Parlamentares ouvem solicitações dos moradores de Lomba

por tatianelopes — última modificação 16/10/2020 20h00
6/6/2012 -Saúde e segurança: essas foram as principais reivindicações apresentadas em sessão comunitária em Lomba Grande, na noite de quarta-feira, dia 6, no Salão da Comunidade Católica São José. O bairro, o maior de Novo Hamburgo, que representa 2/3 do território do Município, conta com 12 mil habitantes. A atividade ocorreu a pedido da Associação dos Moradores de Lomba Grande (Amolomba). Apesar do intenso frio, quase 50 pessoas acompanharam o debate.

 

 
Estiveram presentes Ricardo Ritter – Ica (PDT), vice-presidente da Câmara que desde o começo da semana está ocupando a Presidência do Legislativo em virtude de licença médica para tratamento de saúde requerida por Gilberto Koch – Betinho (PT). Compareceram Volnei Campagnoni (PCdoB), 1° Secretário da Mesa Diretora, Gerson Peteffi (PSDB), Jesus Maciel (PTB), Sergio Hanich – Serjão (PMDB), Anita Lucas de Oliveira (PT), Luiz Carlos Schenlrte (PMDB), Carmen Ries (PT), Vitor Gatelli (PT) e Matias Martins (PT). Betinho enviou ofício destacando a importância do debate e justificando sua ausência. O vereador Antonio Lucas (PDT), 2° Secretário, também comunicou que não poderia comparecer.
 
Assim que começou a sessão, André Fernando de Mello, presidente da Amolomba, entregou aos parlamentares um ofício com a pauta de reivindicações da comunidade. Ele também indagou aos vereadores quais ações estavam sendo tomadas para resolver as carências do bairro, nas áreas de mobilidade, educação, esporte, saúde, cultura, entre outros. Segundo ele, falta um projeto de desenvolvimento a longo prazo para região.
 
 Reivindicações da Comunitária
 
Mariza Scherer, da Associação dos Moradores de Lomba Grande, lamentou que o bairro não venha sendo tratado ao longo dos anos como parte do Município. Ela relatou que as placas indicam a direção para Novo Hamburgo, quando deveria estar escrito Centro. “O povo sente que as coisas do nosso bairro ficam para depois”, declarou. Além de mencionar as dificuldades de acesso e transporte, Mariza, que integra a Comissão Social de Saúde, lamentou que a comunidade tenha perdido o atendimento básico de saúde. Ela elogiou o trabalho das Equipes da Saúde da Família, mas, conforme a moradora, quando há necessidade de atendimento urgente é preciso buscar a UPA de Canudos ou ir até o Centro. “São quatro passagens de ônibus em um dia”, informou.
 
Outro morador, Carlos Roese, citou o problema da segurança pública. Ele mencionou que a região é usada como rota de fuga de assaltantes. Munido de um abaixo-assinado, informou que a Amolomba planeja se reunir com o secretário estadual de segurança, Airton Michels, para pleitear uma delegacia de polícia para o bairro. Roese convidou o presidente do Legislativo em exercício para participar do encontro. 
 
Citando matéria publicada no Jornal NH, Claus Kühn mostrou indignação pelo fato de nenhuma delegacia existente na cidade atender o bairro. O morador relatou que ele e sua família foram amordaçados e ficaram na mira de assaltantes, assim como outras pessoas na região. Para Kühn, as estatísticas não revelam a real situação de Lomba Grande, porque muitos habitantes desistem de fazer ocorrências, pois precisam ir até o Centro.
 
A moradora Ana Lúcia Pereira relatou que o esgoto corre a céu aberto na rua Angelica Peteffi, entre a rua Planalto e a rua José Affonso Hoher, na Vila Planalto. Segundo ela, na rua Cipriano Barata, esquina com a rua Brasília, quando chove, o bueiro entope e a água invade as casas. Ana Lúcia informou ainda haver problemas de ratos nas caixas de esgoto na Rua José Affonso Hoher com a Rua Capitão Alencastro Braga de Menezes. Contudo, ela disse ser mais preocupante o caso da  rua Reinaldo Konrath, na qual os moradores por falta de saneamento, utilizam poços cavados. De acordo com ela, quando chove a água da rua, contaminada pelo esgoto, corre e atinge os poços, colocando em risco a saúde de cerca de 60 pessoas que vivem ali. 
 
Para Maria Cristina Fröes, o crescimento de Lomba Grande não ocorrerá com a transformação da região em polo industrial, mas quando acontecer efetivamente a exploração do turismo, assim como na cidade de Gramado.
 
O morador Ildo Mello agradeceu o atendimento que recebeu dos vereadores, citando Serjão, Peteffi e Matias. Por sua vez, José Argenor da Silva pediu investimentos na área do esporte no bairro. Já Aurélio Strack sugeriu que a Casa Pastoral receba investimento para se transformar em um ponto cultural e turístico. 
 
Vereadores falam sobre ações realizadas no bairroVereadores na Comunitária de Lomba
 
O vereador Gerson Peteffi (PSDB) relatou que iniciou a sua carreira de médico há 30 anos em Lomba Grande, tendo atuado na região por cinco anos. Sobre as reivindicações de Mariza Scherer, disse que o bairro precisa, além de médicos da família, ter pediatra, ginecologista e clínico-geral. O parlamentar lamentou que não esteja em vigor um projeto antigo de atendimento itinerante, no qual  um ônibus se deslocava até a localidade de São João do Deserto com atendimento médico e odontológico. Ele falou ainda sobre a importância do Programa "Da Porteira Para Dentro”, indicação do vereador Matias Martins, que permitiu que a prefeitura fizesse o acesso das propriedades rurais, facilitando a vida do produtor. Segundo o parlamentar do PSDB, a emenda ao programa é de sua autoria, que incluiu na proposta os proprietários de balneários, pedreiras e carvoarias.
 
A vereadora Anita Lucas de Oliveira (PT) salientou a importância do encontro, lembrando que no dia 16 de junho, a comunidade vai ter a oportunidade de apresentar as reivindicações durante assembleia do Orçamento Participativo. Segundo ela, a administração municipal está buscando fazer melhorias em infraestrutura na região, como a pavimentação da Estrada Afonso Strack, projeto com investimento em torno de R$ 200 mil, além de quadra esportiva, com previsão de custo de R$ 35 mil, e de obras na Escola Municipal de Ensino Fundamental Helena Canho Sampaio. Conforme Anita, esses projetos estão em estudo, necessitando ainda de aprovações. Ela lembrou que, na Consulta Popular, realizada pelo governo estadual, foi solicitado e deve ser feito o asfaltamento das Vilas Planalto e Brasília.
 
Jesus Maciel (PTB) mostrou preocupação com o traçado da ERS-010, que deve passar por Lomba Grande. O parlamentar afirmou que as pessoas ainda desconhecem por onde irá seguir a estrada. A respeito do tema segurança, o vereado acredita que a instalação de um posto da Guarda Municipal seria uma boa alternativa para os moradores. Jesus declarou ainda que, quando foi presidente do Legislativo, o dinheiro economizado pela Câmara foi devolvido para o Executivo, com as indicações de uso feitas pela Mesa Diretora, entre elas para a obra da 1ª Delegacia de Polícia, em frente à Praça da Bandeira, e para aquisição de ambulâncias. O parlamentar disse que as orientações sobre a aplicação dos recursos não foram seguidas. 
 
O vereador Luiz Carlos Schenlrte (PMDB) relatou ao público presente que, assim como o morador  Claus Kühn, teve sua casa invadida por bandidos em 2011. “O trauma é difícil de apagar da memória”. Sobre a questão envolvendo os poços, apontada pela moradora Ana Lúcia, o vereador afirmou que acredita ser possível trazer água de Novo Hamburgo. “Puxando da Integração para Lomba Grande, a Vila Brasília poderá ter água tratada.”, disse. Ele contou que, como diretor-administrativo da Comusa, teve a oportunidade de participar do projeto que levou água para a região da Integração, próxima à Lomba Grande.  A respeito do tema segurança, comentou que o projeto de lei que proíbe a venda de armas de brinquedo, de sua autoria, tem por objetivo inibir a criminalidade. O vereador reiterou a importância da Guarda Municipal para coibir ações criminosas em Lomba Grande. “As dificuldades são muito grandes, mas os moradores devem se unir”, acrescentou. 
 
Volnei Campagnoni (PCdoB) retomou o assunto ERS-010. Segundo ele, a previsão é de que o traçado passe por Quilombo, em Lomba Grande. Para o vereador, isso deve resultar em crescimento turístico para região. O vereador reclamou dos valores das passagens dos ônibus que se dirigem ao bairro rural. “Lomba Grande é Novo Hamburgo. Não entendo porque as tarifas devem ser diferenciadas”. O parlamentar falou também sobre a dificuldade de preencher certas vagas abertas nos concursos municipais, como para os postos de médico e guarda municipal. 
  
A vereadora Carmen Ries (PT) afirmou que alguns problemas, como na área de saúde, educação e segurança, são recorrentes. Mas, segundo ela, nem por isso a comunidade deve se abater e deixar de buscar soluções. “Vamos fazer um relatório e encaminhar essas reivindicações para o Executivo.” Ela disse que a comunidade precisa juntar forças para solicitar o que necessita, como no caso da construção do posto de polícia. 
 
Sergio Hanich – Serjão (PMDB), por sua vez, falou sobre a importância dos legisladores. Ele explicou que a Prefeitura precisa que Orçamento seja aprovado pelo Legislativo antes de começar a executá-lo. De acordo com o parlamentar, a área da saúde requer muita atenção. “Não adianta ter tudo e não ter saúde”, afirmou. Durante seu discurso, fez uma série de indagações à comunidade, entre elas, se eles tinham médico no bairro e recursos para pagar os exames necessários Serjão revelou que sugeriu para o Executivo a realização de mutirões para a realização de cirurgias de catarata, varizes e pedras nos rins, procedimentos que atualmente o Município não está realizando, conforme o parlamentar.
 
Vitor Gatelli (PT), suplente que está na vaga de Gilberto Koch, licenciado por motivo de saúde, respondeu ao vereador Peteffi que o Executivo tem intenção de pôr em funcionamento um novo ônibus para retomar os atendimentos odontológicos e médicos na região. O parlamentar informou que atualmente há no Município 19 equipes de saúde da família atuando. Segundo ele, essa era uma reivindicação antiga da população, sendo apresentada nas Conferências de Saúde. Conforme projeção do vereador, que atua no Conselho de Municipal de Saúde, de 15 deve chegar a 27 o número de postos de saúde em Novo Hamburgo.  Para Gatelli, a segurança é exclusivamente uma atribuição estadual. Já a questão do saneamento, de acordo com o vereador, os recursos federais são vinculados a projetos específicos. 
 
Matias Martins (PT) esclareceu que a primeira equipe de saúde da família de Novo Hamburgo começou a atuar em Lomba Grande. O parlamentar parabenizou a atuação da Amolomba e disse que a Câmara Municipal será parceira na realização de uma audiência pública para debater o problema de segurança na região. Acrescentou que a comunidade terá o apoio dos parlamentares no pleito junto ao secretário estadual para a construção da delegacia de polícia. Além disso, ele afirmou que, a partir de debates com a comunidade e com a Emater, sugeriu a adoção do Programa “Da Porteira para Dentro”, que beneficiava os produtores rurais de Lomba Grande. Outra proposta que contemplou os habitantes da região é a Lei Municipal 2.222/2010, a qual muda as regras para o manejo de árvores, dispensando de medidas compensatórias o corte de exemplares exóticos plantados para fins comerciais. Matias disse que essa lei é resultado de uma indicação sua datada de 2009.
 
Ao término da sessão comunitária, Ricardo Ritter (PDT), que conduziu a mesa, parabenizou os participantes pela objetividade. O parlamentar lembrou que o bairro, devido a sua extensão, impõe uma série de desafios para a resolução de suas carências. Citou que Lomba Grande precisa ter 210 quilômetros saibrados. Além disso, Ica, que relatou ter estudado na Escola Municipal Washington Luiz, localizada no bairro, concordou com o morador José Argenor da Silva sobre como o incentivo ao esporte é importante para os jovens da região.
  

Comunidade Lomba Grande