Estabilidade dos servidores e impactos previdenciários: audiência pública debate medidas que devem ser votadas na PEC 32 até final de setembro
Devido às restrições de acesso por causa dos protocolos da pandemia, cerca de 20 pessoas, incluindo a equipe de funcionários, acompanhou do Plenário a discussão. Entre elas, estava o secretário do colegiado, Gerson Peteffi (MDB). O relator Ricardo Ritter – Ica (PSDB) não pôde acompanhar a atividade em virtude de cirurgia. Houve inscritos e participações virtuais por meio do canal do YouTube.com/TVCamaraNH. A audiência também foi transmitida pela TV Câmara, canal 16 da Claro/Net.
O vereador Brizola apontou que o impacto será sentido em todos os entes da federação, mencionando a existência evidente de interesses mercadológicos para assumir a prestação de serviços que atualmente são públicos. O parlamentar antecipou que vai elaborar moção contrária à PEC 32, e pediu que cada entidade participante da audiência se manifeste junto aos deputados federais da região para impedir que a matéria seja aprovada da maneira que foi configurada pelo Palácio do Planalto.
Brizola afirmou ainda que há questões importantes a serem aprofundadas, especialmente relacionadas à convergência com a Emenda nº 103/2019, que trata do Sistema de Previdência Social e estabelece regras de transição. O parlamentar questionou qual serão os custos dessa mudança, tendo em vista que os Municípios com Regime Próprio de Previdência Social (RPPS) estão sendo estimulados a fazer adesão às novas regras, sem o debate adequado.
“Pensar uma reforma, sem ouvir as realidades das prefeituras pequenas, médias, câmaras, assembleias e estados é algo como estabelecer uma realidade sem olhar para as bases sociais do problema a ser enfrentado”, afirmou Leiria sobre a falta de discussão sobre o tema e, especialmente, sobre a ausência de estudos e levantamentos que amparem as mudanças propostas.
No princípio da atividade, Leiria informou aos participantes em que estágio do trâmite encontra-se a proposta na Câmara Federal. Segundo ele, a matéria tramita na Comissão Especial desde o dia 10 de junho, sob a relatoria de Arthur Lira (PP). Do total de 41 emendas apresentadas, apenas 21 foram aceitas pelo fato de as demais não terem o mínimo de assinaturas necessárias. Leiria alertou que a votação em segundo turno deve ocorrer até o final de setembro.
Como pressuposto teórico da PEC 32, de acordo com Leiria, é usada obra de Dunleavy & Hood, que trata do Estado Mínimo Comprador, estudado na Escola Gerencialista, o qual só administra contratos e transfere recursos para que privados executem o serviço público. “É uma mudança, não só da burocracia estatal, mas do Estado brasileiro”, afirmou o especialista em direito previdenciário.
Leiria explicou que a proposição prevê cinco vínculos. “Vamos destacar não só o estatutário, mas dar pistas sobre a questão previdenciária, que é um dos aspectos mais centrais e pouco evidenciado pelo próprio projeto no debate público. Novamente estamos em uma situação um pouco similar à da Reforma da Previdência, onde não se demonstrava o custo de transição da capitalização. O Parlamento brasileiro não teve acesso aos dados para que aprovasse aquela medida”, declarou. Ele elencou os tipos de vinculação previstas pela PEC 32: 1) de experiência, no qual o novo concursado, com ligação junto ao estatuto, seguiria para mais uma etapa de avaliação, como um trainne da iniciativa privada; 2) indeterminada, no qual devem estar a maioria dos novos funcionários; 3) cargos de liderança e assessoramento, espécie de CC da atualidade, podendo desempenhar funções consideradas estratégicas, gerenciais ou técnicas; 4) cargo típico de Estado, que ainda manterá a estabilidade e será regulamentado por lei complementar futura; e 5) instrumento de cooperação entre a administração pública e entidades privadas, que autoriza a contratação de empresas e ONGs.
Marco Velleda advertiu para a precarização dos serviços, com a consequente terceirização da educação e saúde. Sobre essa questão, ele reforçou a importância do Sistema Único de Saúde (SUS) no atual momento da pandemia. Para ele, sem o empenho dos funcionários públicos, a situação seria muito pior, lembrando a importância do Instituto Butatan, instituição pública que funciona desde 1901 e responsável pela produção da vacina CoronaVac no Brasil.
“O governo só está preocupado em fazer suas rachadinhas. Parece um discurso panfletário, mas é o que vivenciamos todos os dias, acusações a respeito dessa administração. A reforma traz lá em seu artigo 37 uma nova redação, que é a privatização do serviço público”, mencionou Velleda sobre a terceirização e a existência do que chamou de vale-educação e vale-saúde em substituição aos serviços estatais.
Ao término da audiência, foi aberta oportunidade para o público e internautas fazerem questionamentos e observações sobre a proposta de emenda. Confira a audiência na íntegra.