Projeto prevê cotas para negros nos concursos da Câmara
Justificativa
Na justificativa, Brizola frisa que, embora existam ganhos importantes em diversos campos sociais, persistem as desigualdades entre negros e brancos. “Na composição dos cargos públicos da administração municipal, ainda que ocupados por meio de concursos públicos calcados na meritocracia e na transparência, estas diferenças raciais se mantêm. Isto se justifica porque, assim como ocorre no ingresso no ensino superior, a despeito de critérios pretensamente neutros de seleção, resta evidente que não há iguais condições de formação e preparação dos candidatos, além de constatarem-se níveis de condição de vida mais precários vivenciados pela população negra, o que justifica a necessidade de ações afirmativas.”
Movimento Negro
A convite do vereador, Luís Carlos Oliveira, representante do movimento negro de Novo Hamburgo, utilizou a tribuna antes da votação para falar sobre a importância da proposta. Ele explicou que o fim da escravidão, em 1888, não significou integração. “E ainda a nossa comunidade negra sente reflexos disso.” Luís frisou que ainda hoje existe uma discrepância entre brancos e negros no ensino superior. “Não queremos ser diferentes, queremos a igualdade.”
Falas dos vereadores
Brizola também utilizou a tribuna para defender sua proposta. Fufa Azevedo (PT) destacou que o Brasil foi o último país da América do Sul a construir uma universidade – e também o último a abolir a escravidão. “Historicamente, somos um país extremamente conservador e atrasado, quando o tema são pautas que podem fazer com que nos respeitemos mais em nossa diversidade.”
Patrícia Beck (PPS) disse que, ao ler a proposta, surge a dúvida: será que estamos fazendo a coisa certa? “Será que, com as cotas, não estamos promovendo a desigualdade?” A vereadora salientou, contudo, ter sentido na pele a necessidade das cotas ao ingressar em um novo partido político. “É muito difícil ser mulher na política.” Roger Corrêa (PCdoB) também destacou a importância de políticas afirmativas.
Depois da votação, Cristiano Coller (Rede) disse que, apesar de ter saído de casa com a decisão tomada, vai repensar sua posição para quarta-feira. Já Raul Cassel (PMDB) disse ser contrário a políticas e quotas, exceto para deficientes físicos.
Emendas
Professor Issur Koch (PP) apresentou uma emenda, que foi aprovada, vinculando o ingresso por meio da reserva ao fato de ter frequentado escola pública durante todo seu período escolar ou, ainda ter estudando na rede privada com bolsa de estudos.
A aprovação em primeiro turno
Na Câmara de Novo Hamburgo, os projetos são sempre apreciados em Plenário duas vezes. Um dos objetivos é tornar o processo (que se inicia com a leitura da proposta no Expediente, quando começa sua tramitação) ainda mais transparente. É que o resultado que vale de fato é o da segunda votação, geralmente realizada na sessão seguinte. Assim, um projeto pode ser aprovado em primeiro turno e rejeitado em segundo – ou vice-versa.
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