Psicólogos comemoram os 60 anos da profissão no Brasil
Professor da Faculdade IENH, o coordenador Rodrigo Bispo Souza salientou que o momento é de não apenas exaltar a profissão, mas enaltecer trajetórias. “Quero dirigir meu agradecimento aos pioneiros do campo da psicologia nesta cidade, aos colegas do serviço público e às entidades de formação e atendimento. Nestes 60 anos, fomos inúmeras vezes desafiados a colaborar com o desenvolvimento de sujeitos, instituições e coletividade. Muito do nosso reconhecimento social veio pelos consultórios privados. Porém, hoje, a psicologia tem desbravado espaços importantes de atuação. Estamos lá no Sistema Único de Assistência Social, construindo e problematizando práticas, estamos nas escolas, ONGs e diversos espaços de educação, colaborando com a promoção de encontros significativos que gerem ensino e aprendizagem, e estamos nas empresas, no esporte e no SUS”, listou.
Coordenadora do curso na Universidade Feevale, Claudia Goulart revelou que a instituição hamburguense também comemora em 2022 os 20 anos de sua graduação. “Nesse período, formamos mais de 600 psicólogos, que atuam em diferentes áreas em prol da saúde mental da comunidade. Acreditamos em uma psicologia pautada pelo compromisso social, que participa ativamente na luta pela transformação da sociedade. Lutamos por uma psicologia inclusiva, que acesse a todos que dela venham a se beneficiar”, explicou.
A professora expôs ainda sua preocupação com o crescimento exponencial da demanda por atendimento psicológico no país. “No nosso serviço-escola, recebemos quase 300 pessoas por mês. São crianças, adolescentes, adultos e idosos que chegam até nós por vezes em situações graves de adoecimento psíquico. Recebemos pedidos de ajuda de escolas, que não sabem como lidar com as angústias de alunos e professores neste período pós-pandêmico, e de empresas e hospitais, que veem seus trabalhadores adoecerem diante das incertezas que fazem parte do nosso contexto social”, complementou.
Débora Frizzo, coordenadora do curso de Psicologia do Centro Universitário Uniftec, detalhou os motivos que levaram a instituição de ensino a abrir sua graduação também em Novo Hamburgo, movimento ocorrido este ano. “Neste mundo pós-pandêmico, cada vez mais a saúde mental é uma urgência. Precisamos não só de estratégias curativas, mas também de atividades preventivas em todos os níveis da sociedade. É por isso que abrimos nosso curso, que pretende, com atividades de extensão, oferecer serviços à comunidade e formar egressos éticos e com uma formação sólida baseada na ciência”, esclareceu.
Mais de 425 mil profissionais no país
Antes das falas dos coordenadores, Enio Brizola deixou sua contribuição para o debate e lembrou que a Câmara aprovou no início do mês a criação de 20 novas vagas para psicólogos no serviço público municipal. “Esta marca dos 60 anos traz a história pregressa de uma ciência que, partindo de outros saberes, se constituiu como espaço de trabalho que objetiva a saúde do sujeito e da coletividade. No Brasil, a psicologia iniciou seu percurso pelos atendimentos clínicos individuais e o trabalho em escolas e empresas. Ao longo desses 60 anos, houve muitos movimentos de amadurecimento, com a ampliação do trabalho da perspectiva individual para o coletivo e social. A psicologia brasileira contemporânea segue buscando, além da cura de doenças, a diminuição de desigualdades, a mediação de conflitos e o desenvolvimento de pessoas”, colaborou.
Também presente à sessão, Leandro Walter, representante do Conselho Regional de Psicologia, apontou que o Brasil conta com mais de 425 mil profissionais na área, dos quais 24 mil possuem registro ativo no Rio Grande do Sul. “A psicologia é uma profissão comprometida com as lutas e as transformações sociais do país, guiada pelo compromisso de um fazer científico ético e político. Essa trajetória sempre foi marcada pela participação de profissionais, entidades e coletivos que contribuíram com a construção de uma profissão voltada para o cuidado e a promoção da saúde e da dignidade humana, sendo membro ativo nas nossas políticas públicas. Sabemos que ainda há muito a ser feito, mas o olhar sobre os 60 anos da psicologia no Brasil evidencia a formação de uma base sólida e que nos projeta para uma prática ancorada na luta política contra a violação de direitos humanos”, concluiu.