Rede Laço Lilás promoverá ações sociais nos bairros com mais registros de violência doméstica

por Maíra Kiefer última modificação 13/05/2019 21h05
10/05/2019 – Uma nova estratégia para alcançar e auxiliar o maior número de mulheres vítimas de violência doméstica e sexual está sendo desenhada pela Rede Integrada Laço Lilás. A ideia do grupo é promover nos próximos meses atividades envolvendo alguns bairros da cidade, como Boa Saúde, Canudos, Diehl e Santo Afonso. Nessas ações, serão ofertados atendimentos gratuitos voltados à comunidade, como cortes de cabelo e manicure, divulgando os serviços da rede com o apoio de profissionais que atuam em salões de beleza, orientados previamente para amparar aquelas que revelam o drama vivido em suas casas e locais de trabalho.
Rede Laço Lilás promoverá ações sociais nos bairros com mais registros de violência doméstica

Crédito: Maíra Kiefer/CMNH

A proposta surgiu por sugestão da futura procuradora especial da mulher da Câmara, vereadora Tita (PP), com base na sua experiência como cabeleireira e em atividades semelhantes que participou. “Essas ações sociais acabam envolvendo toda a família”, mencionou a parlamentar, lembrando que maridos e filhos também serão bem-vindos e devem receber orientações. Ela acredita que os presidentes de associações de bairro são os principais divulgadores dentro da comunidade e podem auxiliar a rede a promover a iniciativa.

A vereadora Patricia Beck sugeriu que os salões de beleza sejam parceiros ao longo de todo ano e que a listagem com todos os estabelecimentos de Novo Hamburgo seja obtida por meio da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico. A presidente da Comissão da Mulher da OAB/NH e secretária-adjunta do Comdim, Mara Eliane Peruffo da Silveira, concordou com a parlamentar. “Nós entendemos que a mulher tem que se empoderar, tem que ir à luta e buscar uma forma de sobreviver sozinha, mas nós aqui não vivenciamos a situação que essas vítimas vivem. Por mais que a gente tente se pôr no lugar delas, nós não temos noção do que elas passam e sofrem. Muito fragilizadas e, muitas vezes, sem condições financeiras, elas encontram nesses locais um ambiente propício para desabafar”, apontou Mara.

Michelly Zilá Schuman relatou que, embora as vítimas tenham interesse em participar do projeto de Justiça Restaurativa, promovido pelo Juizado da Violência Doméstica de Novo Hamburgo, por exemplo, elas muitas vezes não conseguem ir porque não têm condições financeiras. Conforme Michelly, oferecer oportunidades de acesso a informação no próprio bairro será uma excelente alternativa para as mulheres.

Para a advogada e professora Claudia Maria Petry de Faria, seria importante mapear outras categorias de profissionais que poderiam ser a ponte entre as vítimas de violência e as opções de atendimento. Ela propôs também que dentistas, médicos ginecologistas também sejam contatados para auxiliar na divulgação da rede lilás e que possam orientar as pacientes.

Durante o encontro, foi mencionado o quanto vários setores abraçariam a ideia de auxiliar mesmo sem retorno financeiro. O capitão da Brigada Militar Wagner Wasenkeski lembrou que Novo Hamburgo é referência no patrulhamento comunitário. “Essa é a nova concepção do policiamento comunitário. O Rio Grande do Sul é estado modelo quanto ao método japonês por causa das iniciativas adotadas em Novo Hamburgo. Em um passado não muito distante, a Polícia só intervinha no crime e ia embora. Segundo ele, hoje existe uma outra visão de atendimento, mais humana, citando o atendimento da Patrulha Maria da Penha.

Próximo encontro

Para facilitar a organização das atividades, o grupo deverá se dividir conforme cada evento. O próximo encontro está agendado para o dia 7 de junho, às 8h30min. Estiveram presentes também à reunião a coordenadora de gabinete da vereadora Tita, Liliane Machado Kasper, a coordenadora das Políticas Públicas para Mulheres de Novo Hamburgo, Eliana Benkenstein, a coordenadora e psicóloga do Centro de Referência Viva Mulher, Elis Regina de Barros Evaldt, a presidente do Conselho Municipal dos Direitos da Mulher (Comdim), Paula Michele da Silva, a escrivã da Delegacia Especializada para a Mulher de Novo Hamburgo, Roberta Larini, os soldados Midian de Mattos Oliveira e Vanderlei Santos da Rocha, a advogada Camila Schmitz, a conselheira tutelar Tassi Wilborn e a representante do Conselho Municipal do Idoso, Glacira Eli Santos da Silva.

Procuradoria Especial da Mulher