Pepe Mujica visita Novo Hamburgo para conhecer sede da Cadeia Solidária Binacional do PET

O governador destacou a importância da união entre os países na consolidação de projetos como o da Cadeia Solidária. “Outros países estão sofrendo com a crise porque não têm relações de integração. A relação que temos aqui é de baixo para cima, começando pelo trabalhador. Precisamos integrar os povos pelo trabalho, pela preocupação com o nosso meio ambiente, não pelo capital”, explicou.

Segundo o presidente do CoopetSinos, Clóvis Eduardo Aguiar, que é catador, a Central dos Catadores de Novo Hamburgo opera com mais de 450 trabalhadores de 12 cooperativas. Ele explica que o projeto envolve somente cooperativas e é voltado à economia solidária e à valorização de pessoas. “Nós sabemos que os avanços são lentos, mas estão acontecendo. Precisamos dizer a todos que não vamos desistir, pois desistir não é um verbo conhecido pelos catadores”, declarou.

Intensamente aplaudido, Mujica disse que, antes de ser uruguaio, é latino-americano, e reafirmou a relação entre os países e a importância do Mercosul nos projetos de integração. “Precisamos da economia solidária para os pobres, para os trabalhadores, que podem aprender a ser patrões de si mesmos”, explica. “Podemos aguentar um governo que faz franquias, podemos suportar uma ditadura, mas quando temos uma fábrica como esta, estamos de fato lutando contra o inimigo.” Por fim, o presidente pediu aos brasileiros que cuidem da Amazônia. “Está na mão de vocês defender este patrimônio”.

O vereador Gilberto Koch – Betinho (PT) disse que Novo Hamburgo está dando um passo importante na tecnologia de reciclagem de PETs por meio daa troca de experiência entre os países e com os demais estados. “Essa forma de gerar renda e emprego para quem precisa, como já fazemos aqui com o CataVida, que já ganhou cerca de cinco prêmios, é um exemplo para os outros países”, destacou o parlamentar. O presidente da Câmara, Naasom Luciano (PT), também esteve presente. 

Garrafas PET transformadas em roupas

A construção do projeto pelo Governo do Estado passa por diversas etapas. A primeira acontece nas cidades gaúchas de Novo Hamburgo, Santa Cruz do Sul, Jaguarão, Passo Fundo e Canoas, onde as garrafas são coletadas, prensadas e transformadas em flake (fibra de tecido). Posteriormente, a cooperativa uruguaia Coopima transformará o material em fibra sintética, que será enviada para Minas Gerais, onde a Coopertêxtil processará a fibra em fio de tecido.

Na última etapa, cooperativas de costureiras do RS recebem o tecido ecológico e confeccionam sacolas, calçados, camisetas e outros artigos. Segundo o Governo do Estado, o objetivo é consolidar uma cadeia produtiva no setor de reciclagem da garrafa PET entre empreendimentos populares gaúchos, trabalhadores associados do Uruguai e de Minas Gerais. Estão envolvidos no projeto 9 mil trabalhadores diretos e 45 mil trabalhadores indiretos. No Rio Grande do Sul, atuam 135 cooperativas e associações de catadores que recolhem, reciclam e prensam as garrafas.

(fonte: Portal do Governo do Estado do Rio Grande do Sul)

Texto e fotos: Vírgínia Machado