27/01/2011 - Artigo: Novo Hamburgo ainda é a capital do calçado

por danielesouza — última modificação 16/10/2020 19h57
Presidente Leonardo Hoff*

A distinção concedida a Novo Hamburgo na 38º Couromoda, reconhecendo a cidade como Capital do Calçado, não foi à toa. Passado o boom das empresas do setor, o Rio Grande do Sul ainda se destaca como o maior polo calçadista brasileiro. E nosso Município tem um papel fundamental nessa conquista. 

A primeira fábrica de calçado foi criada em 1898 por Pedro Adams Filho, muito antes da emancipação em 1927. Junto a outros empreendedores, muitos deles imigrantes alemães, foi pioneiro na fabricação de artefatos em couro. A história mostra o que anos depois pode-se comprovar: a primeira atividade industrial a se desenvolver em Novo Hamburgo foi o carro-chefe das inúmeras transformações e da pujança alcançada nas décadas seguintes.

Após uma grave crise, o segmento voltou a crescer, recuperando 375 mil empregos em 2010 graças às medidas antidumping – ações que visam combater à importação predatória de calçados chineses – e ao aquecimento do mercado interno. Durante a abertura da Couromoda, porém, o presidente da Abicalçados, Milton Cardoso, revelou preocupação com a alta de 23% nas importações, por meio da prática de triangulação, que consiste na exportação de calçados chineses com selo falso de produção em outros países asiáticos, como Vietnã, Malásia e Indonésia. Outra forma de burlar as sanções é o ingresso de cabedais e solados separados, apenas montados quando chegam ao país. Para que o setor produtivo retome seu desenvolvimento, o empresariado cobrou as reformas tributária e trabalhista, soluções à questão cambial e ações para barrar a vinda de produtos de outros países.

O Rio Grande do Sul é o grande responsável pela balança comercial favorável nos últimos anos. Dados da Abicalçados mostram que dos US$ 1,4 bilhão exportados no ano passado, US$ 712 milhões foram provenientes do Estado, que comercializou quase 34 milhões a menos de pares que o Ceará – segundo colocado. A região, que engloba nosso Município, além de representar boa parte da produção nacional, oferece produtos de melhor qualidade que, consequentemente, possuem um maior valor agregado. 

Como vereadores, representantes de uma comunidade alicerçada pela cadeia produtiva do calçado, temos que acompanhar de perto esses debates e atuar junto a empresários e autoridades competentes pelo crescimento do setor.

* Publicado na seção Opinião do Jornal NH em 26 de janeiro de 2011.