Delegacia da Mulher deverá ter canal direto de contato com agentes de saúde para denúncias de violência doméstica
“Vocês fazem a diferença, sim. Podemos ampliar a rede de proteção e ajudar muito essas mulheres”, disse Daiane.
O evento teve como público-alvo os agentes comunitários de saúde e profissionais do segmento que se interessam pelo tema. Ao atender vítimas em suas residências ou em unidades e postos de saúde do Município, esses técnicos são peça fundamental na identificação de casos de violência contra a mulher.
Marisa Brisolara relatou quais são os serviços oferecidos pela Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher (Deam), explicando que há, inclusive, um cartório que atende especificamente casos de violência sexual. Mesmo com a existência de um plantão para registro de ocorrências, a maioria das mulheres, em casos de agressões sofridas no final de semana, prefere ser atendida na segunda-feira pela equipe de profissionais da Deam. Ela acrescentou também que a delegacia promove um programa de mediação entre as vítimas e os agressores, alternativa adotada por aquelas denunciantes que não desejam a separação. “Entramos em contato com o acusado e fazemos o monitoramento por seis meses”, completou.
Daiane, por sua vez, trouxe estatísticas que apontam um aumento no número total de ocorrências envolvendo violência doméstica. No comparativo do primeiro semestre de 2018 com o mesmo período de 2017, ocorreu acréscimo nos crimes de ameaça (10%), vias de fato (33%) e perturbação (34%). Já a quantidade de estupros e de lesões apresentaram queda de 10% e de 8%, respectivamente.
A profissional também falou sobre o Projeto Papo de Responsa, adotado em Novo Hamburgo a partir de proposta desenvolvida no Rio de Janeiro há pelo menos 15 anos. Essa iniciativa tem por objetivo a prevenção de casos de violência de qualquer natureza. Segundo Daiane, o tema violência doméstica também está pautando palestras realizadas nas escolas hamburguenses. Para ela, a prevenção começa no ambiente escolar. Ela mencionou que alerta os jovens que passar a mão no bumbum de uma jovem configura estupro. Além disso, informa que a ficha criminal suja trará consequências para a vida futura desse jovem, entre elas, não poder fazer concurso público para seguir uma carreira.
“Temos que mostrar para o adolescente que a cultura do 'não dá nada' não existe”, salientou.
A procuradora Especial da Mulher, Patrícia Beck (PPS), elogiou o trabalho realizado pelas profissionais. Ao término do evento, ela propôs para a presidente do Conselho Municipal dos Direitos da Mulher (Comdim), Glacira Eli Santos da Silva, o repasse das informações levantadas durante o debate para os diferentes parceiros da Rede Integrada Laço Lilás, que discute alternativas para pôr fim à violência de gênero. Além disso, solicitou a inserção dos órgãos da Saúde do Município como membros do grupo, para terem conhecimento das discussões.
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