Moção repudia manifestações racistas e homofóbicas de deputados gaúchos

por tatianelopes — última modificação 16/10/2020 20h02
19/02/2014 – Os vereadores aprovaram na sessão desta quarta, 19, a Moção nº 2/2014, de Gilberto Koch – Betinho (PT), Luiz Fernando Farias (PT) e Roger Corrêa (PCdoB), que manifesta repúdio às manifestações dos deputados Luís Carlos Heinze (PP/RS) e Alceu Moreira (PMDB/RS). Betinho frisa, em seu texto, que durante uma audiência realizada no município de Vicente Dutra, os parlamentares não só incitaram a violência contra lideranças indígenas que tentam retomar suas terras invadidas por fazendeiros, grileiros e madeireiros, como também insultam gays e lésbicas. Na tribuna, Betinho frisou que não é possível ficar calado frente a manifestações dessa natureza.

“Como líder de bancada, venho dizer que vamos votar contra”, disse Sergio Hanich (PMDB). “Vou justificar: o que me causa estranheza é que esse ato aconteceu em 2013, mas só veio à tona agora, e isso me faz acreditar que é eleitoral. Para mim, todos somos iguais, e como vereador estou aqui para defender todos os cidadãos.”

Farias apontou que não foi a imprensa que cometeu o deslize. “Não foi um texto, que pode ser manipulado, mas um vídeo no qual aparece o parlamentar dizendo isso claramente. Apoio integralmente essa moção e defendo a imprensa. Não foi nenhum jornal que escreveu isso, tem um vídeo, a prova mais contundente.”

Professor Issur Koch (PP) disse que inicialmente votaria a favor da moção. “Mas temos um projeto de igualdade racial nesta Casa, e estamos lutando há meses para que seja incluída a palavra 'indígenas' na proposta. Essa moção é partidária. O Partido Progressista e o meu gabinete já fizeram uma nota de repúdio que foi enviada direto aos gabinetes dos envolvidos.”

Betinho frisou que a proposta de igualdade racial veio do Executivo, e que ele pediu à Prefeitura que o texto seja complementado.

Issur reiterou que os deputados erraram, mas que é contra a moção por achar que ela é partidária. Inspetor Luz (PMDB) fez uma afirmação semelhante. Raul Cassel (PMDB) disse que os próprios deputados já pediram desculpas. “Acredito que os partidos precisam tomar internamente seus encaminhamentos referentes ao caso.”

Antonio Lucas (PDT) disse que, em 2014, esse tipo de fala dos deputados é inadmissível. “Meu voto sempre vai ser contrário a esse tipo de atitude de políticos.” Cristiano Coller (PDT) apontou que toda moção tem seu aspecto político. Enfermeiro Vilmar (PR) afirmou que levou em consideração, na hora de votar, a sua consciência. “Não posso admitir discriminação.”

Votaram contra a bancada do PMDB (Serjão, Luz e Cassel) e do PP (Issur). A moção será enviada aos deputados citados, à Câmara dos Deputados Federais, ao governador do Estado do Rio Grande do Sul, à bancada gaúcha na Câmara dos Deputados Federais, à Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul e ao Senado Federal.