Projeto pioneiro para mulheres vítimas de violência em Estância Velha inspira Rede Integrada Laço Lilás
Com escopo mais amplo que a vigília e escolta por servidores treinados no monitoramento dessas situações, a proposta de Estância Velha, iniciada em março de 2021, foi apresentada na última quinta-feira, 23, à comitiva hamburguense formada pela Procuradora Especial da Mulher da Câmara de Novo Hamburgo, Semilda – Tita, e o diretor de Segurança da Unidade de Gestão de Programas de Prevenção à Violência (UGPPV), Roberto Daniel Bota.
Acompanharam também os detalhes da ação a coordenadora de gabinete, Alessandra da Rosa, a servidora do Legislativo Carolyne Andersson, e a estagiária Júlia Huhnfleisch. A exposição do trabalho foi feita pelo secretário municipal de Administração e Segurança Pública de Estância Velha, José Dresch, pelo secretário de Desenvolvimento Social, Pablo Gomes, pela primeira-dama Martiele de Carli, Taysa da Rosa, responsável pelo Centro de Referência da Mulher (CRM), e coordenadora do Creas, Caroline Vanzin.
“No começo de 2021, atendendo uma demanda grande da nossa cidade na área de violência doméstica, devido muito à pandemia, a nossa gestão criou o Projeto Mulheres Protegidas, através da Guarda Municipal, Assistência Social e CRM. Em 2021, tivemos um foco muito grande nesse sentido, com a diminuição de 74% das ocorrências de violência, explicou Dresch.
Por meio de um aplicativo, desenvolvido gratuitamente, os servidores monitoram pelo celular informações sobre todas as pessoas que devem ser vigiadas. Caroline Vanzin informou que dois agentes foram treinados especificamente para tratar essas questões. Com uma viatura exclusiva, a dupla de profissionais atua de segunda a sexta para que a mulher se sinta protegida na sua integridade. Ela acrescentou que, após o deferimento da medida protetiva, a Guarda Municipal faz o comunicado ao Creas e CRM e inicia as rondas diárias ao local de moradia e trabalho, além de transitar na escola das crianças.
O olhar atento às necessidades da vítima, conforme Caroline, ocorre a partir da primeira busca por auxílio no Creas/CRM. “Quando as mulheres vem para ser atendidas pelo projeto, a gente aciona toda uma rede integrada, e elas começam a receber cestas básicas, apoio jurídico e aos filhos. A gente acredita que esse atendimento vai dar toda uma sustentação a ela, uma vez que o agressor muitas vezes é o único provedor daquela residência. Esse banco de alimentos é mantido pelo Creas e CRM, além de roupas e quaisquer outros utensílios que a mulher precise recomeçar a sua vida”, esclareceu.
Outro ponto distinto no caso de Estância Velha é que mesmo antes de deferida a medida protetiva já se inicia um monitoramento dessa cidadã com o intuito de protegê-la. Além desse trabalho da GM, foi implementada também uma alternativa de abrigamento dessas mulheres por 48 horas até que ela possa se estruturar e dar continuidade a sua vida em instalação no próprio município. Uma parceria com uma rede hoteleira internacional será implementada como mais uma forma de acolhimento.
Laço Lilás
Criada em 2017, a Rede Integrada Laço Lilás reúne entidades voltadas para o atendimento a vítimas de violência de gênero. O grupo tem como meta fazer Novo Hamburgo recuar na lista de líderes de ocorrências no Estado. Com encontros promovidos na sede do Legislativo e organizados pela Procuradoria Especial da Mulher, a rede é composta pela Delegacia Especializada o Atendimento à Mulher, Brigada Militar, Patrulha Maria da Penha, Centro de Referência e Atendimento Creas/Viva Mulher, Núcleo de Apoio aos Direitos da Mulher (Nadim) e Laços de Vida, ambos da Feevale, Coordenadoria de Políticas Públicas para as Mulheres (CMulher), Conselhos Municipais dos Direitos da Mulher (Comdim) e dos Direitos e Cidadania do Idoso (CMDCI), Comissões da Mulher e da Criança e Adolescente da OAB/NH, Conselho Tutelar, Guarda Municipal e coletivos femininos.