Diretora da Fundação de Saúde fala sobre ações desenvolvidas pela entidade
Orçamento e quadro de funcionários
De acordo com a diretora, o orçamento da FSNH foi ampliado nos últimos anos, acompanhando um acréscimo dos serviços e do quadro de funcionários: 2010, R$ 48 milhões; 2011 R$ 52 milhões; 2012, R$ 68 milhões; 2013, R$ 97 milhões; e 2014, R$ 112 milhões. Hoje, são 1,8 mil funcionários, sendo 318 médicos, 200 deles atuam no Hospital Municipal. Segundo ela, o número de enfermeiros e nutricionistas, entre outros profissionais, também aumentou.
Com a nova emergência e a habilitação na Rede Cegonha, entre outras, Novo Hamburgo conseguiu novas fontes de recursos federais; e, com as ações na saúde mental e na traumatologia, por exemplo, o Município recebe mais verbas estaduais. Também foram implantados programas de residência.
Hospital Municipal
“A gente vem evoluindo no número de leitos. Hoje são 260.” Simone frisou que estão sendo feitas melhorias na área de hotelaria do Hospital Municipal. O programa de atendimento em casa ajuda a reduzir as internações nos corredores, assim como reformas e ampliações recentes, e os atendimentos em urgência e emergência caíram a partir da abertura da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Canudos. Entre as novidades estão a instalação de um tomógrafo e de um novo mamógrafo para a realização desses exames.
Outros números e ações
Simone destacou que a taxa de cesarianas atual é de 29%; e a taxa de mortalidade neonatal está estabilizada. Ano passado, foram feitos 554 mil exames laboratoriais, e no primeiro quadrimestre de 2015, já foram 220 mil. Por isso, disse, há a necessidade de modernização dos laboratórios. Em 2014, foram mais de 6 mil atendimentos pelo Samu.
A informatização da rede está entre os projetos atuais, assim como a conquista de novas habilitações. A troca do telhado da parte antiga do hospital está em fase de licitação. “O recurso está garantido”, comemorou. Também está sendo feita a licitação para a reforma do bloco cirúrgico, com cerca de R$ 1,2 milhão de recursos do Estado. A FSNH está avançando no setor de saúde bucal, e estão sendo realizados novos concursos.
Perguntas dos vereadores
Após das colocações de Simone, os vereadores fizeram alguns questionamentos. Professor Issur Koch (PP) perguntou em qual horário é feita a capacitação dos funcionários – se isso não afeta o atendimento aos usuários. Ele pediu ainda o comparecimento da diretora em audiência pública sobre a saúde. “Que a gente possa colocar frente a frente aqueles que dizem que está tudo errado e aqueles que dizem que está tudo certo.” Simone explicou que na saúde da família são realizadas ações de treinamento nas quartas, e nos hospitais, a mesma ação é feita repetidas vezes, para contemplar os diversos turnos. Segundo ela, as orientações muitas vezes são feitas no próprio local de trabalho, e não duram o turno inteiro. Issur também solicitou a ampliação da rede de comunicações entre equipes médicas e familiares, e uma alteração na unidade de saúde da família de Lomba Grande, devido às paradas das quartas-feiras.
Inspetor Luz (PMDB) perguntou desde que ano Simone preside a FSNH e de que forma ela pretende implantar o plano de carreira, já que a instituição é considerada inconstitucional. “Por fim, uma cidadã manda a seguinte pergunta: esse hospital 'padrão Fifa', onde fica?” A diretora salientou que nunca falou em padrão Fifa, apenas apresentou as melhorias que estão sendo feitas. “Sugestões sempre são bem-vindas, inclusive críticas. Estou da Fundação desde 2010, e o plano de carreira será implementado normalmente.” Ela frisou que a saúde não pode parar, que a situação será resolvida de uma forma ou de outra. “Não podemos deixar de fazer porque existe uma ação. Quanto à questão legal, deverá ser discutida e encontrada uma solução.”
Enio Brizola (PT) perguntou como a FSNH manterá todos os serviços com os problemas nos repasses dos recursos do Estado. Simone disse esperar que o repasse seja normalizado e mantido, para que os atendimentos oferecidos possam ter continuidade.
Raul Cassel (PMDB) perguntou sobre a realização das cirurgias eletivas. “Hoje, é um grande problema, que está gerando, inclusive, desperdícios devido aos múltiplos atendimentos. Não está na hora de destinarmos duas ou três salas cirúrgicas para estes procedimentos?” O vereador pediu mais informações sobre o setor de cardiologia e sobre a judicialização, o PPCI e a informatização do hospital. “E como está a situação dos salários diferenciados para pessoas que executam as mesmas tarefas?”
A diretora explicou que o número de médicos cedidos para a FSNH é de 44, número que deve ser reduzido ainda mais. Essa é uma das situações que gera diferenças nos salários. “Mas estamos abertos para analisar casos pontuais.” Ela apontou que a informatização da rede prevê o prontuário único, e que alguns serviços já contam com essa ferramenta. A demanda de consultas especializadas é uma questão que deve ser abordada pela secretaria municipal, e o PPCI está atualizado, prosseguiu. “Em relação ao alvará, temos um acordo com a Vigilância Sanitária, que contempla a execução dessas obras planejadas.” Ela disse ainda que o maior percentual de causas trabalhistas data da época da associação e que as cirurgias eletivas vem sendo realizadas em outros municípios devido à alta demanda de urgência e emergência em Novo Hamburgo.
Por fim, Cassel afirmou ter ouvido que muitos cargos de confiança não cumprem seu horário. Simone disse que o número de CCs representa 2% do quadro, sendo a maioria em coordenações. “Caso tenha alguma situação concreta, por favor, me sinalize para que possamos corrigir.”
Fufa Azevedo (PT) pediu um panorama da evolução da estratégia de saúde da família. Simone disse que, atualmente, cerca de 40% da população é coberta pelo programa, que é focado na prevenção. “Isso se reflete na ampliação do pré-natal e na redução da mortalidade infantil.”
Sergio Hanich (PMDB) reiterou que a situação das cirurgias eletivas é desesperadora. “Temos cinco blocos, mas só dois que funcionam, se não estou enganado.” Em seguida, o vereador pediu informações sobre alguns casos específicos. Simone falou sobre os casos pontuais, explicou que está sendo buscada a habilitação para a realização de alguns procedimentos de joelho, e que há quatro no bloco cirúrgico, que deve ser reformado devido a problemas gerados com um temporal. “Nenhum serviço deve ser comprometido, mas vamos priorizar urgência e emergência.”
Patrícia Beck (PTB) perguntou quem responde em casos de descumprimento do regimento interno da FSNH, pois, segundo ela, o documento veda o acúmulo de funções. “A senhora está acumulando funções, o que não está funcionando. O hospital não está funcionando como deveria funcionar. É humanamente impossível a senhora dar conta de tudo isso”, disse. Simone ponderou que, quando alguém escolhe atuar na área da saúde, tem consciência da responsabilidade. E respondeu que o acúmulo de funções é fato. “Não é porque um colega se desligou que vamos deixar a peteca cair.” A vereadora fez mais uma série que questionamentos e, por fim, disse se sentir contemplada.
Naasom Luciano (PT) perguntou acerca do processo de qualificação constante, principalmente no quesito de humanização, e sobre o interesse dos médicos nos concursos públicos. Simone disse que novos editais de concurso devem ser publicados em cerca de 30 dias. “Em relação à área médica, temos tido uma adesão bem importante. Hoje, temos mais de 300 profissionais em regime CLT no quadro. E temos focado um pouco mais na política de humanização. É uma questão que precisamos aprofundar.”
Roger Corrêa (PCdoB) lembrou que o SUS foi criado em 1988. “É extremamente desafiador”, disse. Ele perguntou qual o impacto que a crise financeira deve ter no setor, principalmente em relação ao atraso dos repasses. “Temos que buscar também uma solução mais moderna ao modelo de fichas.” Simone disse que, com a ampliação prevista, deverão ser criados 70 novos leitos. “Em relação à orçamentação do Estado, que é de mais de R$ 2,8 milhões/mês, sendo que o custo do Hospital Municipal é de R$ 7 milhões/mês, essa incerteza nos preocupa muito, e requer o envolvimento dos senhores para que possamos garantir os serviços.”
Cristiano Coller (PDT) pediu mais carinho às pessoas que estão na maca ou o leito, mais comunicação com a família e mais clareza nas cartas de referência. “Falta um pouco de comunicação, sim.” Ele perguntou também se o hospital está lotado, atualmente, e quantas pessoas estão esperando um quarto. “E como está o centro de fisioterapia? Tem alguma previsão de início de obras?” O vereador, por fim, disse não achar justo que os hamburguenses paguem ao Samu pelo atendimento realizado em outros municípios.
A diretora afirmou que a legislação prevê o pagamento ao Samu por parte de outros municípios, mas isso não ocorre na região. Atualmente, o serviço hamburguense atende cinco cidades. Segundo Simone, a regulação é feita pelo Estado, e a Prefeitura não tem autonomia para descumprir as ordens. “No período de frio, observamos um aumento na demanda, mas o tempo de espera é o previsto no protocolo. No hospital, há em média entre seis e dez pacientes aguardando definições.”
Gerson Peteffi (PSDB) perguntou quantas cidades se beneficiam com o atendimento do Hospital Municipal – e quantas colaboram efetivamente. “Oficialmente, o hospital é referência para 18 municípios. Na prática, recebemos pacientes de outros lugares. A nossa demanda de outros municípios, hoje, representa cerca de 10% das internações, principalmente de maior complexidade. Por isso a necessidade de complementação do Estado.”
O presidente da Casa, Enfermeiro Vilmar (PR), pediu que todos os funcionários da saúde recebam os vereadores em fiscalização. “Muitas vezes, alguém pede para gente.”
Issur afirmou que muitas obras estão atrasadas, e perguntou também sobre o descarte de remédios vencidos. “Foi tomada alguma providência?” A diretora disse que a denúncia de que remédios vencidos estariam sendo descartados de forma inadequada não procede, e que obras nem sempre andam como se gostaria. Cassel sugeriu uma atenção especial ao paciente psiquiátrico que entra em surto, e Vilmar perguntou quantos funcionários da FSNH são de fora da cidade. Simone disse que, como são profissionais concursados, ela não tem esse número exato, mas acredita que a maioria é do Vale do Sinos. Contudo, para um cargo específico, apontou, há uma distância máxima de distância para a residência, para facilitar em casos de chamadas extras.