Secretário da Saúde fala sobre o enfrentamento à Covid-19 em Novo Hamburgo
Conforme dados divulgados pela Prefeitura no final da tarde desta segunda-feira, Novo Hamburgo já contabiliza 465 casos confirmados de Covid-19, sendo 12 mortes em decorrência da enfermidade. Apenas na última semana, foram quatro óbitos e 188 diagnósticos positivos. Ao todo, 3.191 pessoas já foram testadas. Ainda segundo o balanço diário do Executivo, a UTI do Hospital Municipal permanece lotada. Já os Hospitais Regina e Unimed registram, respectivamente, 52,9% e 85,7% de leitos ocupados. A Secretaria Estadual de Saúde (SES) confirmou 25 novos óbitos para o novo coronavírus nesta segunda-feira, 22. O Rio Grande do Sul também registrou 414 novos casos da doença. Até o momento, o total de casos confirmados é de 19.710 e 458 óbitos. O número estimado de recuperados é de 15.994 (81% dos casos).
Patricia Beck (PP) foi a primeira parlamentar a efetuar perguntas ao secretário da Saúde. Ela leu uma nota, datada em 17 de junho, encaminhada por uma parcela de agentes de saúde do Município. Com vários questionamentos, o documento aborda temas como as funções da categoria no período da pandemia, a coleta de assinaturas de pacientes visitados e a retestagem de casos positivados de funcionários. “Iniciei por este texto porque ele reflete muito o sentimento de tantos outros trabalhadores da saúde, por isso, peço que o senhor fale sobre o plano de contingência. Ao fazer a sua convocação para falar sobre o coronavírus, parece-me muito óbvio que abordemos sobre esse plano”, disse a vereadora.
Nassom Luciano informou que o instrumento de convocação da Câmara abordava sobre ações desenvolvidas pela secretaria da Saúde contra a Covid-19, e solicitou a parlamentar o encaminhamento de uma cópia do documento. “Convidarei a comissão que representa os agentes de saúde, signatários da carta, para uma agenda de diálogo, uma vez que a secretaria sempre esteve à disposição, caso fosse desejo dos nossos funcionários nos procurarem. Como agentes públicos, temos o dever e obrigação de receber quem nos procura, dessa forma, darei o devido direcionamento para que possamos entender os anseios desses funcionários”, destacou o secretário. Sobre o plano de contingência, informou que o documento encontra-se disponível no sítio eletrônico da Prefeitura, no portal da Saúde. “É por meio deste plano que são executadas as ações da pasta”. O secretário também relatou que o Hospital Municipal conta com um plano de contingência interno próprio, com normas técnicas e especificidades próprias.
Após a primeira fala, o secretário da Saúde fez aos vereadores uma apresentação dos dados financeiros dos investimentos realizados no enfrentamento da Covid-19 e as ações, de forma cronológica, da pasta durante o período de pandemia do coronavírus. “Desde janeiro, quando tivemos o primeiro caso suspeito, passamos a treinar os servidores na capacitação do enfrentamento da pandemia, para que eles estivessem aptos, desde o início da disseminação da doença, a lidar com essa nova realidade. Em fevereiro, trabalhamos com a rede hoteleira, em março, criamos o Gabinete de Gestão ao Coronavírus, composto por secretários municipais, para estabelecer diretrizes e ações de prevenção e combate à Covid-19”, relatou. Naasom lembrou da publicação dos Decretos nº 9155/2020, que suspendeu aulas na rede municipal, e o de nº 9160/2020, que decretou situação de emergência na cidade, finalizando sua apresentação com as ações realizadas em maio, como a divulgação do Plano Municipal de Contingência à infecção por Covid-19 e a higienização de todas as unidades de saúde do município.
Na sequência, Cristiano Coller (PTB) perguntou como será usado uma verba de mais de R$ 32 milhões, cedida pelo Governo Federal, e sobre a instalação de um hospital de campanha. O secretário informou que os recursos são advindos do Fundo de Participação dos Municípios - FPM, e que não estão vinculados apenas à área da saúde. “O que nós temos na portaria de disponibilidade de recursos financeiros para a área da saúde, de forma exclusiva, é de, mais ou menos, R$ 1.700.000,00, porque ele é parte de um pacote da saúde e da assistência social, em conjunto. Que gira em torno de R$ 3,5 milhões. O restante do recurso tem como base a pandemia do coronavírus, mas ele vem ajudar o Município nas mais diversas dificuldades que enfrenta agora, como a baixa arrecadação”. Sobre o hospital de campanha, o secretário informou que ele faz parte do planejamento da pasta, com o nome de hospital de retaguarda, e será implementado quando for necessário, após avaliação técnica.
Gabriel Chassot (PSDB) disse que recebeu contato de um cidadão reclamando das condições de higiene do centro de enfrentamento à Covid 19. O secretário solicitou ao parlamentar mais informações sobre o caso. “Nós não colocaríamos em internação pacientes que nós não pudéssemos dar as mínimas condições de higiene, tendo em vista que esta doença é muito infecciosa e, talvez, a maior prevenção, seja a higiene”, respondeu.
Raul Cassel (MDB) relembrou do isolamento social, destacando que boa parte da população aderiu no início, mas, a partir de maio, houve um ‘afrouxamento’ com relação aos cuidados de prevenção por parte das pessoas. “As consequências foram desastrosas e o que está se notando, de um lado, é uma preocupação exacerbada por parte de uns, de outro, pessoas que ainda negam a gravidade da situação”, contextualizou. O parlamentar perguntou ao secretário como a pasta lida com essa situação e de que forma trabalha para sensibilizar a população sobre a importância dos cuidados de prevenção. Naasom Luciano disse que, se não houver por parte da população adesão às medidas de distanciamento social controlado, a situação não será superada de forma adequada. “No nosso País, esse debate saiu da esfera da saúde pública e se tornou um embate político, de forças políticas, e isso é muito prejudicial para a superação dessa calamidade, para a saúde das pessoas, porque isso mais confunde, atrapalha, do que qualquer outra coisa, infelizmente”, relatou.
Felipe Kunh Braun (PP) propôs uma intermediação entre os agentes de saúde do Município e a secretaria da Saúde, por meio da Comissão Permanente de Saúde da Câmara. Naasom destacou que não há, por parte da secretaria, nenhuma possibilidade de constranger funcionário porque ele tem dúvidas, questionamentos ou sugestões a oferecer. “Quando nos propormos a atender uma comissão representativa é para entender, de fato, os anseios da categoria”, informou.
Fernando Lourenço (PDT) perguntou sobre a quantidade de respiradores em posse do Município e se estão totalmente operantes. “Com a chegada de mais cinco respiradores que o Estado enviou na última sexta-feira, temos agora, no total, 65 dispositivos. Todos, com exceção dos recém-chegados, estão em pleno funcionamento”, respondeu o secretário da Saúde.
Sergio Hanich (MDB) reforçou o pedido de informações sobre os futuros leitos de UTIs que serão instalados em Novo Hamburgo. “De que forma chegaram à secretaria esses cinco novos leitos?”, perguntou o parlamentar. O secretário informou que, quando o governador Eduardo Leite fez o anúncio para Novo Hamburgo, ainda em março, havia a expectativa de que eles viriam logo. “É de conhecimento público que na semana passada foram nos entregue cinco ventiladores de respiração mecânica. Um leito de UTI é bem mais que um ventilador. Estamos fazendo um esforço extraordinário para conseguir os equipamentos que faltam para poder viabilizar a instalação desses leitos”, explicou Naasom Luciano.
Enio Brizola (PT) destacou a importância da sanitização química na cobertura total de imunização em unidades de saúde e mostrou-se preocupado com a saúde mental dos funcionários do setor. “Quero aqui dar uma sugestão para que os trabalhadores desta área, principalmente os que atuam na ponta, recebam um tratamento psicológico adequado, por que há um abalo psicológico muito grande ao lidar com toda essa situação provocada pela epidemia", salientou o parlamentar.
Vladi Lourenço (PSDB) perguntou sobre qual tipo de atendimento será realizado no hospital de retaguarda, quando ele estiver operante. “Basicamente, esses leitos que serão disponibilizados serão clínicos e, possivelmente, de estabilização”, respondeu o secretário.
Gerson Peteffi (MDB) mostrou-se preocupado com a ocupação de leitos. Em Novo Hamburgo, a taxa é de 81,8% dos leitos de UTI ocupados em três hospitais (público e privados), conforme aponta os dados do governo estadual. Do total de 44 leitos disponíveis, 36 estão ocupados, sendo 10 por Covid-19, cinco com suspeita e 22 pacientes com outros tipos de doenças.
Ao final dos esclarecimentos aos parlamentares, Naasom Luciano agradeceu pela oportunidade de falar sobre a situação de enfrentamento à Covid-19. “Vamos continuar nos esforçando, trabalhando ao máximo, para que todos nós possamos superar esse momento, minimizar os efeitos de atuação e contágio dessa doença. Aqui faço um apelo para que possamos somar esforços, unidos com soluções práticas, objetivas, e que a população entenda a gravidade do que nós estamos vivendo, que as pessoas se conscientizem da importância de levar a sério tudo que está sendo informado, que formem suas opiniões baseadas em critérios técnicos, em fontes confiáveis, para que assim possamos salvar o maior número de vidas”, finalizou.
Bandeira vermelha
A avaliação do Estado sobre a região, que engloba ainda outros 14 municípios, é válida até o próximo dia 29. Na prática, a alteração para bandeira vermelha, que representa risco epidemiológico alto, impõe restrições mais severas. Conforme o modelo de Distanciamento Controlado, apenas estabelecimentos que vendem itens essenciais podem permanecer abertos, mantendo 50% de seus trabalhadores. Os demais locais de comércio devem ser fechados. Restaurantes e lancherias podem funcionar somente em sistema de tele-entrega, drive-thru e pegue-e-leve.
Nos shoppings, fica permitido o acesso exclusivamente a serviços essenciais, como farmácias, lavanderias e supermercados, que podem operar com até 25% de seus funcionários. As demais lojas devem ser fechadas, sem a circulação de pessoas. O mesmo teto de 25% é imposto à operação dos serviços públicos não essenciais. Já o funcionamento de academias, serviços religiosos, clubes sociais e esportivos e serviços de higiene pessoal – como salões de beleza e barbearias – volta a ser vedado.
Saiba mais sobre o que muda com a bandeira vermelha.
Entenda o Distanciamento Controlado implementado pelo Governo do Estado.