- Moção registra falta de pessoal na 3ª DP de Canudos
A votação ocorreu nesta terça-feira, 7. Votaram a favor Leonardo Hoff, Sergio Hanich (PMDB), Raul Cassel (PMDB), Jesus Maciel (PTB), Ito Luciano (PMDB), Gerson Peteffi (PSDB) e Luiz Carlos Schenlrte (PMDB).
Como argumento, Hoff declara que 96,1 mil habitantes de Novo Hamburgo residem em região de risco nos bairros Canudos, Diehl, São Jorge e São José – líderes em ocorrências de homicídios, tentativas de assassinatos e assaltos. A 3ª Delegacia de Polícia, que abrange essa área, possui apenas um policial no serviço de investigação e outras duas agentes, uma delas cedida recentemente em cartório. “A situação é de calamidade. O governo do Estado não promove concursos para cargos de agentes policiais civis e não finaliza concurso já devidamente em fase de avaliações”, repudia Hoff.
De acordo com o progressista, todos sabem das dificuldades da Polícia Civil e da competência dos profissionais, além disso lembrou a luta para a construção da nova Central de Polícia. “Estamos ao lado da comunidade. É importante que os vereadores se unam. Nosso Município é importante. É a sexta economia do Estado. Precisamos receber o retorno dos impostos que geramos”, declarou Hoff. “Precisamos de investigarores, escrivães, estagiários e, quem sabe, delegados. Falta só nomear os agentes. O Estado pode ser mais ágil", disse. Além disso, Leonardo Hoff pediu que a Comissão de Segurança da Casa, presidida pelo vereador Volnei Campagnoni (PCdoB), e a Comissão de Direitos Humanos se reunam com o secretário de Segurança do Estado.
Debate
Matias Martins (PT) lembrou a homenagem realizada pela Câmara ao delegado da 3ª DP de Canudos, Airton Martins, pelo excelente trabalho prestado. Mas criticou o ato do delegado, que colocou um manifesto na porta da delegacia pedindo mais estrutura. “No serviço público é assim, trabalhamos com o possível e não com o ideal”, ressaltou.
Criticou também o autor da moção. “O Leonardo passou pela Casa Civil, é um vereador inteligente, bem articulado, por que não fez? Ele radicalizou”, falou. Matias lembrou o programa da Rádio Gaúcha em que o governador do Estado Tarso Genro afirmou que, no máximo em duas semanas, nomeará agentes da Polícia Civil.
Ito Luciano (PMDB) ressaltou que concorda com a moção, mas tem uma ressalva. “Não é somente Canudos que tem problemas. Os outros bairros e delegacias não merecem apoio? Gostaria que incluissem os outros bairros também nessa moção. Toda a comunidade clama por mais segurança. Precisamos equipar e melhorar as delegacias.” Matias Martins e Raul Cassel (PMDB) concordaram com o colega e mencionaram outros delegados que também atuam com sobrecarga de trabalho.
Raul Cassel argumentou que a população tem sido alvo da violência que incide sobre NH. “Nós temos direitos a segurança, pagamos impostos. Não me interessa quem governa. Hoje, quem está lá é o Tarso, é obrigação dele dar estrutura. NH tinha melhorado, mas hoje a violência está solta. Quem prolifera? Vendedores de seguro, instaladores de câmeras de segurança, empresas de vigilância. Em um mês e um dia, temos estatísticas de 16 assassinatos. Não é possível”, disse. Segundo ele, a aprovação da moção se dá para chamar a atenção dos governantes.
Luiz Carlos Schenlrte (PMDB) disse que a moção mostra o que sente a comunidade de NH. “Em janeiro, o índice de criminalidade foi superior ao de 2009 e 2010 juntos. Unificar a Polícia Civil e a Brigada Militar talvez seja a solução. Pensar na pena de morte ou na prisão perpétua para certos casos é outro assunto que deve ser levado ao debate. Precisamoso mudar a legislação”, defendeu Carlinhos.
Volnei Campagnoni (PCdoB) disse que toda a cobrança é válida. “Aqui no nosso Estado a segurança é uma bagunça. Teríamos que fazer um debate sobre o novo quadro penal. Que tipo de segurança queremos? A discussão deve ser mais profunda. Se moção resolvesse, vários problemas já tinham sido solucionados”, disse.
Antonio Lucas (PDT) votou contra a moção e disse que todos os municípios do Estado merecem mais segurança. Nao é momento propício para essa moção de repúdio. Primeiro, a Comissão de Segurança deve marcar uma reunião com a secretaria de Segurança Pública, expor os fatos, cobrar soluções. Depois disso, se não render nada, tudo bem”, disse.
O presidente Gilberto Koch (PT) falou que a discussão não é propícia, pois o ano é eleitoral, o que torna o ato politiqueiro. "Temos de pensar um pouco. Todas as delegacias têm dificuldades. A maior parte dos assassinatos são brigas por ponto de drogas. O que está por trás de tanta violência? Jovens estão morrendo, se destruindo por causa da droga. É um caso muito sério.” Betinho também sugeriu que a Comissão de Segurança se reúna com a secretaria municipal para ampliar a discussão. “Precisamos fazer uma audiência pública”, apontou.
Sergio Hanich (PMDB) disse que é impossível se calar perante essa moção depois de tudo que fizeram à frente da Comissão de Segurança da Casa.”Quero parabenizar o delegado Airton pela vontade de realizar um trabalho bem feito. Ressalto que, neste momento, o mais importante não é o partido. Independente disso, devemos seguir adiante para contornar a situação. Sou contrário à politicagem. Precisamos conversar com todos os níveis do poder para resolvermos o problema.”
Carmen Ries (PT) falou que é contra a politicagem. Conforme ela, faltam professores, médicos, policiais. “O Beira Mar governa de dentro da cadeia, tem todas as regalias. O bandido anda armado. Temos de ter seriedade. Precisamos reformar as leis. Temos de ter atitude. Moção é só um papel. Nada contra o Leonardo, mas politicagem não.” Carmen falou para o progressista, no entanto, que se ele fizer um pedido de providência, ela assina junto.
Jesus Maciel (PTB) ressaltou que é triste reduzir todas as ações à politicagem. “Nosso problema número um é a falta de segurança. Tudo que pudermos fazer para tmelhorar essa condição é válido.” O petebista também concorda com a necessidade de um grande debate sobre o tema. “A lei é branda, teve um rapaz daqui que foi preso 19 vezes, porque foi solto outras 18 vezes. Precisamos fazer algo. Não interessa quem está no cargo, o partido, precisamos buscar melhorias par ao povo.”
Leonardo Hoff voltou à tribuna para rebater às críticas, embora respeite a posição dos colegas. “Votamos conforme nossa ideologia e no que acreditamos. Dizer que a moção é um ato politiqueiro, é falta de respeito. Os colegas poderiam criticar o teor da moção, mas não simplesmente dizer que quem a apresenta em ano eleitoral é politiqueiro. Pensei na comunidade, em debater segurança com pessoas que são líderanças em NH – o que consegui."
Alex Ronnau (PT) reforçou que a moção é um ato politiqueiro. “Muito mais valia ir em Canudos e discutir com a comunidade." Indagado por Hoff se comprometeria-se com a ação, disse que sim. “Fica aqui o compromisso com a minha comunidade de realizar uma audiência pública e debater com eles esse assunto. E peço a ajuda dos demais vereadores de Canudos, da minha bancada. Isso sim é mostrar interesse pelo cidadão”, enfatizou.
Antonio Lucas falou que se um grupo for montado para discutir o problema, quer estar junto. “Temos de lutar para trazer um helicóptero novamente para o Município, porque ajuda muito na fiscalização.” Serjão concordou com o colega.
Ricardo Ritter – Ica (PDT) disse que é necessário lutar com as armas que se tem. “Sabemos das inúmeras delegacias e outras entidades públicas que dependem da estrutura do Estado. Cassel reforçou que a moção é um alerta ao governo. “Certamente o governador não sabe disso. Pelo menos deve averiguar para sanar ou não essa dificuldade”, finalizou.
A moção de repúdio será enviada ao governador e ao secretário de Segurança do Estado.
Leia a moção na íntegra: http://sapl.camaranh.rs.gov.br/sapl_site/sapl_skin/consultas/materia/materia_mostrar_proc?cod_materia=16305