NH recebe exposição sobre 200 anos da imprensa

por admin última modificação 16/10/2020 19h57
Mostra apresenta reprodução do primeiro jornal brasileiro
A imprensa brasileira comemora, neste ano, os 200 anos do surgimento de seu primeiro jornal, o Correio Braziliense, fundado por Hipólito José da Costa Pereira Furtado de Mendonça. Para marcar a data, a Câmara de Novo Hamburgo receberá de 8 a 12 de setembro, a Exposição Itinerante 200 Anos da Imprensa no Brasil - Hipólito da Costa.

Serão disponibilizados 15 volumes do jornal Correio Braziliense, que compõe o arquivo Hipólito da Costa, publicados em Londres, no período de 1808 a 1820. A exposição também apresentará banners informativos sobre a evolução da imprensa e sobre Hipólito, patrono da imprensa no Brasil.

A organização é da Famurs - Federação das Associações dos Municípios do Rio Grande do Sul, em parceria com a ARI - Associação Riograndense de Imprensa. O lançamento do projeto ocorreu no dia 16 de maio, na Famurs, durante um café da manhã com a imprensa e a presença dos municípios inscritos para receberem a exposição.

A mostra ficará cinco dias em cada município. O roteiro de cidades passa por Canela, Caxias do Sul, Nova Pádua, Erechim, Passo Fundo, Santa Bárbara do Sul, Victor Graeff, Ijuí, Santa Rosa, Nova Esperança do Sul, Lajeado, Teutônia, Santa Cruz do Sul, Rio Pardo, Encruzilhada do Sul, Novo Hamburgo, Sapucaia do Sul, Esteio, Santo Antônio da Patrulha, São Jerônimo, Camaquã, Hulha Negra, Bagé, Aceguá e Pelotas.

Cada município irá elaborar um projeto explorando as diferentes atividades que possam ser desenvolvidas a partir da exposição. Em Novo Hamburgo, além da mostra dos volumes do Correio Braziliense, haverá palestras sobre a imprensa brasileira e de Novo Hamburgo, em parceria com a Feevale.


O Correio Braziliense

Editado e impresso na Inglaterra, mas dirigido aos brasileiros, o Correio Braziliense foi o primeiro jornal do Brasil. Sua fundação, por Hipólito José da Costa, ocorreu em 1º de junho de 1808, três meses antes da implantação da Gazeta do Rio, periódico oficial da Família Real Portuguesa.

Ao transferir-se para o Brasil, a Família Real fundou em 10 de setembro a Imprensa Régia, de caráter oficial. A Gazeta publicava decretos, anúncios e notícias relativas à Família Real. O Correio Braziliense, por sua vez, tentava fugir da censura imposta pela Imprensa Régia e noticiar livremente as ações dos que exerciam o poder no Brasil.

Durante muitos anos o Brasil festejou o Dia da Imprensa em 10 de setembro, data da implantação da Imprensa Régia. Por sugestão da ARI, em 1998 o deputado federal Nelson Marchezan (PSDB-RS) apresentou projeto para mudar a data para 1º de junho. Lei federal de 2000 determinou a mudança na comemoração.

A publicação ainda hoje serve como referência à liberdade de imprensa em nosso país. No Correio Braziliense pode-se encontrar não só detalhes da nossa história, mas também as grandes transformações que o mundo estava vivendo, como a independência das colônias espanholas e a derrocada de Napoleão. As matérias se dividiam em Política, Comércio e Artes, Literatura e Ciências, Miscelânia e Reflexões. Nas Reflexões eram debatidos assuntos relativos ao Brasil.

Foram editados, durante 13 anos e meio, 29 volumes, num total aproximado de 20 mil páginas. A Biblioteca Nacional disponibiliza as edições do Correio e da Gazeta para consulta on-line em www.bn.br .


Hipólito José da Costa

Nascido na Colônia de Sacramento, em 25 março de 1774, então pertencente à Coroa Portuguesa e atualmente território uruguaio, Hipólito decidiu lutar pelo Brasil quando vivia exilado na Inglaterra.

Seu pai era Félix da Costa Pereira Furtado, alferes de ordenanças da Capitania do Rio de Janeiro e sua mãe Ana Josefa Pereira, natural de Sacramento. Hipólito foi o primogênito de uma família de três filhos. De seu nascimento até os 4 anos de idade, viveu em Colônia do Sacramento. Depois, mudou-se para a casa de seu tio e professor, padre Mesquita, na Vila de Rio Grande, onde ficou até os 8 anos. Dos 8 aos 18 anos, morou, ainda com o tio, na estância de Santana, no atual município de Capão do Leão, no Rio Grande do Sul.

Em 1798, recém-formado em Filosofia e Direito pela Universidade de Coimbra, foi admitido no serviço público português e mandado para o Ministério da Marinha e Serviço Ultramarinos. Nesse mesmo ano, viajou aos Estados Unidos e ao México, onde deveria estudar questões econômicas ligadas ao desenvolvimento de Portugal e à agricultura. Hipólito passou um ano e 2 meses nos Estados Unidos, onde veio a ingressar na maçonaria.

Ao retornar a Portugal, no final de 1800, foi nomeado diretor da Imprensa Régia pelo governo português. Em 1802, viajou à Inglaterra e à França, em atividade maçônica, acobertada pela missão oficial de adquirir livros e máquinas para a Imprensa Régia.

Quando voltou à Portugal, após três meses, foi preso em sua casa sob acusação de ter saído sem passaporte. A realidade é que havia sido aprisionado por ser maçon, falta considerada gravíssima naquela época em Portugal. Ficou seis meses no cárcere do Limoeiro e dois anos e meio nas prisões da Inquisição. Auxiliado por amigos maçons, conseguiu fugir para a Inglaterra em 1805. Na Grã-Bretanha, obteve a proteção do príncipe Augusto Frederico, duque de Sussex e irmão do então rei da Inglaterra.

Em junho de 1808, lançou a primeira edição do Correio Braziliense, jornal voltado para os negócios do Brasil e para os brasileiros. Teve de ser editado na Inglaterra, em razão da ausência de liberdade de imprensa no Brasil e em Portugal, países em que a publicação foi diversas vezes proibida. Porém, a abertura dos portos em 1808 facilitava o ingresso dos exemplares e a proibição tornava-se inútil.

O periódico deixou de ser editado três meses após a proclamação da Independência. "O Correio Braziliense sempre teve como objetivo principal o trato de problemas do Brasil. A proclamação da Independência tornou dispensável meu trabalho de enviar para minha pátria as novidades do mundo. Agora existe liberdade de imprensa no Brasil", escreveu Hipólito.

Hipólito casou-se em 1817, em Londres, com Mary Ann Troughton. Seu casamento durou seis anos, até sua morte. Morreu em 1823 - provavelmente em decorrência de uma grave inflamação intestinal -, sem chegar a saber que fora nomeado cônsul do Império do Brasil em Londres.

Considerado o patrono da imprensa, seus restos mortais foram trasladados da Inglaterra para Brasília em 2001. Atualmente, estão nos Jardins do Museu da Imprensa Nacional.