Rejeitado projeto que previa embarque noturno fora das paradas de ônibus em Novo Hamburgo
Caso fosse aprovada, a proposta seria acrescida à Lei Complementar nº 2.221/2010, que regulamenta o sistema de transporte público na cidade. Brizola defendeu na tribuna o PLC nº 14/2025, que, segundo ele, daria maior segurança aos usuários. “Muitas vezes, os pontos de parada não estão situados em locais adequados ou seguros, exigindo longos percursos a pé em vias isoladas ou mal iluminadas. Trata-se de uma iniciativa simples, de baixo custo, mas de alto impacto social, reforçando o compromisso do poder público com os usuários do transporte coletivo”, afirma o parlamentar.
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Posicionamento dos parlamentares
Segundo Brizola, a iniciativa nasceu de uma solicitação do sindicato dos sapateiros e sapateiras, que atuam no turno da noite. “O projeto é uma demanda, em sua maioria, das mulheres que trabalham na indústria calçadista. Não se trata de parar em qualquer lugar, mas dentro do itinerário, garantindo mais segurança a trabalhadoras, estudantes e demais usuários. Vamos dar prática aos discursos e aprovar este projeto”, defendeu o parlamentar.
Outros vereadores também apoiaram a proposta. Para a Professora Luciana Martins (PT), a discussão expõe a necessidade de melhorias estruturais no transporte. “É positivo que a empresa nos desafie a pensar em paradas mais seguras e iluminadas. Nosso transporte público é caro, subsidiado com dinheiro público, e precisa atender melhor à comunidade.”
O vereador Juliano Souto (PL) admitiu que reviu seu posicionamento: “Estudei melhor, ouvi as partes e mudei meu voto. Hoje tenho uma compreensão mais ampla do projeto.” Já Deza Guerreiro (PP) ressaltou a importância da flexibilidade no embarque noturno. “Votei a favor porque considero importante ter esse horário flexível para os passageiros.” Para Eliton Ávila (Podemos), o principal foi o debate em si. “A população ganha quando discutimos amplamente um tema como este.” No mesmo sentido, Ito Luciano (Podemos) aproveitou para criticar o sistema atual: “O valor da passagem em Novo Hamburgo é injusto diante da qualidade do serviço oferecido.”
Apesar das manifestações favoráveis, a proposta enfrentou resistência significativa. O vereador Joelson de Araújo (Republicanos) avaliou que a medida poderia trazer riscos adicionais: “O projeto é questionável. Muitos motoristas não vão querer parar em qualquer lugar por segurança. Isso só vai piorar a situação do transporte.”
Na mesma linha, Daia Hanich (MDB) enfatizou preocupações ligadas à segurança pública e ao impacto operacional. “A questão das mulheres é séria, mas já existe ordem de serviço que contempla situações específicas. Segurança pública deve ser prioridade: só neste ano, foram 16 assaltos. Se aprovado, o projeto afetaria 51 linhas, colocando motoristas sob pressão e prejudicando o sistema.”
Outro a mudar de posição foi o vereador Ricardo Ritter – Ica (MDB), que votou a favor no primeiro turno, mas recuou na segunda votação. “Cada parada extra leva cerca de um minuto e meio. Isso atrasa toda a linha. Espero que avancemos no transporte público, mas este projeto traria prejuízos.”
Como foi a votação em plenário:
- Votaram a favor (7): Cristiano Coller (PP), Deza Guerreiro (PP), Eliton Ávila (Podemos), Enio Brizola (PT), Felipe Kuhn Braun (PSDB), Ito Luciano (Podemos) e Professora Luciana Martins (PT).
- Votaram contra (7): Daia Hanich (MDB), Giovani Caju (PP), Ico Heming (Podemos), Joelson de Araújo (Republicanos), Juliano Souto (PL), Ricardo Ritter – Ica (MDB) e Nor Boeno (MDB).
Por se tratar de PLC, são necessários oito votos, no mínimo, para aprovação.
Histórico da tramitação
O que foi debatido na Comissão de Segurança Pública
Antes de chegar ao plenário, o Projeto de Lei Complementar nº 14/2025 já havia enfrentado resistência na Comissão de Segurança Pública (Coseg). Em reunião realizada no dia 6 de agosto, os vereadores do colegiado deram parecer contrário à proposta, após ouvir técnicos, representantes do Executivo e do sindicato dos rodoviários.
A presidente da comissão, Daia Hanich (MDB), destacou que os pareceres técnicos foram unânimes em apontar riscos. O relator substituto, Joelson de Araújo (Republicanos), também se posicionou contra, chamando atenção para fragilidades estruturais do transporte coletivo e problemas de ordem contratual.
O Executivo, representado pelo diretor de Transporte Eliseu Raimundo, foi enfático ao afirmar que é “totalmente contra” a medida, alegando que ela ampliaria a sobrecarga dos motoristas, que já acumulam múltiplas funções, e poderia aumentar a vulnerabilidade dos usuários. No mesmo tom, o presidente do Sindicato dos Rodoviários, Paulo Alberto Kley, expressou preocupação com a segurança: “Facilidade existe, mas e a segurança?”
Momentos antes da votação em plenário na sessão desta segunda-feira, 29, os vereadores reuniram-se novamente com o diretor municipal de Transporte, Eliseu Raimundo, com o gerente da Visac-RS, Fernando Silveira, e com o motorista Vanderlei Silva. Todos pediram a rejeição do projeto.
Veja a votação na íntegra