NEGROS AJUDARAM NA CONSTRUÇÃO DE NOVO HAMBURGO

por admin última modificação 16/10/2020 19h58
Abolição da escravatura completa 121 anos no dia 13 de maio
O Coordenador de Políticas Públicas de Igualdade Racial de Novo Hamburgo, Eduardo Gomes da Silva, conhecido como Tamboreiro, ocupou a tribuna para falar sobre o dia 13 de maio de 1888, data da Abolição da Escravatura, na sessão de quinta-feira 12 de maio. A convite do vereador Gilberto Koch, do PT, o coordenador divulgou, também, o 1º Seminário Preparatório para a 2ª Conferência Estadual de Igualdade Racial, realizado na Escola de Samba Cruzeiro do Sul, no último final de semana.

Eduardo Silva fez um resgate da história escravocrata brasileira, lembrando impressionantes fatos que marcaram o período da escravidão, como o Brasil ter sido o último país a acabar com o regime. Falou também sobre as políticas afirmativas, como as cotas raciais. Destacou que 70% da população se diz não racista, no entanto, mais de 70% são contra as cotas. "Quando tem de incluir o negro, dar espaço a ele, não pode. São em questões como essa que vemos o verdadeiro racismo", disse.

Mesmo reconhecendo a importante luta de brancos e negros, que se revoltaram e lutaram pela abolição da escravatura, Tamboreiro ressalta que a data não é comemorada "com foguetes".

Eduardo resgatou a realização do Seminário Preparatório, ressaltando que avançaram em propostas. "Foi um momento de discussão de métodos. A questão racial não compete somente aos integrantes do movimento negro, mas a todos que querem um sociedade mais justa. Quando a igualdade racial acontecer, atingiremos uma melhor qualidade de vida em todas as áreas: sáude, segurança, por exemplo", disse, acrescentando que, atualmente, 47% da população é parda. "Só em Novo Hamburgo temos cerca de 50 mil negros, que chegaram há muito tempo e ajudaram a construir a história dessa cidade".

Os vereadores Gilberto Koch e Matias Martins, ambos do PT, Ricardo Ritter, do PDT, Jesus Maciel Martins, do PTB, e Sergio Hanich, do PMDB, parabenizaram o Coordenador de Políticas Públicas de Igualdade Racial pelas ações realizadas nesses meses de governo.

Betinho relatou que participou do Seminário preparatório. Parabenizou pelo trabalho realizado e pela importância de discutir a presença negra na sociedade. "Não podemos lembrar somente o seu destaque no carnaval e no futebol, mas na política também", disse. Pediu mais ações na Semana de Consciência Negra, a fim de buscar o aceleramento das políticas de inclusão social.

Matias Martins ressaltou os desafios enfrentados diariamente pelo Tamboreiro, principalmente por ser uma coordenadoria nova. Colocou-se à disposição do movimento para que possa contribuir no que for possível.
Jesus Martins citou exemplos de personalidades que resgataram a atuação negra na sociedade. "Todos merecem as mesmas condições e tratamento", finalizou.

A abolição

Nesta quarta-feira, 13 de maio, comemora-se a Abolição da Escravatura no Brasil. Em 2009. Em 1988, a Princesa Isabel, filha de dom Pedro II, assinou a Lei Áurea, libertando os escravos. O fim da escravatura foi decidido no Senado, estimulado pela força do movimento abolicionista e pelo chefe do Gabinete Ministerial, Senador João Alfredo Corrêa de Oliveira.

Desde o período colonial, o trabalho escravo, associado à grande propriedade rural, esteve na base da economia brasileira.

A escravidão começou a declinar em 1850, com o fim do tráfico de escravos. Entretanto, a campanha abolicionista só tomou impulso a partir de 1870, quando setores de uma classe média emergente, formada por intelectuais, militares, pequenos empresários, advogados, jornalistas e outros profissionais liberais, começaram a se mobilizar pelo fim da escravidão.

Para esses setores, que se beneficiavam da prosperidade urbana e da educação, a escravidão era tida como uma deformação que provocava atraso econômico e degradação social.