Gerente de Saúde Mental explica fluxo de atendimentos no Município

por Tatiane Souza última modificação 14/08/2018 17h16
13/08/2018 – O gerente de Saúde Mental da secretaria Municipal da Saúde de Novo Hamburgo, psicólogo Leandro Dieter, compareceu à sessão desta segunda-feira, 13 de agosto, para falar sobre as políticas públicas adotadas e a estrutura da saúde no que se refere ao atendimento psicológico e psiquiátrico em Novo Hamburgo. Convidado a partir de requerimento apresentado por Professor Issur Koch (PP), assinado também pelos vereadores Enio Brizola (PT) e Patricia Beck (PPS), o servidor explicou que os transtornos mentais representam a terceira demanda no Brasil, atrás somente das doenças cardiovasculares e de determinados tipos de câncer.
Gerente de Saúde Mental explica fluxo de atendimentos no Município

Foto: Daniele Souza/CMNH

Issur agradeceu a presença do psicólogo e ressaltou que o momento é para esclarecer as dúvidas da comunidade sobre o fluxo de atendimento no âmbito da saúde mental do Município. 

Dieter esclareceu que boa parte dos transtornos mentais tem a base na infância e na adolescência. Ele ressaltou que Município iniciou o atendimento em saúde mental em 1989, com a casa de saúde mental de Novo Hamburgo, mas que ainda há inúmeros desafios pela frente. O gerente explicou o que muda com a troca do modelo de atenção do Hospital Psiquiátrico para o cuidado em comunidade, que aposta no usuário e em suas potencialidades para o desenvolvimento de autonomia e manutenção de laços sociais e afetivos. 

Quanto ao fluxo dos atendimentos, Dieter explicou que os casos leves são tratados na atenção básica – transtornos mentais comuns, sofrimento mental (tristeza, irritabilidade, ansiedade, tensão, somatizações, estresse), casos estáveis, em tratamento de manutenção, e que mantém bom funcionamento para as atividades da vida diária, e episódios decorrentes de crise evolutiva (adolescência, velhice) ou situacional (perdas filhos, marido, emprego, etc).

Os casos moderados são cuidados no Ambulatório de Saúde Mental - alterações moderadas no humor, quadro psicótico com alucinações elementares e necessidades decorrentes do uso de álcool e outras drogas, tomada de decisão com prejuízos moderados: iniciativa, julgamento em relação às questões cotidianas e na avaliação de consequências das ações, transtornos mentais que necessitem, para manter estabilidade, de acompanhamento ambulatorial por equipe de saúde mental. 

Já os casos graves são tratados no Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) - transtornos mentais graves e persistentes, prejuízos significativos em seu funcionamento cotidiano, na realização das atividades de lazer, educação e trabalho, com prejuízos graves no repertório social, dificuldade de cuidar de si mesmo sem ajuda (higiene, alimentação e vestuário), risco de suicídio. O indivíduo apresenta ideação e intenção, mas pode se manter em regime intensivo e internação domiciliar.

O psicólogo frisou que em casos de urgência o cidadão pode procurar a UPA, o PA ou mesmo o SAMU. E que situações de emergência - risco de heteroagressão e suicídio com plano e/ou tentativas prévias, quadro psicótico com delírio grave e/ou alucinações complexas graves com risco de morte e não adesão ou impossibilidade de seguir tratamento extra-hospitalar são tratadas pelo Hospital Municipal de Novo Hamburgo. O profissional apresentou os principais desafios da área.

Desafios da Saúde Mental de Novo Hamburgo 

- Adequação entre as necessidades de saúde do usuário e o Nível de Atenção;

- Implementação integral do Acesso Avançado e do Acolhimento de baixa exigência;

- A logística necessária para que os Serviços funcionem de forma fluida e, com base no princípio da equidade, tenham a mobilidade necessária para ir até as pessoas que mais precisam (busca ativa, cuidado compartilhado);

- Capacitação da AB para cuidado em saúde mental que auxilie na superação da centralidade dos psicofármacos, sobretudo, para os transtornos mentais comuns;

- Superar a tendência atual de psiquiatrização do cotidiano e de medicalização do sofrimento, como se o sofrimento fosse uma doença como qualquer outra e deveria ser combatida;

- Estar melhor preparados para escutar e lidar com o mal estar de viver;

- Saúde Mental é a expressão de Saúde Social, implica vida cotidiana significativa, lazer, participação social e política na comunidade, emprego e satisfação no trabalho;

- A promoção de Saúde Mental, portanto, implica considerar os modos de viver da nossa população.

 

Questionamento dos vereadores 

Cristiano Coller (Rede) perguntou como proceder para ajudar um cidadão em situação de vulnerabilidade social. Leandro explicou o fluxo de atendimento e destacou que já recuperaram moradores que estavam na rua há mais de cinco anos, por exemplo. 

Vladi Lourenço (PP) questionou a estrutura do Hospital Municipal para o atendimento à saúde mental. Leandro disse que os processos de cuidado e de acompanhamento dos usuários realmente precisam melhorar. E também admitiu a necessidade de uma área mais reservada aos pacientes de saúde mental, o que não significa isolamento, segundo ele. 

Raul Cassel (MDB) disse que discorda do fato de que o espaço para os pacientes de saúde mental disponibilizado no Hospital Municipal é adequado. “Devemos lutar por um espaço mais definido”, ressaltou. Perguntou sobre o convênio que a Prefeitura tem com os as fazendas terapêuticas e que não estão sendo utilizadas como deveria. Dieter disse que têm projetos e o anseio de qualificar esse espaço e também a equipe. “Quanto as vagas nas duas comunidades terapêuticas conveniadas, 8 vagas na Fazenda Senhor Jesus, que atende adolescentes, e 25 vagas no Centro de Atenção Urbana à Dependência Química (Caudeq), que atende adultos, estão ocupadas quase na totalidade atualmente”, esclareceu. 

Enio Brizola (PT) entregou a Leandro um dos trabalhos da Unisol Brasil, uma central de cooperativas da economia solidária que vem desenvolvendo importante trabalho, pesquisa, desenvolvimento de empreendimento, capacitação de recursos para  o desenvolvimento do trabalho, dialogando com os CAPS e com toda a rede de proteção de saúde mental. Ele colocou às comissões da Casa e o seu mandato à disposição para futuras articulações sobre o tema. 

Issur frisou, mais uma vez, que o SUS oferece um serviço de qualidade capaz de evitar, inclusive, suicídio. E agradeceu os esclarecimentos trazidos pelo psicólogo. Felipe Kuhn Braun, presidente da Casa, também agradeceu a presença do Gerente de Saúde Mental de Novo Hamburgo. 

 

CAPS 

Ambulatório de Saúde Mental: Telefone: 3594-1174 / 997699978 Endereço: Rua Anita Garibaldi, nº 34 - Bairro Guarani 

CAPS Centro: Telefone: 3593-9573 Endereço: Rua Joaquim Pedro Soares, nº 198 - Bairro Centro 

CAPS Canudos: Telefone: 3582-4206 Endereço: Rua General Daltro Filho, nº 1660 - Bairro Hamburgo Velho

CAPS Santo Afonso: Telefone: 3580-1297 / 96450211 Endereço: Rua Babaçu, nº 58 - Bairro Industrial 

CAPS Álcool de Drogas: Telefone: 3527-2343 / 997399851 Endereço: Rua Domingos de Almeida, nº 228 - Bairro Centro 

CAPS InfantoJuvenil: Telefone: 3527-2206 / 980139253 Endereço: Rua Gomes Jardim, nº 291 - Bairro Centro 

Serviços das RAPS - Rede de Atenção Psicossocial 

Unidade de Acolhimento: Telefone: 3595-4258 Endereço: Rua Bartolomeu de Gusmão, nº 2575 - Bairro Canudos 

Oficina de Geração de Renda: Telefone: 3593-2243 Endereço: Rua Marcílio Dias, nº 1559 - Bairro Centro 

Residencial Terapêutico: Endereço: Rua Quaraí, nº 197 - Bairro Boa Vista 

 

Entenda melhor - material trazido pelo psicólogo Leandro Dieter

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