Rede Lilás visita abrigo exclusivo para mulheres em Novo Hamburgo

por Maíra Kiefer última modificação 03/06/2024 17h03
03/06/2024 – Como parte das ações de conferência dos serviços de abrigamento quanto à proteção de mulheres e de crianças, a Rede Integrada Laço Lilás se dirigiu na última quarta-feira, 29, a Lomba Grande para conhecer o trabalho realizado em um espaço exclusivo para receber cidadãs que perderam suas casas nas enchentes ocorridas no final de abril. Criado a partir de uma pesquisa de campo nas áreas de acolhimento existentes em Novo Hamburgo, o projeto é batizado de SOS Mulheres RS e está em funcionamento desde o começo de maio. A idealizadora da iniciativa, Elisa Rose Waters, verificou que algumas abrigadas se sentiam vulneráveis nos ginásios e recintos nos quais havia a presença de homens, conforme relatou a psicóloga voluntária Marcela Garces de Oliveira, e, a partir de então, buscou alternativas que proporcionassem segurança nesse momento tão difícil. À proposta se uniram o Instituto Survivor e Me Too Brasil e uma série de pessoas que abraçaram a causa. Iniciativa semelhante também foi desenvolvida em Canoas.
Rede Lilás visita abrigo exclusivo para mulheres em Novo Hamburgo

Crédito: Maíra Kiefer/CMNH

Para averiguar as ações de proteção desenvolvidas para acolher um pouco mais de 30 abrigadas e seus filhos, uma comitiva da Rede Integrada Laço Lilás foi ao bairro rural hamburguense no espaço cedido pela Comunidade Evangélica. Fizeram parte da delegação a procuradora especial da Mulher, Lourdes Valim (Republicanos), a vereadora Semilda – Tita (PSDB), a presidente do Conselho Municipal dos Direitos da Mulher (Comdim), Isadora Cunha, a representante da Comissão da Criança e do Adolescente da Subseção OAB/NH, Dirlene Cunha, a servidora que integra a Procuradoria Especial, Aline Moraes, e equipes de ambos os gabinetes. Ao término da visita, o grupo saiu satisfeito com o trabalho de amparo e atenção verificados. 

As integrantes da Rede Lilás, além de falarem com as responsáveis pela organização do lugar e com as abrigadas, distribuíram kits de higiene, com sabonete, absorvente, escova e pasta de dente, e cartilhas com informações sobre os órgãos de proteçãoEntre as mulheres amparadas, há casos de cidadãs que tiveram que recorrer à Lei Maria da Penha e outras que precisaram, mas não tiveram oportunidade. “Temos o exemplo de uma senhora que disse que na ocasião em que precisou de apoio legal ainda não existia”, relatou a psicóloga Marcela. Reunidas para conhecer o trabalho da Rede Lilás, as abrigadas ouviram a presidente do Comdim falar um pouco sobre as alternativas de apoio existentes no município para as mulheres vítimas de violência. 

Entre o grupo de voluntárias presentes, a gratificação em proporcionar um ambiente seguro é visível pela satisfação em que realizam as tarefas, compartilhadas com as abrigadas. As mulheres recebidas no espaço participam das atividades para manutenção do ambiente por escolha própria, podem tanto auxiliar na confecção dos alimentos quanto ajudar na organização em geral. Questões urgentes para quem perdeu tudo, estão sendo sanadas dia a dia. Na quarta-feira, representantes do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul foram ao SOS Mulheres para a confecção de certidões de nascimento e casamento para as abrigadas que haviam perdido os documentos. No dia anterior, uma dentista voluntária prestou atendimento tanto às mães quanto às crianças, em um ambulatório montado no local. Para atendimentos mais complexos, estuda-se uma unidade móvel na qual podem ser feitos tratamentos de canal em casos de cáries e outros procedimentos mais complexos. Os pequenos recebem cuidados especiais e carinho em uma brinquedoteca. Para proporcionar privacidade e oferecer certo aconchego, o ginásio recebeu divisórias de isopor, que propiciam inclusive conforto térmico nesses dias mais frios.

As mulheres e as crianças precisam de segurança e desse acolhimento que elas estão tendo no nosso abrigo. Aqui nós nos sentimos em casa. Já somos uma grande família. Nós estamos fazendo esse trabalho que vai além deste momento. Será dado um suporte tanto aqui quanto pós. Vamos construindo dia após dia essa relação de afeto, de carinho, que é o que eles precisam nesse momento”, declarou a voluntária Amanda Lindner, moradora de Novo Hamburgo, e umas das organizadoras do local.

Outras rondas

No dia 17 de maio, a Procuradoria Especial da Mulher da Câmara fez uma visita ao ginásio do Centro de Iniciação ao Esporte (CIE), situado no Parque do Trabalhador. Na época, o local abriga cerca de 300 pessoas. São 88 mulheres e 111 crianças e adolescentes, de 0 a 17 anos. No local, as vereadoras conversaram com os organizadores do espaço e com as abrigadas e não houve nenhum relato de situação de abuso ou de importunação. 

Confira informações: 

@sosmulheres_rs

@institutosurvivor 

@brasilmetoo

Confira todas as fotos da visita: 

Abrigo feminino