Diretor da Comur fala sobre ações administrativas na instituição
Faixa Nobre
“Eu tenho uma preocupação, desde que tomei conhecimento de uma portaria da Comur que abre a possibilidade de efetuar a demissão de até 20% dos funcionários. Eu acredito que a companhia é saudável ao Município e a precarização de suas atividades custarão muito mais aos cofres públicos. A portaria trata, especificamente, dos trabalhadores da Faixa Nobre. Às vezes, na tentativa de salvar a instituição, o efeito pode ser até pior. Tenho conhecimento de uma reunião realizada com os funcionários onde foi passado a eles um plano de metas de vendas de cartões de estacionamento. No caso do não cumprimento de metas, serão geradas advertências e, com o passar do tempo, eles poderão ser desligados”, relatou a vereadora Patricia Beck.
“As metas são para os funcionários perceberem comissões. Se ele for à rua e nada vender, receberá seu salário normal, mas, para ganhar a mais, terá que vender um número estabelecido”, respondeu o diretor-geral da Comur.
“Eu tenho um documento, sem assinatura, mas com o timbre da Comur, que estabelece um piso mínimo de vendas de 2.200 cartões por fiscal. Caso esse piso não seja atingido, a empresa entrará em contato com o cobrador para tomar conhecimento sobre os motivos do não atingimento do piso, como também fornecer o suporte necessário para que o patamar seja alcançado. Mas o documento afirma que a reincidência, não justificada do não atingimento do mínimo de vendas acarretará na despedida do funcionário por desempenho insuficiente. Então, de uma certa forma, com o que foi escrito e com o que foi falado na reunião, causou uma grave sensação de insegurança aos funcionários que trabalham na Faixa Nobre. Por exemplo, sabemos que o Centro está em obras e muitas ruas estão sem estacionamento, o que atrapalha muito o processo de venda de cartões. Por tudo isso, parece-me injusto cobrar deles essas metas”, contestou a parlamentar.
“Mesmo com as obras no Centro, o impacto na oferta de vagas para carros não é grande. Os espaços de estacionamento, 1.800 no total, estão espalhados em 25 perímetros urbanos. Mesmo com as obras, as pessoas continuam estacionando. Das vagas agora disponíveis, em torno de 50% são ocupadas diariamente”, informou Joel Gross, que solicitou ao diretor Fábio Tomasiak que explicasse sobre o piso mínimo de venda de cartões.
"Assumi o cargo de diretor Administrativo e Financeiro da Comur com o compromisso de fazer o melhor para a empresa. No caso da Faixa Nobre, buscamos trabalhar com um 'piso mínimo' de vendas, que é diferente de meta, pois meta é algo a ser alcançado, desejado. No caso do não atingimento de um mínimo de vendas, iremos procurar o funcionário, saber os motivos por ele não ter conseguido atingir esse número e fornecer um suporte necessário, treinamento. E a reincidência não justificada, ou seja, sem motivo, após as necessárias advertências, poderá acarretar o desligamento. Se eu tenho uma empresa privada, vou buscar ter eficiência. É o mesmo que buscamos ter na Comur. Se uma empresa possui um funcionário que não possui um rendimento suficiente, eu converso com ele, vejo se algo não está certo, dou treinamento para ele, e ele continua, sem motivo nenhum, com um rendimento insuficiente, o que o dono da empresa faria? Ele desligaria esse empregado da folha de pagamento por ineficiência. Buscamos eficiência. Essa é a proposta da Comur na Faixa Nobre. Chegamos ao número mínimo de vendas ao verificarmos a média do que vendem todos os fiscais. Estamos exigindo a venda de 2.200 cartões por mês. Esse é o piso mínimo de vendas. Não se aceita que um fiscal não atinja metade do valor do fiscal que mais vende. Atualmente, temos fiscais que vendem mais de 4 mil cartões por mês. São poucos, é verdade, mas procuro olhá-los como um alvo a ser atingido", discorreu Fábio Tomasiak.
“Atualmente, a arrecadação não chega a R$ 50 mil com a Faixa Nobre. Não podemos ter lucros, mas não podemos dar prejuízo. Temos de zelar pelo recurso público”, destacou Joel Gross.
“Não pode apenas o funcionário da Faixa Nobre ser responsabilizado por salvar as contas da Comur. Não podemos resumi-lo ao quanto ele vende e ao quanto ele custa. Há um convênio entre a empresa e a município, de nº 10/2017, visando subsidiar o ‘Projeto Faixa Nobre’, e agora, a prefeitura quer fazer um corte de 50%. Quanto hoje é pago pela prefeitura? E os valores estão sendo repassados em dia?”, perguntou Patricia Beck.
“O valor do repasse é de pouco mais de R$ 188 mil por mês. Há atrasos de pagamentos”, informou Gross.
"Mas, se vocês dizem que o custo da Faixa Nobre é de R$ 188 mil e recebem este mesmo valor da prefeitura, a conta está equilibrada. Por qual razão é necessário levantar questão sobre o custo do funcionário? E vamos mais além, esse fiscal, sozinho, não é responsável pela venda dos cartões. É importante lembrar que o comércio também oferece esses cartões e ganha comissões pelas vendas", relatou a parlamentar.
Cargos em Comissão e Funções Gratificadas
Ao ser questionado pelo vereador Fernando Lourenço (SD) sobre o número de cargos de confiança e funções gratificadas que existiam na Comur no início da gestão do atual governo, Fábio Tomasiak respondeu que esses números são agora inferiores. “Na administração passada, havia 15 CCs, agora temos 12, sendo que um cargo é ocupado por um servidor do quadro, que recebe metade da remuneração prevista para a função. Sobre FGs, nomeamos há dois meses uma comissão, que ouviu cada um dos gerentes, que falaram sobre os funcionários que hoje recebem a função gratifica, para saber se eles realmente executam as tarefas previstas para receber a FG e se aquela tarefa é realmente indispensável ao andamento dos trabalhos. Terminado esse estudo, verificou-se que alguns funcionários realmente desempenhavam tarefas diferenciadas das quais foram contratados pelo concurso, mas outros poderiam deixar de fazê-las, sem prejuízo essencial ao serviço, e ainda outros que havia uma inadequação. O estudo foi remetido ao Conselho de Administração da Comur, com uma série de modificações com relação às funções gratificadas, e isso resultou em uma economia mensal de R$ 8.330,00. Não é muito, mas não pdemos fazer economia em um lado apenas. Em cada parte da empresa, buscamos encontrar formas para economizar, de forma que a Comur se torne competitiva no mercado”, respondeu o diretor Administrativo da empresa.
Demissões na Comur
A vereadora Patricia Beck perguntou aos dirigentes da Comur sobre o corte de alguns colaboradores, realizado no início do ano.
“Fizemos alguns desligamentos de funcionários no início de 2019, em torno de 80 demissões, principalmente em escolas municipais de Novo Hamburgo. A medida foi adotada pela necessidade da Secretaria Municipal de Educação (Smed) adequar gastos com a previsão orçamentária do governo. Recebemos essa demanda do Poder Executivo e, a partir disso, criamos um plano para fazer essas adequações”, explicou o diretor-geral da companhia.
“Muitos colaboradores queriam sair e receber seus direitos legais, pois tinham outros projetos e planos para usar o dinheiro. Então, quando abrimos a oportunidade de demissão voluntária, muitos se manifestaram querendo o desligamento”, completou o diretor Fábio Tomasiak.