é um fator que deve ser considerado. “Nem todas as empresas fornecem de forma completa os Equipamentos de Proteção Individual (EPIs). Muitos profissionais são mal orientados. Só o uso de luva não evita um acidente, mas diminui o impacto. Pressa na realização de um trabalho e metas de produção elevadas, na minha opinião, são as principais causadoras de acidentes”, disse. Além disso, muitos acidentes são ocasionados por um terceiro que intervém no funcionamento de alguma máquina sem aviso prévio, por exemplo. Carvalho também destaca que o estresse de longas jornadas de trabalho e a atuação em função diferente da qual foi treinado aumentam os riscos. “Já avançamos muito no Brasil, mas ainda há muito para se avançar”, destaca. Fatores como o ambiente, o funcionamento adequado da máquina, a distração, seja pela conversa excessiva ou uso de fones de ouvido para músicas, também devem ser levados em conta.

Afastamento do trabalho

De acordo com o Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS), os casos de fraturas e ferimentos de punho e mão, fratura do antebraço e amputação traumática ao nível do punho e da mão estão entre os dez primeiros itens da lista para afastamento. Só em 2017, o instituto concedeu 196.754 benefícios a trabalhadores que precisaram ser afastados das atividades profissionais por mais de 15 dias devido a algum problema de saúde ocasionado pelo trabalho. A média foi de 539 afastamentos por dia.

Durante a entrevista, o profissional destacou ainda a importância dos equipamentos de proteção coletiva e da Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (Cipa). Segundo o médico, eltem atuação mista, de empregados e empregadores, e deve atuar de forma criativa para conscientizar o trabalhador sobre o uso dos EPIs e os tipos de acidentes que podem ocorrer em determinada atividade laboral. “É dever da Cipa prevenir, examinar e detectar os riscos. Tem de atuar e ser presente”, salientou.

Como proceder em casos de acidente

Primeiramente, temos de pensar no tipo de acidente, se foi cortante, o quando cortou. Se amputou, onde está o coto? Às vezes está na luva, em outras cai longe. Em casos de esmagamento, as pessoas costumam puxar a mão e, por isso, é importante levar o equipamento junto para o hospital. Sei que é um assunto pesado, mas é imprescindível agir de forma correta para que as chances de reconstrução do membro sejam aumentadas”, detalhou Carvalho. Segundo ele, é fundamental que o sangramento seja contido com um curativo compressivo. “Se a empresa tem alguém para auxiliar no processo, é mais fácil, como um enfermeiro, um técnico, ou alguém da medicina do trabalho. É importante também comunicar os gestores sobre o local onde aconteceu o acidente. Dessa forma, situações futuras podem ser evitadas”, esclareceu. O médico apontou que, para os que dependem do SUS, os hospitais universitários são as melhores escolhas. Não é uma decisão fácil, envolve questões financeiras, mas o acidentado tem até seis horas para tomar a decisão. Quanto mais perto do dedo, menor o vaso, mais difícil a reconstrução. Às vezes, não dá para reimplantar o dedo ou a mão. Mas existem cirurgias capazes de amenizar os danos, daí a importância do profissional especializado”, enfatizou. Para finalizar, ele destacou a forma correta de conduzir o membro amputado até o hospital. “Pegue o dedo, por exemplo, coloque dentro de um saco com água ou soro fisiológico e o acomode dentro de um recipiente de gelo e água. Jamais acondicione diretamente no gelo”, ensinou. 

O que é Abril Verde?

O Abril Verde foi criado com base no dia mundial em memória às vítimas de acidentes de trabalho, celebrado no dia 28, e no dia 7, o Dia da Saúde. A primeira data relembra o ocorrido em 1969, quando a explosão de uma mina na cidade de Fermington, na Virgínia (Estados Unidos), matou 78 trabalhadores. Esse episódio é caracterizado como um dos maiores e mais conhecidos acidentes trabalhistas da história. Já a cor verde está relacionada aos cursos da área de saúde, e por isso o símbolo da campanha é o laço verde. 

Confira o programa da íntegra:

Vitalidade

O Vitalidade é um programa sobre saúde, bem-estar, comportamento e qualidade de vida que vai ao ar pela TV Câmara, canal 16 da Net. Ele é apresentado pela jornalista Tatiane Lopes desde 2012. Sugestões de pauta podem ser enviadas para o e-mail tv@camaranh.rs.gov.br.

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