Aprovada moção da Coseg que pede revogação de parte de decreto que disciplina clubes de tiro

por Tatiane Souza última modificação 19/03/2024 00h09
18/03/2024 – Por iniciativa da Comissão de Segurança, após mobilização de entidades de tiro desportivo, foi elaborada moção de apelo ao Planalto para que revogue trecho de decreto federal que disciplina e faz algumas exigências para o funcionamento desses locais. A matéria, apreciada nesta segunda-feira, 18, em votação nominal, foi aprovada com voto contrário do vereador Enio Brizola (PT). Entre as novas exigências contestadas pelos donos dos estabelecimentos, está a distância de um quilômetro para instituições de ensino. Publicada em julho, a normativa prevê prazo de 18 meses para os clubes se adequarem ao novo regramento.
Aprovada moção da Coseg que pede revogação de parte de decreto que disciplina clubes de tiro

Foto: Maíra Kiefer/CMNH

Em reunião realizada com os empresários do setor, no dia 28 de fevereiro, o presidente da Coseg, Inspetor Luz (MDB), reiterou que os vereadores estão de mãos atadas, mas pontuou que já há movimentações no Congresso Nacional na tentativa de sustar o Decreto nº 11.615, de 21 de julho de 2023. Além de Luz, assinam a moção o relator Felipe Kuhn Braun (PP), o secretário Cristiano Coller (PP), e o vereador Gustavo Finck (PP).

Conforme o texto da moção, o inciso I, do art. 38 do decreto, que proíbe a proximidade de estabelecimentos de ensino, extrapola o poder constitucional atribuído ao Executivo e cerceia a liberdade do cidadão. O grupo parlamentar hamburguense projeta que essa medida inviabilizará a manutenção de vários empreendimentos e clubes históricos na cidade e no país, ocasionando um número expressivo de desempregados, pois a atividade envolve 3,7 milhões de pessoas no Brasil.

Além disso, conforme estimativa, haverá prejuízo na arrecadação de impostos. Segundo dados levantados pelo grupo, a rede de serviços derivado geram, em impostos, aproximadamente 4,7% do PIB nacional. Na matéria aprovada nesta segunda, os autores lembram que as forças de segurança dos municípios também serão prejudicadas, pois a Guarda Municipal, a Polícia Civil e a Brigada Militar, muitas vezes, utilizam as estruturas dos clubes de tiro para treinamento.

Leia mais: Clubes de tiro pedem apoio de comissão para manutenção de suas atividades

Estamos tentando que o Município nos ajude, porque todos estão a uma distância menor de um quilômetro para alguma escola. Do dia para a noite, vou perder o direito de ter meu clube de tiro, legal até hoje e que gera impostos para a cidade, o estado e a União. Somos empresas como quaisquer outras. Em Novo Hamburgo, somos no mínimo oito clubes atingidos. Muita gente ficará desempregada”, lamentou César de Oliveira, presidente do Clube Ponto Trinta de Caça e Tiro, em encontro com a Coseg.

Fala dos vereadores

Inspetor Luz usou a tribuna para pedir a aprovação do texto. “É só uma adequação para que esses empresários e empreendedores possam trabalhar tranquilamente”, disse.

Coller também destacou que a demanda é de diversos empresários de Novo Hamburgo e região, grupo prejudicado a partir da implementação do decreto, em 2025. “Clubes históricos da nossa cidade, como o Grêmio Atiradores, que tem 132 anos, serão prejudicados porque, em suas dependências, por exemplo, há uma escola. As forças armadas e a própria Brigada Militar utilizam esses clubes para treinamento”, afirmou o parlamentar. O vereador sinalizou que nunca ouviu sobre invasões a clube de tiros e que não vê problema em estaremos localizado perto de instituições de ensino desde cumpram a lei, horários e todas as questões técnicas”, apontou.

Gustavo Finck (PP) contou que fez uma projeto de sugestão ao Executivo tratando do tema, mas que o teor ainda está em análise. Para o progressista, o assunto faz parte de uma disputa ideológica entre o governo federal e atual. “Os clubes de tiro são fiscalizados pela Polícia Federal e pelo Exército. O vereador pediu para assinar junto a moção.

Raizer Ferreira (PSDB) também acredita que o assunto seja uma disputa ideológica. E ressaltou que as leis federais sobrepõem as leis municipais e estaduais. “Não podemos ter um regramento somente em nossa cidade. Que os clubes continuem e que este artigo possa ser retirado”, disse.

A cópia do documento será remetida ao presidente da República, Luís Inácio Lula da Silva, ao presidente do Senado Federal, Rodrigo Pacheco, e ao presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira.

O que é uma moção?

A Câmara se manifesta sobre determinados assuntos – aplaudindo ou repudiando ações, por exemplo – por meio de moções. Esses documentos são apreciados em votação única e, caso sejam aprovados, cópias são enviadas às pessoas envolvidas. Por exemplo, uma moção louvando a apresentação de um projeto determinado no Senado pode ser enviada ao autor da proposição e ao presidente daquela casa legislativa.