Cidadã hamburguense Emília Margret Sauer morre aos cem anos e deixa importante legado artístico para as novas gerações

por Maíra Kiefer última modificação 17/10/2022 17h49
17/10/2022 - Cidadã hamburguense em 2020, Emília Margret Sauer morreu no último domingo, 16, aos 100 anos de idade. Referência pelos anos dedicados à arte e ao ensino, Dona Emi, como era conhecida, viveu nos últimos anos no residencial Sinfonia, sua última moradia em Novo Hamburgo. Do local, fez os relatos sobre a sua trajetória no mundo das artes quando foi anunciada a escolha de seu nome para a mais importante homenagem do Parlamento hamburguense. Apenas seis cidadãs receberam espaço de destaque por sua contribuição ao Município. "Mais uma vez, obrigada. Quero saudar Novo Hamburgo, através dos parlamentares, através do povo, com muita emoção, muita gratidão. Eu jamais sonhei em receber esse prêmio", disse Emília na ocasião.
Cidadã hamburguense Emília Margret Sauer morre aos cem anos e deixa importante legado artístico para as novas gerações

Foto: Daniele Souza/CMNH

"Não conseguimos falar sobre a história da cultura da nossa cidade no século 20 sem citá-la", afirmou o historiador Paulo Daniel Spolier, lembrando sua fibra e coragem ao montar uma escola de artes em 1950, junto à mãe e à irmã após a morte trágica do pai em um acidente de carro. 

Trajetória

Natural de Ijuí, Dona Emi nasceu em 25 de julho de 1922. Seis anos depois, mudou-se para Lomba Grande, após seu pai candidatar-se à vaga de pastor na Comunidade de Confissão Evangélica Luterana. Com a única irmã, Elizabetha, foi interna da Fundação Evangélica de Novo Hamburgo e, posteriormente, estudou música no conservatório Carlos Gomes, no Colégio São José, de São Leopoldo.

Após esse período, as duas atuaram como professoras da instituição por quatro anos. Juntamente à mãe, poetisa e escritora, Emi e Elizabetha criaram uma pequena escola na qual ensinavam música e idiomas. O desafio foi imposto à família após a morte do pai. Com o passar do tempo e algumas mudanças de endereço, o empreendimento cresceu e ganhou importância no município, transformando-se no Instituto de Belas Artes de Novo Hamburgo (IBA).

Pianista, Emi foi responsável pela formação musical de inúmeros alunos ao longo de sua carreira. Na década de 1960, mesmo tendo deixado a direção da instituição por apelo de seu marido, o austríaco Alfredo Häckl, prosseguiu trabalhando com canto orfeônico no colégio Visconde de São Leopoldo e musicoterapia na Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae). Depois de viver em São Leopoldo, Emília Sauer retornou para Novo Hamburgo no início dos anos 2000, já octogenária, sempre disposta a receber aqueles que a procuravam para uma boa conversa sobre arte, música e cultura.

Despedida

O anúncio do falecimento veio por meio de comunicado emitido pela Fundação Scheffel. A despedida ocorreu na Funerária Krause, e o sepultamento no Cemitério Evangélico. O último ato público de uma pianista não pode prescindir de aplausos. “O ensino de arte do Vale do Sinos, em especial da cidade de Novo Hamburgo, agradece o privilégio de ter compartilhado o último século com a senhora, professora Emi. Obrigado, Dona Emi, fechamos as cortinas lhe saudado: bravo, bravíssimo!”, afirmou Ângelo Reinheimer, curador da Fundação Scheffel e amigo de muitos anos da artista.

Conheça os homenageados ao longo da história da premiação

Cidadã Emília Margret Sauer