Audiência propõe comissão para tornar o centro da cidade referência no Vale do Sinos

por danielesouza — última modificação 16/10/2020 19h59
29/07/2013 - Novo Hamburgo terá uma comissão especial, formada por comerciantes e autoridades, para dar início a uma série de estratégias que tornem o centro do Município referência no Vale do Sinos. A proposta, sugestão da vereadora Patrícia Beck (PTB), foi debatida em audiência pública nesta segunda-feira, dia 29, no plenário do Legislativo. A iniciativa do debate é da Comissão de Competitividade, Finanças, Orçamento, Economia e Planejamento, integrada por Patrícia, Gilberto Koch (PT) e Enfermeiro Vilmar (PR), que não pôde comparecer. Estiveram presentes à reunião os vereadores Luiz Fernando Farias (PT), Cristiano Coller (PDT), Issur Koch (PP) e Raul Cassel (PMDB). Acompanhou o debate o deputado estadual Jurandir Maciel (PTB).

Patrícia declarou que a audiência é apenas o primeiro passo para transformar o centro de Novo Hamburgo em ponto de convergência na região. “Esse tem que ser apenas o pontapé inicial”, disse na abertura da atividade. A parlamentar sugeriu a criação de um conselho ou comissão para pensar ações de curto, médio e longo prazo. A vereadora disse esperar que daqui a 10, 15 ou 20 anos, ao sair com suas filhas, possa ver no comércio local os frutos do debate que se iniciou nesta noite. “Temos que arregaçar as mangas. A palavra que deve definir esse encontro é união”, concluiu a parlamentar, que também é comerciante.

 

Roque Serpa, vice-prefeito, declarou que o governo é parceiro de todas as ações que visem ao benefício da cidade. “A ideia de abordar esse tema vem em boa hora. Estamos à disposição”, afirmou Serpa, citando o projeto de revitalização da região central que está em andamento.

 

Alvanir Hoffmann, diretor comercial da CDL, destacou as oportunidades trazidas pela chegada do trem a Novo Hamburgo. “Precisamos nos preparar para atender essa demanda crescente”, disse. Durante a sua exposição, trouxe o exemplo de Ijuí, que está revitalizando a Rua 15, que deverá se tornar referência no comércio local. Alvanir disse que o sucesso desse projeto fez com que o CDL de Ijuí fosse convidado a participar da audiência promovida pelo Legislativo hamburguense.

 

Exemplo de sucesso

 

Clóvis Rorato de Jesus, presidente da CDL de Ijuí, fez uma exposição sobre as ações realizadas em conjunto com a prefeitura da cidade e os comerciantes para revitalizar a Rua 15 e transformá-la em um shopping a céu aberto. Rorato explicou que, para que o Executivo pudesse destinar recursos para as melhorias necessárias na região, foi feito um abaixo-assinado tornando a rua de interesse turístico. Desta forma, poderia ser beneficiada com verbas em detrimento a outras áreas da cidade. Segundo ele, 53% do PIB de Ijuí, cidade de 80 mil habitantes, são provenientes do comércio. Além das obras, o grupo que encabeça o projeto – Prefeitura, Sindilojas, ACI e CDL – criou uma identidade visual para identificar a Rua 15 e as ações para promovê-la. Para fazer a proposta, foram visitadas cidades como São Paulo, que tem a Rua Oscar Freire como ponto de convergência do comércio de alto luxo.

 

Revitalização em Novo Hamburgo

 

A arquiteta Rosaura Berg Giordano, diretora da Unidade de Gestão do Programa Municipal de Desenvolvimento Integrado, apresentou ao público a proposta de revitalização do centro de Novo Hamburgo. De acordo com Rosaura, os projetos básicos já foram licitados. No caso da avenida Alcântara/Sub-bacia do Pampa, a empresa vencedora foi a Engeplus. Por sua vez, na parte que compreende o centro urbano, centro histórico de Hamburgo Velho e o corredor cultural, o grupo vencedor foi a empresa Oscar Escher Arquitetos e Urbanistas. Rosaura esclareceu que várias audiências públicas foram realizadas para se chegar ao que a cidade pretendia. Ela disse que os primeiros movimentos para revitalização se iniciaram no governo Jair Foscarini. Segundo ela, na ocasião seriam utilizado recursos de financiamento para para esgotamento sanitário. Contudo, agora recursos do PAC foram utilizados para este fim.

 

Entre as mudanças previstas estão ciclovia na 1° de março, alargamento de canteiro, substituição da vegetação, sendo a fiação enterrada. Os fios também não serão mais aparentes nas ruas Pedro Adams Filho e Joaquim Nabuco. Na rua Magalhães Calvet, será trocado o piso, esquinas serão alargadas e batizadas de esquinas legais, pois propiciarão mais segurança às pessoas que caminham no local. Outra rua que será revitalizada é a 5 de abril que, conforme dados trazidos por Rousara, passará a ser uma espécie de ligação entre a Praça do Imigrante, cujas esquinas serão ampliadas, e o shopping. A arquiteta exibiu também imagens do novo paradão. Além das obras de revitalização, segundo Rosaura, está previsto um plano de mobilidade urbana e transporte público.

 

O secretário estadual de economia solidária, Maurício Dietrich, destacou que cada ação do poder público irradia mais energia entre moradores e comerciantes. Ele citou o caso do asfaltamento de uma rua em Porto Alegre que levou a população local a pintar muros e as paredes das casas. O secretário destacou que o Estado tem em sua grande maioria empresários de pequeno e médio porte.

“Se tem um tratamento diferenciado para os grandes empresários, deve haver também para os pequenos e médios”, disse, lembrando que empreendimentos grandes recebem incentivos fiscais para se instalar na maioria das cidades. Ele destacou que a preocupação do governo estadual é propiciar acesso a financiamentos por parte de pequenos e médios empreendedores.

 

 

Vereadores

 

Gilberto Koch (PT) falou sobre os investimentos na área de revitalização do centro, destacando a chegada do trem a essa região da cidade. Além disso, declarou a importância do apoio do governo do Estado na concessão de crédito, especialmente na área de economia solidária.

 

Raul Cassel (PMDB) lembrou que há oito anos a arrecadação do setor de prestação de serviços e comércio superou os números da indústria, mostrando um novo desenho e um novo formato de cidade. Na avaliação do vereador, os problemas da BR-116 acabaram estimulando o consumo em Novo Hamburgo. “Para os comerciantes, foi um bom problema, porque as pessoas deixaram de consumir em Porto Alegre para fazer as compras em Novo Hamburgo. Do lado de cá do Rio, Novo Hamburgo passou a ser o centro referencial na prestação de serviços” afirmou.

Ele frisou que a cidade precisa, sobretudo, de um projeto de mobilidade urbana para o centro da cidade. O fato de o comércio estar se pulverizando em várias ruas – 7 de setembro, Marcílio Dias, Bartolomeu de Gusmão, entre outros – reforça essa necessidade. “Precisamos pensar em somar ao projeto de revitalização do centro alternativas que possam trabalhar a mobilidade urbana”, afirmou.

 

Rosaura respondeu que está previsto o projeto de mobilidade urbana, cujo termo de referência está sendo concluído. “É muito importante essa preocupação. Não adianta uma cidade revitalizada, se não for possível andar a pé, de carro. Teremos em seguida a nossa troncal”, afirmou.

 

O presidente do Sindilojas, Gerson Jacques Müller, reiterou que o PIB da indústria é bastante inferior ao do comércio e ao de serviços. Ele citou a importância de novos empreendimentos, como o shopping outlet na BR-116, o qual receberá ônibus de turismo da CVC. Ele mencionou o pioneirismo de Novo Hamburgo, uma das primeiras cidades do Estado a ter calçadão, mas que atualmente não investe nesse local. “Nós precisamos unir forças. Não adianta um grande projeto se daqui a pouco as coisas serão esquecidas”, disse Müller, citando casos bem-sucedidos como a Rua 24 horas em Curitiba.

 

Marco Aurélio Copetti, gerente regional do Sebrae/RS no Vale dos Sinos, Caí e Paranhana, relatou que a entidade iniciou um trabalho há dois anos, que teve de ser encerrado em dezembro por dificuldades de adesão dos empresários. Ele ressaltou a necessidade de envolvimento efetivo do poder público. Segundo ele, os empresários são, por vezes, céticos, e as autoridades precisam se engajar para que o empresariado tenha confiança.

 

Remi Carasai, presidente da CDL, lamentou que Novo Hamburgo não tenha um centro de informações. Ele sugeriu que fosse implantado na Rua Frederico Link. Carasai criticou também o fato de Novo Hamburgo não ter um pórtico de entrada assim como Santa Cruz do Sul.

 

Rosana Oppitz, coordenadora de turismo do Grupo Pensando Novo Hamburgo e Conselheira e Urbanista do CAU/RS – Conselho de Arquitetura e Urbanismo do RS, contou que acompanhou todas as audiências a respeito da revitalização do centro. Segundo ela, mesmo com o projeto finalizado ficaram algumas dúvidas. Ela questionou a acessibilidade dentro da proposta, e o estrangulamentos das ruas em função do alargamento das calçadas. Ela teme que o centro possa ter o seu acesso dificultado em caso de um sinistro. Ela comentou ainda que, assim como o trem traz novos consumidores, também leva os hamburgueses para outras cidades. Outro ponto abordado por ela foi a falta de sinalização no município. “É uma cidade de passagem. Queremos ser prestadores de serviços? O que o comércio quer? Vender o quê? Será que o nosso potencial é a Magalhães Calvet? Qual é o nosso potencial de comércio?”, questionou.

 

A arquiteta Rosaura destacou que o projeto vem sendo debatido há muito tempo, e que as entidades foram convidadas a participar através dos jornais, tanto por edital quanto por matérias. “O projeto não vem sozinho, vem com um plano de mobilidade, evidentemente, temos muito a debater sobre o detalhamento”, acrescentou.

 

Müller lamentou que o chamamento para as audiências anteriores tenha ocorrido via jornais. “Por que não fomos avisados por telefone?”, sugeriu. Ele citou o caso do debate desta segunda-feira, ao qual teve conhecimento através de contato feito pela vereador Patrícia Beck. Rosaura não descartou reformular a forma de convite às audiências.

 

A arquiteta Leila Bassani sugeriu pontos de fuga nas ruas do centro, com fontes. Além disso, falou sobre a importância de a cidade construir um pórtico e promover a acessibilidade. Anelise Kunrath questionou a situação do Ecomuseu. Ela afirmou que o tombamento está no Secretaria de Cultura.

 

João Carlos Carvalho, cônsul do Esporte Clube Internacional em Novo Hamburgo, estima que 100 mil pessoas poderão vir ao Município até abril de 2014 com a transferência dos jogos do Colorado para o Estádio do Vale. Segundo ele, a projeção é de que 10 mil pessoas venham a cidade nos dias de jogos. “Como vai ser acolhida da cidade para a torcida? Como vai ser o atendimento aos colorados?”, questionou. Ele informou que os lojistas podem cadastrar o seu comércio no site do consulado, oferecendo descontos diferenciados para os sócios do inter. 

 

A vereadora Patrícia Beck sugeriu que uma reunião seja realizada na próxima semana com sindicatos, comerciantes e parlamentares para debater as estratégias para a cidade receber os potenciais consumidores colorados.

 

Guaracy Velho lamentou que a situação da Praça do Imigrante. Para ele, o chafariz deveria ser reativado. “É uma lástima não estar sendo utilizado”, disse. Sobre os artesãos que atuam no local, ele acredita que deveriam ser transferidos para outra área. “Ali não é o local para camelódromo.” Guaracy reclamou dos caminhões com lixo estacionados em frente ao receptivo turístico, o que dificulta o acesso. Além disso, frisou que as bancas, devido a sua tradição, não devem ser transferidas.