Rede Lilás lança cartilha com fluxos de atendimento e informações para auxiliar vítimas de violência de gênero
Responsável pela tabulação dos dados e elaboração dos textos, a servidora da Procuradoria Especial, Carolyne Andersson, apresentou o conteúdo para vereadores e convidados. O livreto tem 28 páginas, nas quais são identificados os casos de violência, a natureza das agressões verbais, físicas e psicológicas, entre outras, as fases pelas quais a vítima passa, o fluxograma de atendimento e os caminhos para se acessar todas as entidades que compõem o grupo de auxílio em Novo Hamburgo. Além de munir a própria rede com informações acerca das entidades e órgãos parceiros, a cartilha servirá para nortear decreto municipal para normatizar cada serviço. Essa regularização é importante para o trabalho ter continuidade, independentemente da gestão.
“A violência contra a mulher não são só números. A violência é um tema que abala muitas pessoas, inclusive ao nosso redor, muito mais do que imaginamos. Ela não escolhe raça, cor, idade e nem classe social. Nesses cinco anos de atividades na Procuradoria, pude presenciar vários momentos: alguns não tão bons, outros de superação. E é por isso que nos orgulha muito esse material que produzimos junto à Comunicação da Câmara, pois, através dele, conseguimos demonstrar todo o nosso trabalho e os diversos órgãos que fazem parte da Rede Lilás. São quase 20 entidades unidas em prol da segurança e bem-estar da mulher”, afirmou Carolyne durante a apresentação do livreto, elaborado com o apoio de Júlia Huhnfleisch, estagiária de Direito da Procuradoria, e com as ilustrações de Mizael Domingues e apoio da Gerência de Comunicação. Os mil exemplares impressos foram custeados pelo Legislativo municipal. O PDF atualizado está disponível para download no site da Câmara.
Além disso, contou com o auxílio da Comissão da Mulher Advogada e da Criança e do Adolescente da Subseção OAB/NH, do Projeto de Extensão Laços de Vida – Universidade Feevale, das secretarias municipal de Saúde e de Desenvolvimento Social de Novo Hamburgo, entre outros órgãos parceiros.
Em sua apresentação, Carolyne citou ainda situações vividas por adolescentes, idosas e, inclusive, por uma amiga que buscaram a Rede Integrada Laço Lilás para dar um basta ao medo e à intimidação. “Então, senhores, é preciso entender que a violência é um ciclo. Mulher não apanha porque quer, porque gosta, e, sim, porque há uma dependência emocional, muitas vezes financeira, que somada ao medo de morrer, às crenças de que esse homem vai mudar e à própria paixão fazem com que elas permanecem no relacionamento”, resumiu. Ela explicou que o guia rápido conta ainda com um plano de proteção e algumas dicas de como agir antes, durante e depois do ato de violência.
Próximo ao encerramento de sua gestão, a vereadora Tita deixa como legado para a futura procuradora especial da Mulher, a vereadora Lourdes Valim (Republicanos), a cartilha que reúne todas as ferramentas de enfrentamento à violência doméstica existentes em Novo Hamburgo. “A informação é fundamental para o aprendizado das pessoas, a proposta é empoderar a população a buscar os seus direitos e sua cidadania. De forma clara e didática, a cartilha explica os diversos tipos existentes de violência doméstica e auxilia as mulheres a identificarem seus agressores. Pretende também prevenir e coibir a violência doméstica, incentivando a denúncia dos agressores e apresentando os serviços de atendimento que elas podem buscar”, explicou a parlamentar, que se despedirá do cargo no próximo dia 22.
Ao término de sua fala, Tita frisou que não é possível mais aceitar situações nas quais as mulheres são submetidas a dor, humilhação e qualquer outro tipo de sofrimento. Ela alertou que as crianças que veem suas mães e parentes vivendo nesse contexto podem até considerá-lo normal e repetir esse padrão no futuro. Por anos, ela esteve à frente do Conselho Tutelar e conhece a realidade da infância carente no município. Para ela, a normalização do que não é concebível deve ter fim.
Vereadores
Durante a divulgação do material, o presidente do Legislativo, Fernando Lourenço (PDT), exaltou os projetos desenvolvidos pela Procuradoria Especial da Mulher, elogiando o desempenho de Tita na condução do órgão e da servidora Carolyne. Ele desejou boas-vindas a parlamentar sucessora, responsável pelo próximo biênio 2023-2024.
“As mulheres de Novo Hamburgo só vão se calar se quiserem”, declarou Lourdes Valim, explicando que agora a comunidade está dotada de um material informativo que poderá garantir alternativas de apoio para aquelas que precisam. Ela se comprometeu em dar sequência ao trabalho realizado e aos projetos desenvolvidos pela atual gestão.
O vereador Enio Brizola (PT) reforçou que a cartilha servirá como um guia e uma proteção às mulheres. “Na casa que tiver essa cartilha, a mulher estará, certamente, mais protegida porque ela será sabedora de seus direitos e de onde buscar socorro, e o agressor estará inibido.” Para o vereador, o conteúdo é a arma que as cidadãs terão a mão contra a violência de todas as formas.
Além de louvar o conteúdo, Ricardo Ritter – Ica (PSDB) enalteceu a homenagem prestada à ativista Glacira Eli Santos da Silva, cuja imagem ilustra a última página da cartilha. Vitimada pelo câncer em 2021, ela estava vinculada à Rede Integrada Laço Lilás desde a criação do grupo.
O vereador Felipe Kuhn Braun (PP) lamentou a posição que o município e o Estado, como um todo, ocupam no ranking da violência contra a mulher. “É muito triste, realmente, imaginar que Novo Hamburgo é uma das cidades mais violentas. Ontem, foi veiculado em vários canais que o Rio Grande do Sul é o quinto estado que mais agride a mulher. É impensável para a gente que, assim como eu, teve a felicidade de ter, desde a infância, muitas mulheres me dando suporte, me dando carinho e amor; e homens que me ensinaram quando pequeno a valorizar, a cuidar e dar toda a atenção necessária para as mulheres das nossas vidas”, concluiu o vereador, antecipando que acredita que Tita seguirá nessas pautas, ao lado de sua colega Lourdes, mesmo deixando o cargo após dois biênios na Procuradoria.
Raizer Ferreira (PSDB) comentou o quanto é qualificado o trabalho da rede, mas faltava ainda um documento que norteasse os próprios parlamentares quando se encontravam diante de uma situação que precisavam indicar os caminhos de atendimento. “Por muito tempo, temos usado a tribuna, mas sem efetivo material que a gente pudesse entregar para alguém para dizer esse aqui é o caminho”, disse, lembrando que a recomendação era de que a pessoa buscasse a Procuradoria Especial da Mulher ou a Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher (Deam) de Novo Hamburgo.
Comercial
Concomitante ao lançamento do guia rápido dos serviços, a Procuradoria especial divulgou em primeira mão um comercial que apresenta a Rede Lilás e depoimentos de vítimas auxiliadas pelos órgãos de apoio. O conteúdo, elaborado por Daniele Souza e editado por Paulo Rodrigo, será exibido em eventos direcionados às mulheres e na programação da TV Câmara NH.
Mês da Mulher
O lançamento da cartilha foi realizado como parte das atividades alusivas ao Mês da Mulher. Está na programação também no próximo dia 21, às 18h, a roda de conversa sobre "Mulheres negras e o poder: nós também podemos!", com a participação de Vanessa Stibel, terapeuta holística, e de Indiara Tainan, professora, com a mediação da jornalista Daniele Souza.
Na quarta-feira, dia 22, às 14h, na Câmara Municipal, no aniversário da Procuradoria Especial da Mulher, será feita a prestação de contas do exercício financeiro 2022 e a condução da nova procuradora especial da Mulher para o biênio 2023 – 2024.
E para encerrar o mês de comemoração, no dia 30, às 14h, no plenarinho da Câmara Municipal, haverá um encontro com os temas: "Posicionamento de imagem para mulheres com propósito!", com a palestrante Paula Fay, gestora de imagem, e a palestra " Já ouviu falar em arteterapia?", com a fotógrafa e terapeuta Isa Reichert.