PROTESTO CONTRA FECHAMENTO DO NÚCLEO PEQUENO PRÍNCIPE

por admin última modificação 16/10/2020 19h58
120 crianças podem ficar sem atendimento
Com cartazes em mãos, mães, cujos filhos participam do Núcleo Pequeno Príncipe, no Bairro Rondônia, protestaram contra a transferência de 120 crianças, entre 5 e 16 anos, para os novos Centros de Referência em Assistência Social (CRAS). Para as famílias, a alternativa apresentada pelo governo é inviável, uma vez que o transporte não seria fornecido. A reivindicação aconteceu na sessão de terça-feira, 17 de março, e gerou debate entre os vereadores.


Tânia Bento é mãe de três filhos que participam do Núcleo extraclasse. Para ela, é impossível que crianças de cinco anos se locomovam sozinhas até uma das opções sugeridas pelo governo. "A prefeitura não vai dar condições de transporte. Onde estão os direitos das crianças, que falam tanto?". Maria Cristina Flores, também mãe de três filhos que frequentam o Pequeno Príncipe, mostrou-se indignada com a distribuição dos CRAS pelo município. "O que impede que tenha um na Rondônia", perguntou.

A posição dos vereadores

A vereadora Carmen Ries (PT) esclareceu que o Núcleo abriga projetos de dança, banda e coral. Ela explicou que a situação está neste patamar porque o SESI está solicitando o prédio que abriga o pequeno Príncipe até a próxima segunda-feira, dia 23. Segundo a vereadora, ainda não se chegou a uma solução para o problema. "Temos de sentar e discutir, porque muitos pais disseram que se não for encontrada uma solução, as crianças param de estudar", disse, solicitando que as mães continuem na luta.

Luiz Carlos Schenlrte (PMDB) sugeriu que as famílias beneficiadas pelo Núcleo se reunissem com a Comissão de Educação, Cultura, Desporto, Ciência e Tecnologia da Câmara, para buscar alternativas.

Já o líder da bancada petista, Vitor Gatelli, lembrou que o SESI está solicitando o prédio que abriga o Núcleo desde agosto do ano passado. "Já sabia-se disso, mas nenhuma atitude concreta foi tomada. Acho justo que contestem, se as soluções apresentadas não servem. Que a prefeitura ache outra opção. Não se pode tratar um assunto desses com desprezo. Se não pode oferecer transporte, que busque outra solução, assim como a criada no município de Sapiranga, com as mães-crecheiras". Finalizando sua participação na tribuna, Gatelli disparou: "faltou planejamento e faltou responsabilidade. Cadê o compromisso social quando se desaloja 120 pessoas?".

Vereadores pedem agilidade na solução do caso

Ricardo Ritter (PDT) afirmou que, embora faça parte da base governista, não irá aceitar todas as ações do governo. Ele relatou que chegaram em seu gabinete 12 mães apavoradas com a possibilidade de mais de cem crianças perderem o atendimento. Ritter ressaltou que a situação é agravada porque, em alguns casos, as únicas refeições a que as crianças tinham acesso eram as servidas na Pequeno Príncipe. "Se o SESI está vindo com essa ação de despejo, nós temos agora de ser ágeis. Nessa hora, percebo o quanto a Câmara Municipal é importante para a nossa comunidade. Vocês estão de parabéns por fazerem essas reivindicações de forma ordeira e organizada", declarou Ica.

Sergio Hanich acredita que não é possível que o SESI chegue, de uma hora para outra, e exija o despejo. Segundo ele, será necessário pedir mais 30 dias para que seja realizada a remoção dessas crianças para um local seguro. Hanich destacou que independente da posição política, é momento de os vereadores unirem-se.

Volnei Campagnoni (PCdoB) lembrou que tem sido reconhecido pela postura crítica que vem assumindo e por cobrar responsabilidade dos governos, mesmo daqueles que fez parte. Ele destacou que é de conhecimento de todos que o SESI está pedindo o prédio há bastante tempo. Para ele, o caso da creche é uma situação nova. "Houve uma preocupação de se alugar uma casa para o Núcleo extraclasse? O Conselho Tutelar foi comunicado disso?", indagou o vereador, pedindo que a Secretária de Desenvolvimento Social, Jurema Reis de Oliveira Guterres, dê mais informações sobre a unificação do CRAS.

Jesus Maciel Martins (PTB) ressaltou a importância de os vereadores se rebelarem contra o fechamento de escolas, a exemplo do que fez em 2007, no caso das quatro escolas de Lomba Grande. "Vamos lutar pelos nossos direitos", finalizou o parlamentar.