Alunos de Medicina da Feevale reforçam atendimento em unidades públicas de saúde

por Luís Francisco Caselani última modificação 12/09/2023 00h19
11/09/2023 – Em julho, a Universidade Feevale formou sua primeira turma de Medicina. Além da conquista pessoal para cada um dos 19 graduados, a cerimônia também marcou os resultados iniciais de um esforço coletivo pela oferta do curso em Novo Hamburgo, luta travada por muitos anos e a muitas mãos. Nesta segunda-feira, 11, o reitor da universidade, Cleber Prodanov, subiu à tribuna da Câmara para ressaltar a importância do momento não apenas para a instituição de ensino, mas também para os serviços públicos de saúde. Conforme o educador, atualmente 185 estudantes reforçam equipes em unidades de saúde e no Hospital Municipal.
Alunos de Medicina da Feevale reforçam atendimento em unidades públicas de saúde

Foto: Daniele Souza/CMNH

Com espaço de fala assegurado pelo vereador Enio Brizola (PT), Prodanov discorreu sobre as dificuldades na implementação do curso, mas enalteceu os benefícios sociais de todo esse trabalho. Iniciada no segundo semestre de 2017, após uma série de tratativas encabeçadas pela própria Prefeitura, a graduação conta hoje com 571 alunos. “A nossa questão não é mercantil. Temos um compromisso com a região, com a qualificação do curso e do corpo docente e com o trabalho comunitário. Implementar um curso como esse é bastante complexo, mas estamos tendo muita felicidade em fazê-lo. O curso foi avaliado pelo Ministério da Educação e recebeu nota máxima”, contou.

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O reitor explicou que o envolvimento com o Sistema Único de Saúde (SUS) iniciou pelo Hospital Municipal, mas já foi ampliado para unidades básicas de saúde (UBSs), de saúde da família (USFs) e de pronto atendimento (UPAs). Não é um curso fechado dentro da estrutura da universidade. Pelo contrário. Hoje temos 185 alunos que estão trabalhando nessas unidades de saúde, fora os professores. É muito importante que eles conheçam a realidade SUS para que possam realmente fazer uma intervenção qualitativa. Não queremos dar uma formação meramente ambulatorial, mas bastante humanizada. O conceito da universidade é trabalhar um profissional com esses parâmetros”, afirmou.

Pediatria

Questionado sobre especialidades às quais o curso pode se direcionar, Prodanov pontuou que a coordenação define as áreas conforme as principais carências da região e as demandas da população. O principal campo trabalhado tem sido o da pediatria. “Inclusive o nosso convênio com a Fundação de Saúde é para a edificação de um complexo dentro do Hospital Municipal voltado à especialidade. Mas também temos estudado muito a questão da cardiologia e da oncologia”, acrescentou. O reitor mencionou ainda os esforços da universidade na articulação de recursos junto a deputados e senadores para a aquisição de equipamentos. “A captação se dá para estruturas que serão disponibilizadas para a aprendizagem dos alunos e o atendimento das pessoas”, reforçou.

Após o término do pronunciamento, Enio Brizola questionou sobre estimativas de início e conclusão das obras do anexo da pediatria. Prodanov não especificou datas, mas assegurou que os projetos estão prontos e o dinheiro está reservado. “No momento em que houver todas as garantias e licenças da Prefeitura, chamaremos a contratação da obra”, informou.

Brizola também mencionou a existência de uma sensibilização geral para que os médicos formados pela Universidade Feevale permaneçam em Novo Hamburgo, mas reconhece que a disputa com outras cidades é grande. “Quais são as perspectivas desses alunos ficarem no nosso município?”, indagou. O reitor comentou que muitos estudantes não são da região, mas sugeriu meios de atrair essa mão de obra. “Tem que haver um incentivo. Algumas cidades oferecem uma ‘bolsa’. Enquanto o aluno está em fase final do curso, ele recebe um valor para fazer atendimentos. Campo Bom tem feito isso como maneira de reter os jovens. Tem que haver um atrativo para que ele continue trabalhando no atendimento SUS”, indicou.

Brizola propôs o encaminhamento de uma minuta de projeto ao Executivo de incentivo à permanência desses profissionais. “Importante avaliarmos essa possibilidade”, concluiu o vereador. Representantes da universidade presentes no plenário informaram que três dos 19 médicos formados em julho seguem trabalhando em estratégias de saúde da família em Novo Hamburgo.

Perguntas e sugestões

Além do proponente, outros parlamentares também encaminharam questionamentos ao convidado. Giovani Caju (PP), que substituiu Gustavo Finck (PP) durante a sessão desta segunda-feira, perguntou sobre a possibilidade de construção de um hospital federal na cidade. Gerson Peteffi (MDB), por sua vez, sugeriu a regionalização do Hospital Municipal. “Nosso hospital é referência para toda a região, mas é municipal. Recebemos poucos recursos de outras prefeituras. Com a regionalização, teríamos maior aporte financeiro e maior número de vagas”, ponderou. Prodanov saudou as duas propostas. “Tornar o hospital regional acho que é a grande saída. Mas a complexidade de um hospital regional é diferente”, atentou.

Peteffi também pediu que a universidade estude com carinho o foco na cirurgia geral. Segundo o vereador, a deficiência na área força a transferência de pacientes para outros municípios até para procedimentos mais corriqueiros. “Cirurgias razoavelmente simples, que poderiam ser feitas tranquilamente em Novo Hamburgo, são encaminhadas para Porto Alegre. No entanto, nesse processo, o paciente leva um ano para ser atendido”, lamentou.

Vladi Lourenço (PSDB) perguntou sobre as formas de acesso aos serviços de saúde prestados pela Feevale e seus alunos. Temos o nosso Cies (Centro Integrado de Especialidades em Saúde). Ele atende todas as áreas da saúde humana. O acesso é gratuito para aqueles que comprovam necessidade econômica. E, quem pode pagar, paga muito pouco. É uma clínica-escola. Não queremos concorrer com médicos e outras estruturas”, elucidou.

Felipe Kuhn Braun (PP) questionou se a universidade foi incluída nas discussões sobre uma futura retomada do atendimento oncológico pelo SUS no Hospital Municipal. Prodanov negou e explicou que, hoje, a instituição está debruçada apenas no projeto do anexo pediátrico. Presidente da Comissão de Saúde da Câmara, Raizer Ferreira (PSDB) adiantou que tentará mobilizar o colegiado para uma visita à estrutura de saúde da Feevale.

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