Seminário de Desenvolvimento Econômico: oficina promove iniciativas focando exportação
Rafaella iniciou a apresentação falando da vocação da Apex-Brasil como executora de políticas de promoção de exportações e investimentos em cooperação com o poder público. Conforme apontou, a missão da agência é conectar o mundo por meio dos produtos e serviços brasileiros em três frentes: promover as exportações brasileiras; atrair investimentos estrangeiros; e apoiar a internacionalização das empresas do Brasil. E é por meio da Apex que são executadas diversas ações estratégicas para promover a inserção competitiva das empresas brasileiras nas chamadas “cadeias globais de valor”, na atração de investimentos e na geração de empregos, além de apoiar empresas de pequeno porte.
“Os segmentos que são considerados competitivos recebem um olhar estratégico da Apex. Procuramos promover iniciativas como participação em feiras internacionais e missões prospectivas, comerciais e de internacionalização de negócios em diferentes continentes, proporcionar rodadas de negócios e estimular o Projeto Comprador, que tem como base incentivar rodadas de negócios realizadas no Brasil entre empresários brasileiros e compradores estrangeiros. O objetivo é capacitar os empreendedores para que conquistem mercados e consigam avaliar oportunidades de negócios”, explica a especialista.
Os números da agência são robustos. Em valores absolutos, as exportações das 15.737 empresas apoiadas pela Apex-Brasil, em 2018, ficaram na ordem de US$ 51,5 bilhões, o que equivale a 21,5% de tudo o que foi comercializado pelo país no exterior naquele ano. Foram exportados produtos para 233 mercados no mundo todo.
Os projetos de promoção de exportações são desenvolvidos em parceria com entidades setoriais para apoiar estratégias de comércio exterior em diversos segmentos da economia. Atualmente, existem cerca de 57 projetos setoriais apoiados, dos quais participam aproximadamente 5.925 empresas de diferentes áreas, como tecnologia, saúde, moda, máquinas, equipamentos, casa e construção, alimentos, bebidas e agronegócios.
“A Apex-Brasil oferece diversos programas para qualificar as empresas brasileiras para atuação no exterior, visando assim contribuir para o aumento da competitividade por meio de ações que promovam a inovação, a sustentabilidade, o design e a qualificação para a exportação”, frisou Rafaella.
Dentre os incentivos, destaca-se o Programa de Qualificação para Exportação (Peiex). “Por meio do Peiex buscamos qualificar empresas de pequeno e médio porte, que ainda não possuem conhecimento no comércio exterior, mas que queiram vender seus produtos para fora do país. O programa, então, prepara as empresas para que conquistem um mercado com nível de exigência bastante elevado”, ressalta a representante da Apex-Brasil. As ações do Peiex acontecem em locais onde há concentração empresarial e vão desde a implantação de soluções gerenciais, que dependem apenas do próprio empresário e de seus recursos disponíveis, até ações relativas a informação e ao acesso a mercados, que são processos externos.
Outros programas oferecidos pela agência são o Designexport e as oficinas de competitividade. O Designexport apoia o desenvolvimento de produtos e embalagens para exportação, sensibiliza a indústria para a temática, promove a cultura de inovação pelo design e busca dar visibilidade à indústria brasileira frente ao mercado internacional. Já as oficinas de competitividade promovem capacitações por meio de workshops sobre temas como administração estratégica, administração da produção, gestão financeira e planejamento para a internacionalização. A Apex-Brasil também atua com inteligência de mercado (levantamento de dados e informações), monitoramento e defesa de iteresses (monitoramento e divulgação de mudanças regulatórias e político-comerciais) e atração de investimentos (ações para promover e facilitar a atração de investimentos estrangeiros diretos com o objetivo de melhorar a imagem do Brasil como um mercado atrativo para aportes de capital estrangeiro).
Experiência na conquista de novos mercados
O diretor da Formello Formas, Matheus Mello, contou um pouco da trajetória da empresa. Localizada na cidade de Campo Bom, a indústria, com mais de quatro décadas de experiência, é voltada para o segmento calçadista, especializada no desenvolvimento e produção de formas para calçados. O empresário relatou que a empresa obteve apoio para o processo de internacionalização por meio da Associação Brasileira de Empresas de Componentes para Couro, Calçados e Artefatos (Assintecal) e do programa AL-Invest 5.0, um dos mais importantes projetos de cooperação internacional da Comissão Europeia na América Latina.
E a primeira experiência com exportação começou há cinco anos, com vendas direcionadas à Colômbia. “Quando fui levar os primeiros moldes para os Correios, não tinha ideia de que havia um nível alto de exigência, digo com relação ao detalhamento nas descrições do que estava sendo exportado. Claro que foi difícil compreender todas as condições impostas, mas essa primeira venda e as dificuldades encontradas foram fundamentais para que a empresa superasse os entraves e começasse a vender ao exterior”, disse Mello. Na sequência, a empresa começou a vender para Equador, Argentina e Bolívia.
Em 2018, a empresa exportava apenas 5% em valor de vendas. Hoje, 30% do faturamento vem da exportação. “Não houve um aumento no faturamento da empresa, o que aconteceu foi um redirecionamento de nossa produção, provocada pela crise no mercado interno. Precisávamos vender, e a exportação foi o caminho para equilibrar as contas”, explicou o empresário. “A ideia agora é esperar uma melhora no mercado interno nos próximos anos e manter, no mínimo, a atual taxa de exportação e os clientes que conquistamos no mercado internacional, para, aí sim, ter um aumento real no faturamento”, finalizou.