Comunidade pede ajuda de vereadores para fim de alagamentos

por tatianelopes — última modificação 16/10/2020 20h00
06/11/2014 - Em sessão comunitária, no salão paroquial da Igreja Sagrado Coração de Jesus, moradores do bairro Industrial e da Vila Odete, no Liberdade, reiteraram na quinta-feira, 6, o pedido de ajuda aos vereadores para resolver o problema dos alagamentos que atingem as regiões. A dificuldade havia sido relatada no dia 4 de dezembro de 2013 em outra sessão comunitária. Participaram da atividade desta quinta os vereadores Professor Issur Koch (PP), representando a Presidência do Legislativo, Luiz Fernando Farias (PT), Sergio Hanich – Serjão (PMDB), Gilberto Koch – Betinho (PT), Roger Corrêa (PCdoB), Enfermeiro Vilmar (PR) e Jorge Tatsch (PPS). Não havia representantes do Poder Executivo.

Reivindicações da comunidade

Demari Kegler Wagner relatou que, nas chuvas de outubro, o bairro voltou a alagar. Ela lamentou que o prefeito não tenha recebido os moradores nas ocasiões em que a comunidade buscou auxílio. “Temos que nos unir com vocês”, destacou aos parlamentares presentes, acrescentando que entendia que os vereadores não têm o poder de executar as obras. Segundo ela, apenas uma das reivindicações relatadas em 2013 foi realizada – o desassoreamento do Arroio Luiz Rau. Quanto aos demais pedidos, nenhum foi atendido. Entre eles estão a utilização de uma draga que iria afundar o leito do arroio e a minicasa de bombas para acabar com os alagamentos. Demari reclamou a falta de passeios adequados na rua Pinheiro Machado, citando que as crianças da Escola Maria das Neves Petry correm risco ao transitar no local, pediu nova limpeza nas bocas de lobo, principalmente na rua Ana Neri, solução para a ponte na Vila Odete e para a canalização do Estádio do Novo Hamburgo, que leva água em uma quantidade acima do limite para o arroio, prejudicando a vazão.

Comunitária Industrial 3

Demari relatou que a promessa era de que duas dragas seriam contratadas, mas nada foi visto pelos moradores. “É um descaso muito grande”, afirmou. Ela acrescentou que pessoas no bairro não receberam a isenção do IPTU, porque a Defesa Civil, não havia registrado as ruas entre as atingidas pelas enchentes. A Defesa Civil comunica a área alagada para a prefeitura e, então, é concedido o benefício. “O que vai ser do nosso bairro com a chuvas fortes de verão?”, indagou Demari.

Comunitária Industrial 2

Carla Becker, moradora da Vila Odete, relatou que após as obras do trem a rua Assis Chateaubriand passou a enfrentar sérios problemas de alagamento. Ela contou aos parlamentares que ligou para a Defesa Civil, que afirmou que a região não está dentro de área de risco. Carla lamentou que não há a quem recorrer.

João Lucas elogiou a presença dos vereadores e fez críticas à ausência de secretários. Ele ressaltou que o bairro foi abandonado pelo Executivo municipal, que nenhuma melhoria foi feita durante a administração do PT. “No nosso bairro, a única obra realizada foi o asfalto (durante a administração de Jair Foscarini - PMDB), feito com canos pagos pela população. Quem ajudou a pagar tudo isso?”, perguntou ao público presente. Vários moradores ergueram o braço.

Comunitária Industrial 1

Claudir Lapazine lembrou que na comunitária de 2013 o secretário Ênio Brizola estava presente e prometeu que a obra da minicasa de bomba seria feita. “Tomara que alguém esteja vivo para ver essa minicasa de bomba pronta”, ironizou. O morador Jairo da Silva falou que quando chove os moradores retiram os carros de suas casas e tem de levá-los para lugares em que a água não avança.

Para Joeci Hercílio, o Município tem dinheiro. “Precisamos fazer mais pressão e cobrar nas urnas. Nós temos que cobrar deles e pedir para que prestem bom serviço”, afirmou. Carlos Azambuja contou que, em decorrência das chuvas, teve de morar na garagem de seu sobrado, porque o assoalho desceu. Disse que quando começa a chover a população da região fica com medo de sair da casa, pois não sabe o que vai encontrar quando retornar do trabalho.

Fala dos vereadores

Comunitária Industrial 4

 

Gilberto Koch – Betinho (PT) se desculpou por não ter comparecido à última sessão comunitária, realizada em 2013. Explicou que voltou a estudar e que naquela data tinha prova. O vereador admitiu que o Município tem uma dívida com o bairro Industrial, que obras foram feitas em outras regiões e que as reivindicações dos moradores deverão ser atendidas. O parlamentar disse ser solidário ao problema que a população do bairro enfrenta em relação aos alagamentos e explicou que os encaminhamentos foram repassados à Prefeitura.

Professor Issur Koch fez referência à fala da moradora Demari sobre a Defesa Civil. Ele disse que também não consegue entrar em contato com o órgão. O vereador citou ainda a indagação de outro morador que afirmou que a comunidade tem sido enrolada. Issur declarou que também se sente assim: “queremos que a obra saia do papel, mandei uma pilha de ofícios pedindo tudo que vocês reivindicaram. Sabe o que acontece com o nosso papel? O secretário nem encontra o papel. Talvez esses documentos estejam entupindo os canos de esgotos.”, concluiu. O parlamentar criticou o secretário de Obras: ele não está aqui e não atende os vereadores que vão procurá-lo. “Ele não sabe a diferença de uma colher de pedreiro de um picolé”, disse.

Assim como Issur, o vereador Jorge Tatsch (PPS) afirmou que não consegue ser atendido pelos secretários. Para Tatsch, a minicasa de bombas iria solucionar o problema do bairro. O vereador também se mostrou solidário ao problema enfrentado pelas duas comunidades e lembrou que já passou por situação semelhante a dos atingidos pelas enchentes.

Luiz Fernando Farias (PT) reiterou que não cabe aos parlamentares a execução de obras, pois o vereador não tem competência legal para resolver esses problemas. “O vereador pede e reza para ser atendido”, afirmou, lembrando que os parlamentares encaminham pedidos de providência e podem e irão fazê-lo novamente. Parabenizou a mobilização da comunidade e destacou que com resignação não se consegue nada. Por fim, sugeriu um novo encontro, para o qual o secretário seja convocado.

Roger Corrêa (PCdoB) também saudou os moradores pela capacidade de mobilização e apontou que as reivindicações e pedidos de informação, assim como a ata e a lista de presença, devem ser remetidos ao Executivo novamente. Ele propôs que o secretário Ênio Brizola fosse chamado a participar de uma sessão plenária na segunda à noite, para que a comunidade possa acompanhar. Outra caminho apontado pelo parlamentar foi a via jurídica, mencionou inclusive que a comunidade poderia pedir orientação do corpo jurídico do Legislativo.

Serjão considera lamentável os vereadores terem de voltar à uma reunião no bairro depois de um ano e nada ter sido feito pelo Executivo. Sergio Hanich lembrou que em 2013 já havia avisado que não poderia ser construída a casa de bomba nesse arroio. “Não sou político criado em laboratório, eu sei quando é possível uma obra e quando não é possível”, afirmou. Para Serjão, a solução para o problema é ser feita uma bacia de contenção, que por uma hora ou duas deteria o volume de água, que depois escoaria. Quanto à obra do trem, o parlamentar disse que os engenheiros da prefeitura foram omissos. Ele mencionou que Canudos também está enfrentando problemas provocados pelas chuvas. “Para andar em Canudos, só de avião”, lembrando que diversas pontes estão caídas, algumas delas há anos. O parlamentar aventou a possibilidade de a comunidade buscar apoio do Ministério Público.

Enfermeiro Vilmar (PR) disse que a mesma situação vivida pelo Industrial e Vila Odete também foi realidade da população da Vila Getúlio Vargas e Kipling, que foi em busca de soluções. “Não temos como prever a quantidade de chuva que vai vir”, mas, segundo ele, o Poder Público pode fazer um planejamento para não serem construídas casas em locais de risco. Concluiu a sua exposição dizendo que os parlamentares não tem a caneta na mão para mandar fazer a obra, mas nada impede de cobrarem por sua realização, citando os inúmeros pedidos de providência encaminhados pelos vereadores a cada sessão plenária. Vilmar concordou que o secretário seja chamado à Câmara para explicar o motivo de as obras não terem sido realizadas. Vilmar ponderou que, se a Promotoria for acionada, poderá dificultar a conclusão dos trabalhos de melhorias, pois o caso pode ficar trancado, impedindo providências da Prefeitura.

Problemas na área da saúde

Na conclusão, Demari reforçou que o bairro não sofre apenas com o problema da água. Ela disse que há dois postos de saúde perto do bairro Industrial, um no Santo Afonso e outro na Liberdade. Segundo ela, as fichas de atendimento dos moradores sempre estiveram na unidade do Liberdade, que é mais próxima. No entanto, recentemente, a população que buscava atendimento nesse posto era orientada a ir ao Santo Afonso. Demari criticou ainda a demora no atendimento de uma moradora, que faleceu após diagnóstico de com câncer e que não conseguiu fazer a consulta com um oncologista no prazo legal de 20 dias.

Propostas

Os vereador Farias e Serjão apontaram a necessidade de se fazer uma alteração no regimento interno da Câmara, no artigo referente às Sessões Comunitárias, que exija a participação obrigatória de representantes do Executivo, assim como o envio de pauta, com o assunto a ser abordado, no momento da solicitação de reunião feita pela comunidade.

Antes de encerrar a comunitária, o vereador Issur Koch leu documento remetido pela Trensurb, por Leonardo Hoff, diretor de Administração e Finanças, no qual a empresa informava que fizeram as obras acordadas com a Prefeitura e que mais não pôde ser realizado por força da lei, pois só poderia investir ao longo do trecho do trem.

 

Confira abaixo documento na íntegra:

 

Estimado Vereador Issur, estimados vereadores de Novo Hamburgo e estimada comunidade hamburguense dos Bairros Liberdade, Industrial e Santo Afonso!

Parabenizo a Câmara de nossa cidade por esta iniciativa de se unir a comunidade para tratar do problema dos alagamentos que prejudicaram num passado recente a nossa comunidade.

A Trensurb, o Ministério das Cidades e o Governo Federal atenderam aos pedidos da nossa comunidade, da prefeitura e da Câmara de Vereadores para resolver o problema dos alagamentos ao longo da Avenida Nações Unidas, entre o Colégio Pio XII e o Supermercado Atacadão, realizando a importante obra do aprofundamento e alargamento do Arroio Luiz Rau. Só não realizamos mais por força de lei, já que a Trensurb só poderia investir ao longo do trecho do trem.

Porém, quando da negociação deste investimento para o alargamento do arroio junto ao Governo Federal, o município se comprometeu a realizar o alargamento e o desassoreamento do arroio entre o Supermercado Atacadão e o Rio dos Sinos, afim de que não houvessem transferência dos problemas de alagamentos para este trecho.

No que cabe a Trensurb estamos a disposição da comunidade, Câmara de Vereadores e Prefeitura.

Atenciosamente,

Leonardo Hoff
Diretor de Administração e Finanças da Trensurb