Feira de Ibitinga provoca revolta de comerciantes

por admin última modificação 16/10/2020 19h57
Câmara pediu à Prefeitura que a atividade seja cancelada

A tribuna da Câmara de Novo Hamburgo foi ocupada nesta quinta-feira, dia 8, por protestos contra a Feira de Ibitinga, que se instalará nos Pavilhões da Fenac às vésperas do Dia das Mães. Os vereadores, diante da argumentação dos convidados, encaminharam ao prefeito Jair Foscarini pedido de esclarecimento sobre a feira e o cancelamento da atividade. O secretário de Desenvolvimento Econômico e Turismo, Diego Martinez; o presidente da Câmara de Dirigentes Logistas (CDL), Remi Carasai; o presidente do Sindilojas, Gerson Jacques Müller; e as comerciantes Rose Pavão e Eliane Vieira, falaram aos vereadores.<br /><br />Gerson Müller argumentou que a feira veio para a cidade em uma das melhores semanas de vendas para o comércio local. Segundo ele, com a perspectiva de instalação do evento no município, já não se pode mais afirmar que as vendas aumentarão este ano em 6% ou 7%, como era a previsão. "Quantos empregos essa feira irá gerar? Quanto de imposto essa feira irá gerar para o município? Será que todas as mercadorias são legalizadas?", questionou o presidente do Sindilojas. Ele acredita que nada mais pode ser feito para impedir a ocorrência da feira, já que há uma licença para que ela se instale na Fenac. "Que isso sirva de exemplo para que isso não mais aconteça", afirmou. <br /><br />O presidente da CDL, Remi Casarai, disse ser favorável a realização de feiras que tragam visitantes ao município, mas ressalvou que isso não deveria ocorrer durante o segundo período de maior volume de vendas do comércio de Novo Hamburgo. Para ele, a Prefeitura deveria se preocupar com as datas comemorativas e não liberar alvará sem consultar as entidades do comércio. "Eles vem vender em uma data importante e levarão o dinheiro para outro Estado", destacou. "É lamentável o que está acontecendo, com certeza vai prejudicar o comércio varejista da cidade."<br /><br />A comerciante Rose Pavão explicou que os lojistas precisam manter seus estabelecimentos o ano inteiro, mesmo em meses de pouco movimento, pagando impostos e funcionários, e essa data é importante para eles. Conforme ela, ninguém assumiu a responsabilidade pela feira. A comerciante elogiou o apoio recebido do vereador Cleonir Bassani. <br /><br />Eliane Vieira, também comerciante, lembrou que muitos empregos são gerados pelos comerciantes do município e que o mesmo não ocorre nas feiras que se instalam em Novo Hamburgo. Ela admitiu que a Feira de Ibitinga pode ter preços menores por não ter encargos com funcionários. Ressaltou que os lojistas hamburguenses precisam de margem de lucro um pouco maior para poderem manter o estabelecimento e pagar seus funcionários. "São 1500 lojas associadas ao CDL, olha quanto emprego nós geramos." Eliane pediu ajuda aos vereadores: "Ou vocês nos apoiam ou a gente vai falir". <br /><br />O vereador Jesus Martins Maciel afirmou que a Câmara irá lutar para que outras feiras não aconteçam e tentará impedir a realização desta. Lembrou ainda que a maioria dos vereadores nem sabiam do problema.<br /><br />O secretário Diego Martinez garantiu que nenhum alvará foi assinado pela Prefeitura. "Eu seria infeliz se assinasse uma autorização para uma feira acabar com o comércio local", afirmou, acrescentando que se o Executivo tiver condições de reverter a situação ele irá revertê-la. <br /><br />De acordo com ele, se a Fenac fez um contrato, ela terá que responder por ele. "A Fenac, que é nosso orgulho, não pode nos atrapalhar". Ele pediu ainda que esse assunto não seja tratado politicamente. "Que a feira não esteja em Novo Hamburgo não por uma questão política, mas por respeito aos comerciantes", disse, garantindo que se alguém da Prefeitura foi responsável pela liberação, essa pessoa será punida. <br />Martinez propôs que haja uma avaliação sobre a realização das feiras, mesmo fora de datas comemorativas. Na avaliação dele, não deveriam ser permitidas em nenhum momento essas feiras.<br /><br />O vereador Renan Schaurich pediu esclarecimentos e cobrou uma posição firme do secretário em relação ao assunto, inclusive, se necessário colocando seu cargo à disposição. De acordo com ele, se houve multa a ser paga a Feira de Ibitinga pelo cancelamento do contrato, esse valor deve ser pago. Ele lembrou ainda que a Fenac tem participação majoritária do Executivo. <br /><br />Se não houver rompimento do contrato com a feira, a Câmara pedirá nesta sexta-feira a presença de fiscalização estadual para verificar a procedência dos produtos. <br /><br />"Essa feira só sai se o prefeito quiser, pois não tem alvará", disse o vereador Teo Reichert. Ele sugeriu que se instale uma comissão na Câmara, em conjunto com o CDL, para analisar a situação. <br /><br />Para o vereador Gilberto Koch, não se pode falar em ingenuidade no caso. "Alguém alugou a Fenac para que seja feita essa feira, há responsáveis, tem que ver quem fez isso", afirmou. Ralfe Cardoso defendeu que existe um descontrole do governo municipal. Segundo ele, a Fenac, tendo uma direção outorgada pelo Executivo, deveria ouvir o governo e prestar esclarecimento a ele. "Houve falta de organização no governo municipal." <br />