Prefeitura veta dois projetos de lei aprovados pela Câmara

por Luís Francisco Caselani última modificação 19/08/2021 20h34
19/08/2021 – A Prefeitura de Novo Hamburgo apresentou esta semana dois vetos integrais a projetos de lei elaborados por vereadores e aprovados em plenário pela Câmara. Uma das propostas obriga atendimento preferencial a pessoas com fibromialgia em órgãos públicos e empresas privadas. A outra estabelece a criação da Semana Municipal do Empreendedorismo. De acordo com o Executivo, as matérias possuem vício de iniciativa por imporem obrigações a outro poder. Além disso, a Prefeitura salienta já haver leis em esferas superiores que englobam as duas propostas. Os vetos serão analisados pela Comissão de Constituição, Justiça e Redação e deverão ser apreciados em plenário até meados de setembro.

O Executivo aponta que o Projeto de Lei nº 32/2021, redigido por Cristiano Coller (PTB), já está abarcado pela Lei Estadual nº 15.606/2021. A norma, promulgada em abril, contém trecho que garante às pessoas com fibromialgia o direito ao uso de filas prioritárias em órgãos públicos e privados, bem como às vagas preferenciais de estacionamento.

O veto entregue à Câmara também traz em anexo ofício assinado pelo secretário municipal de Saúde, Naasom Luciano. Para a administração municipal, a sanção do PL feriria o princípio constitucional da isonomia.

Semana do Empreendedorismo

Já o Substitutivo nº 10/2021, elaborado pelo vereador Gustavo Finck (PP), foi vetado em razão da existência da Lei Federal nº 14.135/2021, que regulamenta a organização da Semana Global do Empreendedorismo nos meses de novembro. “A Prefeitura tem parceria com o Sebrae, oferecendo de forma gratuita para os empreendedores palestras, debates e outros eventos sobre o empreendedorismo, ressaltando que não existe custo algum para o Município”, explica a secretária de Desenvolvimento Econômico, Paraskevi Bessa-Rodrigues.

A gestora aponta ainda que a instituição de uma nova semana, em período diverso à estabelecida em nível federal (a proposta por Finck ocorreria em outubro), poderia gerar incerteza junto aos empreendedores quanto à participação em um ou outro evento. “Além de impor custos ao Município para a organização”, complementa Paraskevi.

O substitutivo determina a realização de palestras, seminários, oficinas, visitas técnicas e feiras de negócios, além da entrega de homenagens a empresas, instituições e empreendedores individuais. O Executivo interpreta essas obrigações como quebra do princípio da independência entre os poderes.

Como é a tramitação de um veto?

O artigo 66 da Constituição Federal determina que os projetos de lei devem ser enviados ao Poder Executivo para sanção (aprovação) e publicação depois de aprovados em segundo turno. Se o Executivo não se pronunciar nesse período, vetando ou sancionando a proposta, ela será publicada pelo Poder Legislativo.

O chefe do Executivo pode vetar uma proposta caso a considere inconstitucional ou contrária ao interesse público. Se isso ocorrer, o veto deverá ser encaminhado ao Legislativo em até 15 dias úteis. O Legislativo deve apreciar o veto em trinta dias a contar de seu recebimento. Esgotado o prazo, o veto será colocado na ordem do dia da sessão imediatamente posterior, sendo interrompida a tramitação das demais proposições até sua votação final – ou seja, tranca a pauta.

De acordo com o § 5º do artigo 44 da Lei Orgânica do Município, se o veto não for mantido, o projeto será enviado ao prefeito para promulgação. O § 7º acrescenta ainda que, se a lei não for promulgada dentro do prazo de 48 horas, caberá ao presidente da Câmara promulgá-la em igual prazo. Um veto só pode ser rejeitado pelo voto da maioria absoluta dos parlamentares (pelo menos, oito vereadores).