- Moção registra falta de pessoal na 3ª DP de Canudos

por tatianelopes — última modificação 16/10/2020 20h02
07/02/2012 - A moção que manifesta repúdio ao governo do Estado, por não colocar estrutura de pessoal na 3ª Delegacia de Polícia de Canudos, de autoria do vereador Leonardo Hoff (PP), foi aprovada por sete votos a seis.

A votação ocorreu nesta terça-feira, 7. Votaram a favor Leonardo Hoff, Sergio Hanich (PMDB), Raul Cassel (PMDB), Jesus Maciel (PTB), Ito Luciano (PMDB), Gerson Peteffi (PSDB) e Luiz Carlos Schenlrte (PMDB).

 

Como argumento, Hoff declara que 96,1 mil habitantes de Novo Hamburgo residem em região de risco nos bairros Canudos, Diehl, São Jorge e São José – líderes em ocorrências de homicídios, tentativas de assassinatos e assaltos. A 3ª Delegacia de Polícia, que abrange essa área, possui apenas um policial no serviço de investigação e outras duas agentes, uma delas cedida recentemente em cartório. “A situação é de calamidade. O governo do Estado não promove concursos para cargos de agentes policiais civis e não finaliza concurso já devidamente em fase de avaliações”, repudia Hoff.

 

De acordo com o progressista, todos sabem das dificuldades da Polícia Civil e da competência dos profissionais, além disso lembrou a luta para a construção da nova Central de Polícia. “Estamos ao lado da comunidade. É importante que os vereadores se unam. Nosso Município é importante. É a sexta economia do Estado. Precisamos receber o retorno dos impostos que geramos”, declarou Hoff. “Precisamos de investigarores, escrivães, estagiários e, quem sabe, delegados. Falta só nomear os agentes. O Estado pode ser mais ágil", disse. Além disso, Leonardo Hoff pediu que a Comissão de Segurança da Casa, presidida pelo vereador Volnei Campagnoni (PCdoB), e a Comissão de Direitos Humanos se reunam com o secretário de Segurança do Estado.

 

Debate

Matias Martins (PT) lembrou a homenagem realizada pela Câmara ao delegado da 3ª DP de Canudos, Airton Martins, pelo excelente trabalho prestado. Mas criticou o ato do delegado, que colocou um manifesto na porta da delegacia pedindo mais estrutura. “No serviço público é assim, trabalhamos com o possível e não com o ideal”, ressaltou.

 

Criticou também o autor da moção. “O Leonardo passou pela Casa Civil, é um vereador inteligente, bem articulado, por que não fez? Ele radicalizou”, falou. Matias lembrou o programa da Rádio Gaúcha em que o governador do Estado Tarso Genro afirmou que, no máximo em duas semanas, nomeará agentes da Polícia Civil.

 

Ito Luciano (PMDB) ressaltou que concorda com a moção, mas tem uma ressalva. “Não é somente Canudos que tem problemas. Os outros bairros e delegacias não merecem apoio? Gostaria que incluissem os outros bairros também nessa moção. Toda a comunidade clama por mais segurança. Precisamos equipar e melhorar as delegacias.” Matias Martins e Raul Cassel (PMDB) concordaram com o colega e mencionaram outros delegados que também atuam com sobrecarga de trabalho.

 

Raul Cassel argumentou que a população tem sido alvo da violência que incide sobre NH. “Nós temos direitos a segurança, pagamos impostos. Não me interessa quem governa. Hoje, quem está lá é o Tarso, é obrigação dele dar estrutura. NH tinha melhorado, mas hoje a violência está solta. Quem prolifera? Vendedores de seguro, instaladores de câmeras de segurança, empresas de vigilância. Em um mês e um dia, temos estatísticas de 16 assassinatos. Não é possível”, disse. Segundo ele, a aprovação da moção se dá para chamar a atenção dos governantes.

 

Luiz Carlos Schenlrte (PMDB) disse que a moção mostra o que sente a comunidade de NH. “Em janeiro, o índice de criminalidade foi superior ao de 2009 e 2010 juntos. Unificar a Polícia Civil e a Brigada Militar talvez seja a solução. Pensar na pena de morte ou na prisão perpétua para certos casos é outro assunto que deve ser levado ao debate. Precisamoso mudar a legislação”, defendeu Carlinhos.

 

Volnei Campagnoni (PCdoB) disse que toda a cobrança é válida. “Aqui no nosso Estado a segurança é uma bagunça. Teríamos que fazer um debate sobre o novo quadro penal. Que tipo de segurança queremos? A discussão deve ser mais profunda. Se moção resolvesse, vários problemas já tinham sido solucionados”, disse.

 

Antonio Lucas (PDT) votou contra a moção e disse que todos os municípios do Estado merecem mais segurança. Nao é momento propício para essa moção de repúdio. Primeiro, a Comissão de Segurança deve marcar uma reunião com a secretaria de Segurança Pública, expor os fatos, cobrar soluções. Depois disso, se não render nada, tudo bem”, disse.

 

O presidente Gilberto Koch (PT) falou que a discussão não é propícia, pois o ano é eleitoral, o que torna o ato politiqueiro. "Temos de pensar um pouco. Todas as delegacias têm dificuldades. A maior parte dos assassinatos são brigas por ponto de drogas. O que está por trás de tanta violência? Jovens estão morrendo, se destruindo por causa da droga. É um caso muito sério.” Betinho também sugeriu que a Comissão de Segurança se reúna com a secretaria municipal para ampliar a discussão. “Precisamos fazer uma audiência pública”, apontou.

 

Sergio Hanich (PMDB) disse que é impossível se calar perante essa moção depois de tudo que fizeram à frente da Comissão de Segurança da Casa.”Quero parabenizar o delegado Airton pela vontade de realizar um trabalho bem feito. Ressalto que, neste momento, o mais importante não é o partido. Independente disso, devemos seguir adiante para contornar a situação. Sou contrário à politicagem. Precisamos conversar com todos os níveis do poder para resolvermos o problema.”

 

Carmen Ries (PT) falou que é contra a politicagem. Conforme ela, faltam professores, médicos, policiais. “O Beira Mar governa de dentro da cadeia, tem todas as regalias. O bandido anda armado. Temos de ter seriedade. Precisamos reformar as leis. Temos de ter atitude. Moção é só um papel. Nada contra o Leonardo, mas politicagem não.” Carmen falou para o progressista, no entanto, que se ele fizer um pedido de providência, ela assina junto.

 

Jesus Maciel (PTB) ressaltou que é triste reduzir todas as ações à politicagem. “Nosso problema número um é a falta de segurança. Tudo que pudermos fazer para tmelhorar essa condição é válido.” O petebista também concorda com a necessidade de um grande debate sobre o tema. “A lei é branda, teve um rapaz daqui que foi preso 19 vezes, porque foi solto outras 18 vezes. Precisamos fazer algo. Não interessa quem está no cargo, o partido, precisamos buscar melhorias par ao povo.”

  

Leonardo Hoff voltou à tribuna para rebater às críticas, embora respeite a posição dos colegas. “Votamos conforme nossa ideologia e no que acreditamos. Dizer que a moção é um ato politiqueiro, é falta de respeito. Os colegas poderiam criticar o teor da moção, mas não simplesmente dizer que quem a apresenta em ano eleitoral é politiqueiro. Pensei na comunidade, em debater segurança com pessoas que são líderanças em NH – o que consegui."

 

Alex Ronnau (PT) reforçou que a moção é um ato politiqueiro. “Muito mais valia ir em Canudos e discutir com a comunidade." Indagado por Hoff se comprometeria-se com a ação, disse que sim. “Fica aqui o compromisso com a minha comunidade de realizar uma audiência pública e debater com eles esse assunto. E peço a ajuda dos demais vereadores de Canudos, da minha bancada. Isso sim é mostrar interesse pelo cidadão”, enfatizou.

 

Antonio Lucas falou que se um grupo for montado para discutir o problema, quer estar junto. “Temos de lutar para trazer um helicóptero novamente para o Município, porque ajuda muito na fiscalização.” Serjão concordou com o colega.

 

Ricardo Ritter – Ica (PDT) disse que é necessário lutar com as armas que se tem. “Sabemos das inúmeras delegacias e outras entidades públicas que dependem da estrutura do Estado. Cassel reforçou que a moção é um alerta ao governo. “Certamente o governador não sabe disso. Pelo menos deve averiguar para sanar ou não essa dificuldade”, finalizou.

 

A moção de repúdio será enviada ao governador e ao secretário de Segurança do Estado.

 

Leia a moção na íntegra: http://sapl.camaranh.rs.gov.br/sapl_site/sapl_skin/consultas/materia/materia_mostrar_proc?cod_materia=16305