JORNADA SOBRE VIOLÊNCIA CONTRA CRIANÇA APONTA REFORÇO À FAMÍLIA COMO SOLUÇÃO

por admin última modificação 16/10/2020 19h58
Debate promovido na Câmara encerra nesta quarta
A I Jornada de Estudos sobre como reconhecer, lidar e auxiliar crianças e adolescentes vitimadas por maus-tratos, exploração e abusos sexuais teve continuidade na noite desta terça-feira, 24, no plenário da Câmara. A iniciativa deste trabalho pertence a uma das comissões especiais que atuam no Legislativo, denominada de Frente Parlamentar em Defesa da Criança e do Adolescente de Novo Hamburgo.

A Frente é presidida pela vereadora Carmen Ries, que dirigiu os trabalhos na Mesa. Integram a Frente os vereadores Volnei Campagnoni, Sergio Hanich, Alex Rönnau, Gerson Peteffi e Matias Martins. O objetivo é promover uma reflexão na sociedade e conscientizar sobre a gravidade do problema, instrumentalizando aqueles que atuam junto ao público infantil, para que educadores, assistentes sociais e profissionais da saúde possam agir em favor de crianças e adolescentes.

A criança não fala
Denise Martins, Conselheira Tutelar e Presidente do Conselho Tutelar Região 1 - NH, relatou a gravidade do quadro no Município, onde se registram casos de agressões nas escolas, entre alunos, entre professores e alunos, alunos e professores e entre mães e alunos. Apontou como violência à criança, por exemplo, a falta de acesso a medicamentos. Alertou que a violência física gera a psicológica. Informou que, nesses casos, a criança não fala, fica reprimida, não aprende e se ninguém a sua volta prestar atenção ao seu comportamento, ao seu sofrimento, o problema permanecerá sem solução. Os educadores, segundo Denise Martins, são os que mais estão aptos a perceber essas mudanças de atitude.
"Se a violência não for tratada, ficam as marcas para a vida toda, revelando-se em sentimentos de culpa, de desamparo, visão pessimista da vida, entre outros sintomas", como explicou. Alertou que amor e carinho não é dar roupa e alimento. A criança precisa de atenção e cuidado.
A Conselheira informou que a exploração sexual aumenta em Novo Hamburgo. São meninas de 12 anos que se prostituem na Rua Guia Lopes. "São dependentes do craque e se estão nas ruas é porque alguém para pelos chamados programas. O segredo para um futuro melhor, concluiu, são as políticas públicas de apoio às famílias. Tem que se trabalhar na base. Não é possível que uma menina de 13 anos dê a luz e a mãe ache normal".

O importante é denunciar
Maria Ignez Franco Santos, Procuradora da Justiça, Mestre em Direito pela Universidade de Coimbra (Portugal) e Coordenadora do Centro de Apoio Operacional da Infância e Juventude do Ministério Público - RS, cumprimentou a iniciativa da Câmara, classificando como "extraordinária" a oportunidade de despertar esse debate junto à comunidade. Apontou a desestruturação familiar como a principal causadora dos males sociais. Disse que os especialistas afirmam, e os números confirmam, que o abuso sexual cresceu em todo o país. Revelou que no Ministério Público, de janeiro até a presente data, foram registrados 1.460 casos de denúncias no Estado. 70,21% desses casos acontecem na família.
Informou que na página da Internet do Ministério Público existe um espaço para denúncias sobre pornografia infanto-juvenil e pedofilia. Em 2001, foram registrados mais de 30 mil acesos e denúncias. Em 2009, esse índice chega a 8.149 casos até agora.
Explicou que as autoridades só podem agir quando existe a denúncia.
A criança, segundo ela, avisa, demonstra quando está sendo abusada pela tristeza, pela raiva, pelo medo das pessoas, pelo baixo rendimento escolar e baixa auto-estima. Nos adultos, continuou, os efeitos da violência sofrida na infância se reflete na dificuldade de relacionamento, nas dificuldades sexuais, na prostituição e no uso de drogas.Os cidadãos, concluiu, precisam conscientizar-se e utilizar os serviços do disque 100, para auxiliar as vítimas e interromper a ação dos agressores.

Nesta quarta-feira, 25, farão parte do debate Anete Regina da Cunha, Psicóloga e Coordenadora do Centro de Referência Especializada de Assistência Social, e a Secretária de Saúde de Novo Hamburgo, Clarita de Souza.