Repúdio à concorrência desleal do calçado chinês

por admin última modificação 16/10/2020 19h58
Leonardo Hoff frisa que prática tem aumentado o desemprego
Os vereadores de Novo Hamburgo, tradicionalmente conhecida como capital nacional do calçado, uniram-se à proposta do vice-presidente da Câmara, Leonardo Hoff, PP, e aprovaram a moção que manifesta apoio ao setor calçadista, contra a concorrência desigual chinesa, que vem agravando a crise e favorecendo demissões no segmento. A decisão ocorreu na sessão de quinta-feira, 30 de julho.

O progressista, que preside a Frente Parlamentar em Defesa do Setor Calçadista do Legislativo, ressaltou diversas vezes na tribuna que a invasão de produtos da China já provocou a perda de 42 mil postos de trabalho na região desde o final do ano passado e se constitui em uma séria ameaça à produção nacional de calçados. "O governo federal precisa valorizar a geração de empregos no país", aponta.

Para ele, a concorrência além de desleal, é uma séria ameaça à produção nacional de calçados, responsável, hoje, por cerca de 300 mil postos de trabalhos formais, nas mais de 7,5 mil fábricas. O vereador destacou também que o Brasil é o terceiro maior produtor de calçados do mundo e o quinto maior exportador, além de representar o quinto maior mercado consumidor mundial.

Seis Ministérios debateram o assunto

O autor da proposta frisa as inúmeras reuniões que foram realizadas em Brasília por líderes políticos e pela Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados). "A última, inclusive, percorreu seis ministérios, na terça-feira, 21, para reforçar o pedido de medida antidumping contra os calçados produzidos na China e exportados para o Brasil." As audiências foram realizadas nos ministérios do Planejamento, Agricultura, Fazenda, Desenvolvimento Agrário, Relações Exteriores e Casa Civil.

Hoff destaca que tramita no Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) uma investigação, aberta em dezembro de 2008, que analisa a existência de prática de dumping* na importação de calçados da China. Segundo ele, o documento tem mais de 15 mil páginas, no entanto, quase um ano depois nada foi decidido definitivamente.

Manifestação dos vereadores

Na defesa da moção durante a sessão, Hoff destacou, ainda, que acreditava na parceria da classe política para tentar evitar que o pior acontecesse: a demissão em massa. Frisou que dos 35 mil empregos com carteira assinada no segmento restaram somente oito mil. "Temos de lutar agora para preservar esses poucos empregos.Há muitas famílias que ainda vivem dessa atividade que um dia já foi pujante em nosso Município", disse.

Ao terminar o discurso, pediu ao governo federal a sensibilidade e a agilidade necessária para que se possa tomar uma medida concreta em relação à regulamentação da taxa de importação dos sapatos vindos da China.

O presidente Antonio Lucas, PDT, destacou que percebe o interesse dos políticos da região em resolver a situação. Ressaltou, porém, que na Francal, Feira realizada em São Paulo de 14 a 17 de julho, não havia ninguém do primeiro e segundo escalão do governo federal. "Vivemos uma crise muito grande, precisamos de apoio".

Gilberto Koch, PT, destacou que deveriam propor moção de repúdio aos comerciantes importadores de sapato que se beneficiam do dumping. "Claro que vão dizer que essa livre concorrência é lei de mercado, mas ela é causadora de toda a crise", disse, lembrando as centenas de desempregos anunciados pela Azaleia.

A moção de repúdio será enviada ao MDIC para que a pasta acelere o trâmite investigatório sobre a prática de dumping na importação do calçado chinês. Os deputados federais da bancada gaúcha em Brasília também receberão cópia do texto.

*Dumping é uma prática comercial que consiste em uma ou mais empresas de um país venderem seus produtos por preços muito abaixo do praticado no país importador.