Câmara conclui Jornada de Estudos com saldo positivo
por admin
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última modificação
16/10/2020 19h58
Especialistas apontam reforço à família como solução
Encerrou na quarta-feira, 25, a I Jornada de Estudos sobre como reconhecer, lidar e auxiliar crianças e adolescentes vítimas de maus tratos, exploração e abusos sexuais. A vereadora Carmen Ries, que preside a Frente Parlamentar promotora do evento, agradeceu a participação de todos, alertando que não é possível permanecer impassível perante o que chama de infância roubada. "É preciso denunciar, auxiliar e fazer valer os direitos de crianças e adolescentes e, nesse sentido, acredito que demos um passo importante com a realização desta Jornada". Todos os palestrantes convidados para a Jornada foram unânimes em apontar a ausência de estrutura familiar como a principal responsável pela situação de violência enfrentada por crianças e adolescentes.
Clarita de Souza, secretária da Saúde de Novo Hamburgo, primeira painelista a manifestar-se, apresentou o trabalho da administração pública. Segundo ela, é fundamental ter espaço para abordar tema tão delicado, elogiando a iniciativa do Legislativo. Explicou que além do cuidado em atender a queixa da criança, é responsabilidade dos serviços de atendimento do Município identificar a origem daquela situação. Frisou que, "às vezes, o dano psicológico é pior que o físico, pois este se perpetua por mais tempo".
Histórico da Violência
Alertou que "existe diferença entre educar, impor limites ou agredir fisicamente a criança com uma surra. Violência é todo o ato feito contra a criança, que cause dano físico ou psicológico. A violência contra a criança é sempre uma manifestação de poder de quem a exerce. Mais tarde, o adulto vai refletir na sua vida de relação os conceitos assimilados e as agressões sofridas na infância". Explicou que "a violência não é coisa nova na humanidade. Se arrasta por séculos. As civilizações tinham crenças, que muitas vezes se formalizavam com violência, onde até o sacrifício humano fazia parte dos ritos das sociedades. Os padres jesuítas introduziram no Brasil o conceito da criança como ser puro, necessitado de amparo. Em 1874, nos EUA, houve um caso marcante de uma menina espancada, que foi cuidada por uma entidade responsável por combater a violência contra os animais. No Brasil, a partir da década de 60 é que começou-se a escrever sobre a criança espancada, gerando uma preocupação entre os profissionais da área e culminando com a criação do Estatuto da Criança e do Adolescente, em 1990".
Para Clarita de Souza, "a responsabilidade dos serviços de saúde pública é ter a capacidade de desenvolver propostas políticas para atender a criança-vítima. Os profissionais não têm esse olhar aguçado, no momento, mas teremos no futuro", afirmou. Disse que quando o relato dos pais não combina com os ferimentos da criança, é sinal de problema. Precisamos, continuou, superar a crença de que a violência contra as crianças não existe ou que é tão pequena que não preciso me preocupar. Imaginamos que todos os pais protegem os seus filhos e isso não corresponde a verdade".
Sinais de Perigo
Entre os tipos de violência registrados apontou a negligência e o abandono, a síndrome do bebê sacudido, a síndrome da criança espancada, os abusos físicos (sevícias), abuso sexual e psicológico, a síndrome da mãe que cria situações de adoecimento na criança para que ela precise ser medicada ou fazer exames, auto agressão, entre outras. Os sinais de perigo são as lesões que não são compatíveis com a idade da criança ou que não se justificam pelo acidente relatado, lesões em muitas partes do corpo ou em dois lados do corpo, nas partes cobertas pelas roupas, ferimentos mais recentes e outros cicratizados (algo que se repete) e história de múltiplos acidentes, entre outros. A saída é melhorar o atendimento, integrando secretaria da saúde, conselho tutelar, centros de referência especializada de assistência social e operadores do direito, além de acompanhar os casos e incrementar a rede de assistência.
ANETE REGINA DA CUNHA
A psicóloga Anete Regina da Cunha, especialista em psicologia clínica e coordenadora do Centro de Referência Especializada de Assistência Social, foi a segunda expositora da Jornada. Apresentou o trabalho desenvolvido na Secretaria de Assistência Social através dos centros de atendimento, antes conhecidos pela população como "sentinela". Definiu a violência infanto-juvenil como uma violação aos direitos humanos. "É um fenômeno complexo, histórico, cultural, cuja solução depende de uma série de fatores. Não é simples. Desde o descobrimento do Brasil se registram casos de crianças abandonadas, perambulando nas ruas".
Na sua avaliação, o que a criança ou o adolescente vítima de maus tratos ou de abuso sexual mais quer, é que cesse a situação, pois está comprovado que ela não quer perder os seus vínculos familiares, seja na escola, com os amigos ou na família. Explicou que cada criança vítima de abuso sexual responde de forma diferente, de acordo com as diversas circunstâncias do caso. Exemplificou com os sintomas mais comuns, que são dificuldades com o sono, problemas alimentares, uso de drogas, conduta suicida, medo, agressividade, depressão, rejeição ao próprio corpo, conhecimento sexual precoce e impróprio para a idade, problemas de identidade sexual. Afirmou, ainda, que a proposta do serviços prestados é acolher crianças e familiares, rompendo com o silêncio e auxiliando na recuperação da vítima e dos cuidadores.
Clarita de Souza, secretária da Saúde de Novo Hamburgo, primeira painelista a manifestar-se, apresentou o trabalho da administração pública. Segundo ela, é fundamental ter espaço para abordar tema tão delicado, elogiando a iniciativa do Legislativo. Explicou que além do cuidado em atender a queixa da criança, é responsabilidade dos serviços de atendimento do Município identificar a origem daquela situação. Frisou que, "às vezes, o dano psicológico é pior que o físico, pois este se perpetua por mais tempo".
Histórico da Violência
Alertou que "existe diferença entre educar, impor limites ou agredir fisicamente a criança com uma surra. Violência é todo o ato feito contra a criança, que cause dano físico ou psicológico. A violência contra a criança é sempre uma manifestação de poder de quem a exerce. Mais tarde, o adulto vai refletir na sua vida de relação os conceitos assimilados e as agressões sofridas na infância". Explicou que "a violência não é coisa nova na humanidade. Se arrasta por séculos. As civilizações tinham crenças, que muitas vezes se formalizavam com violência, onde até o sacrifício humano fazia parte dos ritos das sociedades. Os padres jesuítas introduziram no Brasil o conceito da criança como ser puro, necessitado de amparo. Em 1874, nos EUA, houve um caso marcante de uma menina espancada, que foi cuidada por uma entidade responsável por combater a violência contra os animais. No Brasil, a partir da década de 60 é que começou-se a escrever sobre a criança espancada, gerando uma preocupação entre os profissionais da área e culminando com a criação do Estatuto da Criança e do Adolescente, em 1990".
Para Clarita de Souza, "a responsabilidade dos serviços de saúde pública é ter a capacidade de desenvolver propostas políticas para atender a criança-vítima. Os profissionais não têm esse olhar aguçado, no momento, mas teremos no futuro", afirmou. Disse que quando o relato dos pais não combina com os ferimentos da criança, é sinal de problema. Precisamos, continuou, superar a crença de que a violência contra as crianças não existe ou que é tão pequena que não preciso me preocupar. Imaginamos que todos os pais protegem os seus filhos e isso não corresponde a verdade".
Sinais de Perigo
Entre os tipos de violência registrados apontou a negligência e o abandono, a síndrome do bebê sacudido, a síndrome da criança espancada, os abusos físicos (sevícias), abuso sexual e psicológico, a síndrome da mãe que cria situações de adoecimento na criança para que ela precise ser medicada ou fazer exames, auto agressão, entre outras. Os sinais de perigo são as lesões que não são compatíveis com a idade da criança ou que não se justificam pelo acidente relatado, lesões em muitas partes do corpo ou em dois lados do corpo, nas partes cobertas pelas roupas, ferimentos mais recentes e outros cicratizados (algo que se repete) e história de múltiplos acidentes, entre outros. A saída é melhorar o atendimento, integrando secretaria da saúde, conselho tutelar, centros de referência especializada de assistência social e operadores do direito, além de acompanhar os casos e incrementar a rede de assistência.
ANETE REGINA DA CUNHA
A psicóloga Anete Regina da Cunha, especialista em psicologia clínica e coordenadora do Centro de Referência Especializada de Assistência Social, foi a segunda expositora da Jornada. Apresentou o trabalho desenvolvido na Secretaria de Assistência Social através dos centros de atendimento, antes conhecidos pela população como "sentinela". Definiu a violência infanto-juvenil como uma violação aos direitos humanos. "É um fenômeno complexo, histórico, cultural, cuja solução depende de uma série de fatores. Não é simples. Desde o descobrimento do Brasil se registram casos de crianças abandonadas, perambulando nas ruas".
Na sua avaliação, o que a criança ou o adolescente vítima de maus tratos ou de abuso sexual mais quer, é que cesse a situação, pois está comprovado que ela não quer perder os seus vínculos familiares, seja na escola, com os amigos ou na família. Explicou que cada criança vítima de abuso sexual responde de forma diferente, de acordo com as diversas circunstâncias do caso. Exemplificou com os sintomas mais comuns, que são dificuldades com o sono, problemas alimentares, uso de drogas, conduta suicida, medo, agressividade, depressão, rejeição ao próprio corpo, conhecimento sexual precoce e impróprio para a idade, problemas de identidade sexual. Afirmou, ainda, que a proposta do serviços prestados é acolher crianças e familiares, rompendo com o silêncio e auxiliando na recuperação da vítima e dos cuidadores.