Comissões buscam impedir agravamento da deterioração da Casa da Lomba
De parte do Executivo, chamado para apresentar alternativas e informar a viabilidade das reivindicações, estiveram no local o secretário de Obras, Raizer Ferreira, o diretor de Cultura da Secretaria Municipal de Cultura, Alex Lassakoski, o gerente de Educação Ambiental, Paulo Eduardo Moehlecke, e as arquitetas Andréa Schütz, da Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Habitação (Seduh), e Marina Simon, da Secult.
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A presidente da Associação Cantalomba, Jacinta Scalcon, a Tita, e a tesoureira Pabiole Helena Silva informaram que as atividades desenvolvidas pela entidade no local estavam em seu ápice em 2017, quando o local sofreu interdição após vistoria realizada pela Defesa Civil, que apontou risco e necessidade de reforma.
Brizola sinalizou aos integrantes da entidade que eles poderiam contar com a comissão especial na articulação de apoio junto à bancada federal gaúcha para viabilizar o restauro. Por meio de emendas parlamentares, segundo ele, seria possível vislumbrar uma solução a essa demanda da comunidade do bairro rural. Ele acrescentou ainda que a resolução não depende exclusivamente do Executivo e que é necessária a união de esforços.
Após a intervenção de Brizola, o artista plástico Zé Martins, vice-presidente da associação, falou sobre a importância desse encaminhamento depois do abandono e falta de perspectivas quanto à recuperação do local. Ele enumerou as atividades que foram sediadas ao longo dos anos no pátio e na própria casa. Entre elas estava a caminhada luminosa, no período do Natal, e apresentações de corais, inclusive internacionais, no palco que fica ao lado do prédio. Para que propostas semelhantes voltem a acontecer ali, os integrantes da associação, junto aos vereadores, pediram que o Executivo possibilite o uso dessa estrutura e da arquibancada mesmo antes da conclusão da reforma pleiteada na Casa da Lomba.
Felipe pediu qual será o prazo para as adequações e para a retomada de atividades culturais nessa parte em questão. Raizer respondeu que já poderão ser feitas e que, após levantamento das necessidades, em 15 dias devem estar instaladas as folhas de zinco no telhado e feitos os bloqueios das entradas e janelas do local.
Com base no projeto de restauro, iniciado em 2015, a arquiteta Andréa informou ao grupo que a área da casa é de 337,16 metros quadrados, sendo que o telhado conta ainda com mais 256,18 metros quadrados. A profissional apontou que, em decorrência do agravamento da situação da edificação, foram realizadas atualizações à proposta de recuperação do patrimônio, com levantamento de todas as patologias, tais como umidade, presença de cupins, descolamento de alvenarias, desagregação de argamassa, erosão e fissuras estruturais. Ela esclareceu que as medidas mais urgentes para evitar o agravamento do quadro, como infiltração e deterioração do assoalho, seriam bloqueio das portas e janelas para que não haja invasão e depredação, além da substituição de telhas. Moehlecke comprometeu-se a estudar a possível utilização de folhas de zinco temporariamente para evitar que a chuva que entra no telhado estrague ainda mais o prédio.
Os vereadores Nor e Felipe subiram ao sótão para conferir o estado das madeiras e telhas. Os parlamentares constataram vários problemas no madeirame e na cobertura do telhado, que apresenta aberturas significativas, o que ocasiona a entrada de grande quantidade de água. Durante a visitação aos cômodos da casa, Felipe fez um breve relato sobre a história do pastor Jacob Sauer, que vivia no local e conseguiu preservar obras literárias em alemão escondendo-as no período da Segunda Guerra sob o assoalho da casa. Tita falou sobre a importância de se preservar a beleza imaterial e a memória quando as visitações forem reabertas.
Raizer informou também que foi acompanhado do secretário de Cultura, Ralfe Cardoso, à uma reunião no Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) para debater maneiras de viabilizar a restauração. Na ocasião, eles se mostraram interessados, conforme o representante da Secretaria de Obras, mas indicaram problemas de orçamento. De acordo com estimativa dos próprios integrantes do Executivo, o restauro deve ultrapassar R$ 1 milhão. O levantamento dos custos para obra está em fase final, devendo ser concluído possivelmente na próxima semana, segundo Andréa.
Sobre livros que pertenciam à associação e que estavam na Casa, Lassakoski disse que foram levados à Secult e devem passar por higienização e recuperação, podendo ser retirados pelo grupo posteriormente.