Aprovada moção de repúdio ao ministro Tarso Genro

por admin última modificação 16/10/2020 19h57
Iniciativa é do vereador Leonardo Hoff
Com o argumento que o País não pode servir de refúgio político a ladrões, assassinos e terroristas, o vereador Leonardo Hoff repudiou o ato do Ministro da Justiça, Tarso Genro, que concedeu o status de "foragido político" a Cesare Battisti. A ação foi formalizada através de moção de sua autoria na sessão desta terça-feira, 10, e provocou debate entre os parlamentares, que acabaram aprovando-a por oito votos a cinco.

Os vereadores Alex Rönnau, Carmen Ries, Gilberto Koch, Ricardo Ritter e Volnei Campagnoni votaram contra a moção. Já Vitor Gatelli e Jesus Martins, que usaram a tribuna para argumentar o porquê eram contra, no momento do voto, equivocaram-se e acabaram votando favorável. Solicitaram a mudança de voto à Mesa, mas não havia tempo hábil para a troca.

Leonardo Hoff citou matéria da Revista Isto É, de 11 de fevereiro deste ano, que traz um novo pedido de refúgio. O também italiano Pierluigi Bragaglia, acusado de assassinato e outros crimes políticos, luta contra a extradição. Hoff apóia a manchete da Revista e pergunta: Só que ele era neofascista. E agora Tarso?


O caso Battisti

Assinaram como apoiadores da moção os vereadores Antonio Lucas, Raul Cassel, Luz Carlos Schenlrte, Ito Luciano, Gerson Peteffi e Sergio Hanich. Os parlamentares acreditam que a atitude de Tarso Genro poderá trazer prejuízos institucionais irremediáveis. Para Hoff, o governo italiano protesta, com razão, contra a decisão do governo brasileiro. O embaixador da Itália no Brasil foi chamado de volta ao seu país, gesto esse que representa, para o vereador, o protesto da inconformidade mediante o fato. "O Presidente da República, o comunista Georgio Napolitano, formalmente se disse "ofendido e magoado" com a atitude do ministro brasileiro", destacou.

A postura do ministro brasileiro não teve fundamentos sólidos, alertou Hoff. O argumento de que o foragido "corria risco de morrer" se voltasse para a Itália, não é válido. "A Itália é um país democrático, e com instituições sólidas e confiáveis, como a sua justiça, responsável, junto com a polícia, por colocar muitos mafiosos atrás das grades", apontou o vereador.

Para ele, Battisti não é um extremista revolucionário perseguido pelas suas idéias políticas e, sim, um criminoso comum que cometia roubos para obter lucro pessoal. "Além disso, foi preso em junho de 1979, junto com vários cúmplices, numa célula terrorista de Milão, onde foram apreendidas metralhadoras, pistolas, fuzis e documentos falsos. Como se não bastasse foi condenado à prisão perpétua por crimes graves, entre eles quatro homicídios", disparou Leonardo Hoff, complementando que mesmo foragido da penitenciária em 1981, Battisti foi defendido por advogados da sua confiança.

Em oposição à atitude do governo brasileiro, a Justiça da França entendeu que o caso era de extradição, decisão que acarretou a fuga de Battisti. A própria Corte de Direitos Humanos da Comunidade Européia também indeferiu o pedido de Battisti para anular a decisão deferida pela Justiça francesa.

Leonardo lembrou o caso dos dois boxeadores cubanos que pediram asilo ao Brasil, em menos de dois dias após abandonarem a delegação de Cuba nos jogos Pan-americanos. "Foram presos pela Polícia Federal, comandada pelo Ministério da Justiça, e deportados em avião venezuelano para Cuba. Dois pesos, duas medidas completamente distintas", declarou o vereador.

Para encerrar, Leonardo Hoff falou que a Itália já prepara um substituto para a queda de braço com o Brasil: quer entrar com representação contra o Estado brasileiro na Corte Internacional de Haia, das Nações Unidas, com o apoio do Presidente comunista Georgio Napolitano. Na pauta, a ofensa aos direitos fundamentais das vítimas e de uma Itália fundadora da União Européia, que é uma comunidade alicerçada no respeito à pessoa humana.

"Admiro o político Tarso Genro, mas neste caso ele está equivocado", concluiu o vereador Leonardo.


O que pensam os vereadores

Vitor Gatelli

Essa questão, na nossa opinião, é política, para tentar desestabilizar o governo Lula, que conta com 80% da aprovação popular. Dois dos crimes que o Battisti é acusado de cometer foram em lugares muito distantes e em horários muito próximos. Mas não estamos discutindo se ele é inocente ou culpado, mas a atitude do Tarso. O Ministro pautou-se no tratado que regula as relações entre os países. "Foi amparado nele que ele tomou a sua decisão". Por isso, a moção não deve prosperar. É mais uma ação para tentar desgastar o nosso governo.

Ito Luciano

O Gatelli fazer uma justificativa para defender o Tarso e dizer que é um ato político, eu não concordo. O Ministro tomou uma decisão equivocada. Devia ter pensado melhor, para fazer jus à posição e ao cargo que ocupa. "Eu só quero saber qual foi o interesse do Tarso em dar abrigo a esse tipo de gente".

Não estamos aqui para ser unânimes. Essa moção não é nada mais que levar uma carta para o Tarso e perguntar, tu é um cara bom, o que tu foi fazer?
Ele tem de resolver o pepino que armou pra ele, e não cabe a nós defendê-lo. Lugar de ladrão é na cadeia e, no mínimo, Battisti tem de ser punido pelos crimes que cometeu. Essa moção não deveria nem ser discutida, simplesmente votada.

Raul Cassel

Por que estamos aqui nos ocupando desse assunto? No que vai interferir na vida dos cidadãos de NH votarmos contra ou a favor? O Ministério deveria estar ocupado com assuntos mais importantes para os brasileiros, como a situação das drogas no país. Deviam se ocupar destas causas que dizem respeito à vida e ao dia-a-dia do povo brasileiro.

Battisti, acredito, deve ser julgado por seus semelhantes. Nós temos inúmeros casos no Brasil para nos ocuparmos de relevante importância. "Devolve o cara e que eles ajam como acham que devem agir. Nós já temos problemas demais na área de segurança pública".

Jesus Martins

Não vejo a necessidade de apoiar a moção. Ela se trata de uma questão política mesmo.